Os gestores estão assoberbados e precisam de combater o FOBO
Com o teletrabalho e trabalho hibrido a continuar a ser factor de atracção e retenção de talento e a crescente priorização pelos colaboradores do tempo em casa, em família, fora do escritório, existe um impacto inevitável para os gestores das empresas.
Por Teresa Ribeiro, directora de Marketing na Oryon
Li recentemente que os gestores são agora mais assistentes sociais do que orquestradores de tarefas. Mais preocupados com o bem-estar individual do que com os KPIs associados à produvidade. Precisam agora, mais do que nunca, de ferramentas para monitorizar os horários e as cargas de trabalho e ajustá-los sempre que necessário para evitar sobrecarregar os seus colaboradores e, ao mesmo tempo, não descurar no cumprimento das metas.
Com as enormes pressões sobre os custos, aliadas a um mercado de trabalho restrito, o planeamento da capacidade de recursos terá de se tornar uma prioridade para as organizações de todos os sectores.
Inteligência artificial e IA generativa continuam no top of mind
Este não vai ser, apesar de todo o «hype» o ano da inteligência artificial e generativa. Mas será um tema que continuará na agenda dos gestores, muitos deles incumbidos da missão de procurar para as suas empresas o melhor que IA tem (seja lá o que isso for). Se por um lado há este peso, a IA pode ser uma grande aliada do trabalho de quem tem cargos de decisão, ocupando-se das tarefas «chatas».
Exemplos interessantes da sua aplicabilidade no imediato:
– preparar apresentações / reuniões – já é possível pedir à IA para fazer perguntas e prever quais serão feitas pela audiência;
– resumir reuniões mediante notas de vários participantes – a IA através de fotos de notas variadas faz um apanhado de todo o conteúdo. Pode também resumir um vídeo, relatório, documento, fazer uma acta.
– criar imagens mediante instruções – posso pedir uma imagem de uma taça de fruta com fundo azul por exemplo, o que permite que sejam poupadas horas em busca de imagens específicas.
Descomplicar ferramentas empresariais é um must do
Outro factor que pesa negativamente na produtividade dos gestores é o tempo despendido a navegar aplicações empresariais. Não são duas nem três – um estudo da Gartner revelou que utilizamos em média 11 aplicações diferentes para trabalhar e mais de 70% dos trabalhadores digitais utilizam entre seis e 25 aplicações no trabalho.
Modernizar gradualmente para uma arquitectura de modularidade centrada na actividade é essencial para retirar mais um fardo aos gestores e às suas equipas. As aplicações monolíticas têm uma morte anunciada, estão a ser gradualmente substituídas por aplicações chamadas «composable». Até 2026, 70% das organizações cumprirão a meta de executar esta substituição.
Por um lado, isto permitirá reduzir os custos de «redundância» das capacidades de software, por outro permitirá maior agilidade nas tarefas dos gestores.
FOBO (fear of becoming obsolete)
Basta uma visita ao Linkedin para se constatar o medo e até pânico de que muitos gestores padecem de não estarem a conseguir acompanhar as «tech trends», não estarem a ser suficientemente rápidos a incorporá-las nos seus produtos e serviços ou que as suas skills estão ultrapassados. Sofrem de FOBO, “fear of becoming obsolete”, um termo que, não por acaso, teve em 2023 um pico de pesquisas.
Fobo tecnológico é uma sensação muito ampliada e que não corresponde à realidade. A única realidade é a de que o caminho deverá ser o que sempre foi – racionalizar e maximizar a eficiência – das pessoas, das tecnologias, do modo como as empresas trabalham. Aos gestores cabe procurar o equilibrio entre a dose certa de sintonia com as tendências e algum noise cancelling, quase como a funcionalidade que os nossos phones têm.
Os «clientes-máquina» são um exemplo de uma hype que está em fase inicial e só atingirá o máximo expoente em 10 anos. Tratam-se de clientes não-humanos que fazem encomendas sem dependerem de um comando humano ou algoritmos de reabastecimento inteligentes que mantêm a disponibilidade de consumíveis e que sugerem ofertas aos consumidores. É algo que os gestores devem começar a entender, porque um leque de oportunidades será aberto, mas que não os deverá manter acordados à noite.
Se por um lado as tecnologias têm o seu tempo para provar a sua utilidade (e não se revelarem flops como aconteceu com o metaverso), por outro nem tudo o que reluz é ouro e e nem todas as «tech trends» são adequadas a determinados públicos-alvo e aos utilizadores que o compõem.