Os 10 mandamentos do intraempreendedor

Apertem os vossos cintos, pois a nossa viagem vai continuar. A aventura pelo mundo do empreendedorismo nas organizações não pode desacelerar. Antes pelo contrário. Precisamos de agilidade e de velocidade.

 

Por Rita Oliveira Pelica, chief Energy officer ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

Os intraempreendedores têm a reputação de “abanar” o status quo corporativo e são vistos como rebeldes. Por vezes sentidos como uma ameaça, sempre a questionar as coisas e o modus operandi, embora na verdade, ao agitarem as águas, estejam só a ser agentes de mudança.

Em jeito de paradoxo e com algum sentido de ironia, encontramos os “10 Mandamentos” do intraempreendedor, apresentados por Gifford Pinchot III. É possível regrar estes rebeldes corporativos? Talvez possamos questionar se a palavra mandamento é a mais adequada. Talvez seja até demasiado tradicional. Mais ágil (embora não necessariamente inovador) seria chamarmos-lhe “O Manifesto” do intraempreendedor.

Ponto a ponto, vale a pena esmiuçar este conteúdo:

1. Intraempreendedorismo não é uma actividade solitária.
Quando se trabalha numa organização e existem outras pessoas com as quais se pode contar, com outras valências e recursos, o intraempreendedorismo é verdadeiramente um “jogo de equipa”, por oposição à ideia de solopreneur – um empreendedor que carrega nos seus ombros todo o peso do seu negócio;

 

2. Vá para o trabalho a cada dia pronto para uma mudança.
Quando nos colocamos a jeito para o desconforto, e tratamos a mudança por “tu”, deixamos de pensar nas coisas como um dado adquirido – cada dia é um novo dia para novas conquistas;

 

3. Compartilhe o mais amplamente possível as recompensas e o conhecimento.
A partilha pode mesmo ser a alma do sucesso, uma porta para o reconhecimento e para o fortalecimento da confiança relacional e uma janela de inspiração que possa levar outros a serem bafejados pela brisa do “fazer acontecer”;

 

4. Honre e eduque os seus mentores e apoiantes.
A criação e a manutenção de uma rede de suporte, de aliados, são cruciais para “vender internamente as ideias/ projectos”, sustentadas em evidências e em resultados concretos;

 

5. É melhor prometer pouco e realizar em excesso.
Uma frase algo controversa, que pode gerar baixas expectativas, talvez merecesse um reformulação para “prometer menos e realizar mais”, com ambição q.b., mas já puxando para a superação de expectativas;

 

6. Solicite conselhos antes de pedir recursos.
Trabalhar com “inteligência” para se encontrarem aliados e voluntários para a “missão”, sem estar a “pedir favores”;

 

7. É mais fácil pedir perdão do que pedir permissão.
É preciso perceber o contexto, saber pedir desculpa, aprender com os erros, melhorar e seguir em frente. Ser autónomo, pró-activo e responsável é fundamental para se ditar o ritmo nas organizações. A burocracia desacelera as organizações;

 

8. Seja leal às suas metas e realista quanto à forma de as atingir.
Princípios e valores, motivação intrínseca. Os nossos “não-negociáveis”, aquilo de que não abdicamos para levar os temas a bom porto, mas com os pés assentes na terra;

 

9. Faça o trabalho necessário para atingir o seu sonho, independentemente da sua descrição de cargo.
Onde está “sonho” leia-se “objectivo”, para não ferirmos susceptibilidades corporativas; todos nós somos muito mais do que uma definição de funções e podemos diversificar esforços, derrubar silos e estabelecer pontes interdepartamentais, visando as metas organizacionais;

 

10. Tenha sempre em mente os interesses da sua empresa e dos clientes.
É para os clientes que trabalhamos; sem clientes não há negócio. Ponto final.

Provocações à parte, a matemática faz muita falta nas relações organizacionais, para que estas não sejam jogos de soma nula, mas antes um somatório de variáveis win (empresa) – win (colaborador) – win (cliente). É só fazer as contas!

 

Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro (nº.134)  da Human Resources, nas bancas.

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