Os robôs estão a tornar o trabalho mais humano

A parte fascinante da revolução da Inteligência Artificial ​​é como a automação está, no fundo, a pressionar a força de trabalho a tornar-se menos tecnológica e mais humana.

 

É, pelo menos, o que defende Emily He, especialista de Gestão de Capital Humano da Oracle, no site da Forbes.

Muitas pessoas vêem a integração da Inteligência Artificial ​​(IA) no trabalho com ansiedade, ou até com medo de que as possam substituir nas suas funções. Uma das principais preocupações, exacerbada por uma infinidade de histórias de que “os robôs irão dominar o meu trabalho”, é que a IA acabará com as suas carreiras automatizando muito, se não tudo, o que fazemos, que não garante o ordenado ao final do mês. Mas, na realidade, a IA será responsável pelas tarefas repetitivas e rotineiras, liberando tempo para as equipas se concentrarem nos tipos de tarefas que exigem exclusivamente inteligência humana.

E a força de trabalho actual está pronta para isso: de acordo com um estudo realizado com o Future Workplace, 93% dos colaboradores estão prontos para adoptar a IA no trabalho. No entanto, os Recursos Humanos parecem estar a ficar para trás, com apenas 6% destes profissionais a implementarem tecnologias de IA.

 

Automatizar tarefas, mas exigir novas competências
O benefício claro da IA ​​no trabalho é automatizar tarefas que não queremos, criando mais oportunidades para investir em trabalhos valiosos e de alto impacto.

Dan Schawbel, autor e especialista em best-sellers sobre o futuro do trabalho enfatiza que a importância das competências das pessoas nesta nova era não pode ser subestimada, sublinhando a necessidade de se concentrarem em competências como a comunicação interpessoal e a importante capacidade de “ler o ambiente de uma sala”. O inquérito 2019 Talent Trends do LinkedIn revelou que 91% dos entrevistados classificaram as soft skills como “muito importantes” para o futuro do recrutamento e 92% afirmaram que as soft skills importam tanto ou mais do que as hard skills que podem ser aprendidas na escola, como conhecimentos de tecnologia ou código. Como observa o influenciador de Recursos Humanos Josh Bersin: «No mundo actual da engenharia de software, os empregadores desejam competências sociais.»

No entanto, para complicar, as competências sociais estão a ficar mais difíceis de encontrar, talvez, em parte, porque a geração Z está obcecada por aparelhos electrónicos e portanto a comunicação interpessoal não será o seu forte.

 

Criar uma ponte entre tecnologia e interacção humana
Embora a IA possa aumentar a produtividade, precisamos de lidar cuidadosamente com as consequências imprevistas. Vejamos as redes sociais e os dispositivos móveis, por exemplo; ambos foram projectados para reunir pessoas, mas resultaram numa sobrecarga de informação e dependência de tecnologia.

Pensem nisto: quantas pessoas lidam actualmente com amigos e familiares principalmente por texto, em vez de se sentarem numa refeição para conversar? O mais importante, de acordo com Schawbel, é que tecnologias como a IA devem ser usadas como uma ponte, não uma barreira, para a interacção humana.

No local de trabalho, por exemplo, um assistente digital pode automatizar o planeamento de reuniões verificando horários, marcando salas, reservando equipamentos e eliminando um carrocel aparentemente interminável de convites e emails. Nesse caso, um assistente digital de IA facilita realmente as reuniões presenciais e melhora a interacção humana no trabalho. O próximo passo, é preciso garantir que os participantes desligam os seus aparelhos e interagem efectivamente entre si e não com os ecrãs.

 

Os recrutadores já colhem os benefícios
Ao contrário da crença popular, acredito que o uso da tecnologia pode criar mesmo melhores relacionamentos humanos, especialmente no trabalho. Os benefícios da IA ​​no recrutamento, por exemplo, são enormes, reais e estão a acontecer neste preciso momento.

Em vez de os recrutadores dissecarem centenas – ou milhares – de currículos, as ferramentas de IA podem analisar o currículo dos colaboradores actuais, os que têm melhor desempenho, a fim de identificarem características comuns que os tornam bem-sucedidos e, em seguida, procurar características semelhantes nos currículos recebidos. Contudo, voltando ao nosso equilíbrio de interacção tecnológica e humana, é importante que o recrutador e o responsável pelas contratações falem com os principais candidatos identificados pela IA.

A IA também pode ser usada para reconhecer colaboradores prestes a mudar de emprego ou colaboradores de sucesso que mostrem qualidades em determinadas áreas e que poderiam preencher uma nova vaga melhor do que qualquer pessoa de fora.

A IA está preparada para fazer a diferença no local de trabalho, mas a força de trabalho está também a aguardar ansiosamente. Está na hora de os Recursos Humanos a aprenderem, entenderem e implementarem.

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