Opinião: O valor do €ngagement
Agora que começa um novo ano, dá-se início a uma nova maratona de 12 meses por parte das organizações com vista ao cumprimento do objectivo anual. Por isso mesmo, o meu desafio hoje passa por retirar os olhos da meta por uns momentos e colocar o foco no percurso para lá chegar. É aqui que entra o valor do €ngagement.
Por Ana Porfírio, directora de Recursos Humanos da Jaba Recordati
Demonstrar que existe uma correlação entre o resultado financeiro das empresas e o grau de engagement dos seus colaboradores é importante, mas a pergunta que mais importa responder é: O que impulsiona o quê? Será que é o facto de a empresa estar a gerar o resultado esperado que impulsiona o engagement ou será o contrário? De repente, parece que estamos perante o dilema do que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha? Senão vejamos: Ovo – alcançar bons resultados financeiros resulta num maior grau de engagement dos colaboradores da organização. Ou, Galinha – os colaboradores com elevado grau de engagement são o motor para melhores resultados da organização?
Se sabemos hoje que o grau comprometimento, envolvimento e o foco dos colaboradores em tornar as metas organizacionais definidas em resultados (engagement) determina o grau de resultados dessa mesma organização, no nosso dilema ganhou a Galinha. Se assim é, porque continuamos a insistir “apenas” na melhoria dos produtos ou serviços, na definição da melhor estratégia, no investimento em tecnologia e/ ou na optimização da estrutura de custos e não investimos numa cultura de comprometimento, de propósito e de reconhecimento das nossas pessoas? Afinal, não são elas a vantagem competitiva que redefine os produtos ou serviços, as estratégias, a tecnologia e a estrutura de custos?
Vários estudos apontam que:
#1 Organizações com maiores índices de engagement apresentam maior produtividade
#2 Organizações com maiores índices de engagement apresentam melhor satisfação do cliente
#3 Organizações com maiores índices de engagement apresentam menor rotatividade
#4 Organizações com maiores índices de engagement apresentam resultados financeiros até 4,5 x superiores
Não será esta uma mensagem suficientemente forte para que as organizações invistam no engagement dos seus colaboradores? No percurso para chegar à meta?
Então, por que se ouve falar cada vez menos no engagement? Acham mesmo que é apenas uma old fashion word quando hoje trabalhamos em estruturas cada vez mais descentralizadas, digitais e desmaterializadas? Não será neste ambiente que importa garantir que os colaboradores estão, mais do que nunca, culturalmente mobilizados e envolvidos no mesmo propósito e com o mesmo foco? E investir na construção de uma cultura de fully engagement, com chefias capacitadas para liderar as suas equipas, fazendo o “talk the talk & walk the walk”, apostando numa comunicação interna forte e bi-direccional e em práticas de job enrichment, criando assim um percurso com as condições necessárias para que cada um dê o seu máximo durante o percurso e até à meta.
Desenganem-se aqueles que olham para o engagement como uma responsabilidade exclusiva dos Recursos Humanos. Esta é uma responsabilidade, e carece do envolvimento, de toda a direcção da organização e middle management, não podendo ser imposta pelos Recursos Humanos.
Tantas vezes se diz e se ouve que o importante não é como se começa mas sim como se acaba, o que não deixa de ser verdade. No entanto, atrevo-me a acrescentar que, quando começamos bem, estamos a estabelecer as condições para terminar ainda melhor!
Este artigo foi publicado na edição de Janeiro da Human Resources.
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