Outsourcing: Retrato do sector
«Há um enorme potencial de crescimento no sector, ainda assim consideramos o estado actual do outsourcing em Portugal positivo», sublinha José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portugal Outsourcing.
A Associação Portugal Outsourcing tem mais de dois anos de actividade, com 20 dos mais importantes players do mercado, o que representam cerca de 85% de quota de mercado. Tem como fim último fazer crescer o sector e, naturalmente, contribuir para a economia nacional.
José Galamba de Oliveira, presidente da Accenture Portugal, assumiu a presidência da Associação Portugal Outsourcing em Março e mantém como prioridades os quatro grandes desígnios definidos no início do projecto: «pretendemos divulgar a actividade e a oferta do outsourcing em Portugal, representar o sector junto dos principais agentes económicos, promover as melhores práticas na prestação de serviços de outsourcing e dinamizar a criação de centros de competência em Portugal, captando investimento estrangeiro para o nosso País».
A Associação aprovou ainda o plano de actividades para este ano, que prevê a realização de diversas iniciativas de reforço da promoção internacional do sector, iniciado em 2010 com a realização de uma Conferência em Londres. Do plano de actividades consta ainda a realização da 3ª Conferência Internacional Portugal Outsourcing, em Lisboa, no dia 21 de Junho, e A nível externo, organizará uma Conferência Internacional em Paris, no mês de Outubro, que tem como objectivo a apresentação aos principais analistas, advisors, escritórios de advogados, banca de investimento e grandes clientes internacionais as competências e vantagens de Portugal enquanto destino no radar internacional, com particular foco no nearshore.
A Associação acredita que o sector poderá criar 12 mil novos empregos líquidos no País nos próximos anos, sendo a criação dos postos de trabalho acompanhada por investimentos importantes em formação e qualificação para os trabalhadores – isto caso se venham a adoptar medidas que anulem os condicionalismos que limitam a competitividade internacional do sector, nomeadamente “as áreas da Justiça, da Fiscalidade e do Trabalho, nas quais Portugal pode progredir e que, a par do crescimento do outsourcing no Sector Público, poderão permitir a criação de um cluster do sector do outsourcing em Portugal”, tal como referido no estudo “Portugal como Destino Internacional de Outsourcing”.
HR: Assumiu a presidência da Associação Portugal Outsourcing em Março. Tem em mente um novo rumo para a Associação? Quais as prioridades?
José Galamba de Oliveira: A presidência da direcção da Associação Portugal Outsourcing foi efectivamente assumida pela Accenture em Março deste ano, embora sejamos uma das empresas fundadoras da Associação, em Setembro de 2008 e tendo assumido, desde então, a vice-presidência da direcção. Como tal, a estratégia actual de actuação da Portugal Outsourcing não foi alvo da definição de um novo rumo, mantendo como prioridades os quatro grandes desígnios definidos no início deste projecto: pretendemos divulgar a actividade e a oferta do outsourcing em Portugal, representar o sector junto dos principais agentes económicos, promover as melhores práticas na prestação de serviços de outsourcing e por último, mas não menos importante, dinamizar a criação de centros de competência em Portugal, captando investimento estrangeiro para o nosso País.
HR: Como se promove Portugal enquanto destino internacional de outsourcing de tecnologias de informação e de processos? Quais as vantagens de Portugal?
José Galamba de Oliveira: Esta promoção de Portugal realiza-se através da afirmação do potencial do País como uma referência internacional no sector. A Associação tem vindo a fazê-lo desde a segunda metade do ano passado, altura em que desenvolvemos o estudo “Portugal como destino de Nearshore Outsourcing”, cujas conclusões apontam para o facto de a competitividade de Portugal para a instalação de centros de competências a nível internacional ter vindo a aumentar nos últimos anos, contando já o nosso País com importantes investimentos recentemente realizados por várias multinacionais de diversos sectores de actividade. Este mesmo estudo permitiu identificar como fortes vantagens de Portugal a qualidade e a competitividade dos nossos recursos humanos, com fortes capacidades linguísticas e a flexibilidade reconhecidas, bem como o facto de estarmos inseridos na cultura ocidental, sendo possível encontrar, no nosso país, colaboradores bastante qualificados, especialmente na área do Outsourcing de Processos de Negócio. O estudo realça ainda que Portugal tem feito um esforço significativo no desenvolvimento das infra-estruturas e comunicações, como a cobertura de banda larga e as redes de nova geração, bem como no incentivo à inovação, investigação e desenvolvimento, o que nos permite oferecer serviços bastante competitivos lá fora.
HR: Qual o objectivo da Associação?
José Galamba de Oliveira: A Associação, que conta já, em pouco mais de dois anos de actividade, com 20 dos mais importantes players do mercado que representam cerca de 85% de quota de mercado, que partilham entre si um conjunto de interesses e objectivos, tem como fim último fazer crescer o sector e, naturalmente, contribuir para a economia nacional, o que passa por demonstrar que esta actividade está intrinsecamente relacionada com a competitividade das empresas e com o crescimento económico do país.
HR: Tenciona alargar o público e os associados?
José Galamba de Oliveira: A Portugal Outsourcing tem efectivamente interesse em alargar o conjunto dos seus associados por forma a dar consistência ao seu trabalho de crescimento do sector. Porém, representando já cerca de 85% da quota de mercado, existe um conjunto não muito grande de empresas ainda não associadas que prestam serviços de outsourcing de valor acrescentado nas áreas de tecnologias de informação e de processos de negócio com base tecnológica e que cumprem os critérios de dimensão estabelecidos para a admissão de novos associados.
HR: De que forma tenciona agregar diferentes públicos e interesses?
José Galamba de Oliveira: A nossa estratégia tem passado pela celebração de protocolos de colaboração com algumas das principais associações representativas dos principais players e clientes do sector das TIC, tendo a Portugal Outsourcing contado já com a colaboração de algumas destas associações em projectos internos. Neste momento, está em curso um projecto conjunto que consideramos ser de extrema relevância para o sector e para o País, na área da Justiça, que consiste na criação de um centro de arbitragem específico para o sector das TIC.
HR: Quais os projectos delineados para este ano?
José Galamba de Oliveira: Queremos prosseguir no reforço da promoção e divulgação dos serviços de outsourcing e reforçar também o envolvimento da Portugal Outsourcing com os seus associados. Nesse sentido, este ano vamos desenvolver várias iniciativas que procuram juntar vários agentes da economia nacional e outras associações. Salientaria três iniciativas que podemos desde já adiantar. Em primeiro lugar, a promoção da terceira edição da conferência internacional Portugal Outsourcing que se irá realizar no próximo dia 21 de Junho, no CCB, em Lisboa. Este evento tem como objectivos demonstrar o valor acrescentado do Outsourcing face a outros modelos alternativos de serviços, apresentar casos de investimento estrangeiros de referência em Portugal por parte de empresas multinacionais e ainda revelar o facto de este sector ser uma plataforma de exportação a que pode ainda ser dada muito maior dimensão, podendo no curto prazo vir a originar ganhos de produtividade anuais para a economia nacional superiores a 1.500 milhões de euros. Ainda a nível interno, tendo em conta que segundo a OCDE, a Administração Pública portuguesa é das que menos recorre ao outsourcing de tecnologias de informação e de processos, pretende a Portugal Outsourcing aproximar-se dos principais agentes políticos por forma a demonstrar de que forma o sector pode ajudar na obtenção de importantes reduções da despesa pública, baseando-nos em casos de sucesso de grande parte dos países desenvolvidos e permitindo ainda o aumento da eficiência e da produtividade do sector público e uma melhoria dos serviços prestados aos Cidadãos e Empresas, com impactos positivos no dia-a-dia. A nível externo, a Portugal Outsourcing organizará uma Conferência Internacional em Paris, no mês de Outubro, que tem como objectivo a apresentação aos principais analistas, advisors, escritórios de advogados, banca de investimento e grandes clientes internacionais as competências e vantagens de Portugal enquanto destino no radar internacional, com particular foco no nearshore.
HR: Quais as vantagens de se recorrer a serviços de outsourcing?
José Galamba de Oliveira: O recurso ao outsourcing, enquanto modelo que tem como foco a criação de valor para as organizações, apresenta diversas vantagens face a outros modelos alternativos dado que se trata de um modelo que incorpora partilha de risco nas operações por parte do prestador do serviço. Este modelo garante, assim, a definição clara de níveis de serviço, a transferência de pessoas e activos, mecanismos de ajuste de capacidade em função da procura e ainda a capacidade de realizar benchmarking. Por outro lado, e de não menor importância, o outsourcing prevê a capacidade de alavancagem numa empresa sólida e não numa equipa de técnicos, sendo a gestão de um contrato de outsourcing orientada a resultados, libertando-se ainda o cliente da gestão operacional das equipas.
HR: Ao nível de emprego qual o impacto?
José Galamba de Oliveira: O estudo “Portugal como Destino Internacional de Outsourcing” permitiu identificar condicionalismos que actualmente limitam a competitividade internacional do sector, de entre os que se destacam as áreas da Justiça, da Fiscalidade e do Trabalho, nas quais Portugal pode progredir e que, a par do crescimento do outsourcing no Sector Público, poderão permitir a criação de um cluster do sector do outsourcing em Portugal. Neste sentido, e caso se venham a adoptar medidas que anulem os condicionalismos referidos, a Portugal Outsourcing acredita que o sector poderá criar 12 mil novos empregos líquidos no País nos próximos anos, sendo a criação dos postos de trabalho acompanhada por investimentos importantes em formação e qualificação para os trabalhadores.
HR: Quais os riscos que podem estar associados ao outsourcing?
José Galamba de Oliveira: Um dos trabalhos mais relevantes da nossa associação é precisamente a criação e partilha de boas práticas entre associados de modo a fazer prevalecer parcerias de sucesso e reduzir riscos inerentes a qualquer operação deste género. Os riscos que podem estar associados ao outsourcing podem ser mitigados através de processos rigorosos de avaliação e preparação da decisão de externalizar um serviço por parte de uma organização, processos esses que requerem um grande domínio das variáveis críticas que levam a incorrer em custos adicionais, para o qual nem sempre as empresas estão preparadas, tais como modelos de estimativas, controlo da procura interna e planeamento mais rigoroso e interrupção de trabalhos em curso.
HR: Qual o estado do outsourcing em Portugal?
José Galamba de Oliveira: Havendo ainda um enorme potencial de crescimento para o sector, consideramos o estado actual do outsourcing em Portugal como positivo tendo em conta que existem actualmente diversos centros de competências de multinacionais a operar no nosso País para diversos países e diversos centros de competência de empresas nacionais a trabalhar para destinos externos.O sector conta com mais de 10.000 profissionais com empregos estáveis, com formação adequada e projectos de desenvolvimento, e temos assistido ao crescimento do volume de exportação de serviços de forma sustentada e continuada ao longo dos últimos anos.
HR: Qual o elemento diferenciador de outsourcing de RH face ao trabalho temporário?
José Galamba de Oliveira: O outsourcing de RH e o trabalho temporário, embora com matizes diferentes, consistem na criação de relações contratuais colaborantes, flexíveis e sustentáveis de prestação de um serviço, que, no entanto, apenas complementa lacunas nas equipas internas da organização, permanecendo o conhecimento nas pessoas do fornecedor. Ao mesmo tempo, não existe business case nem objectivos de optimização, incorrendo a relação contratual no risco laboral resultante da possibilidade de ter que contratar para os quadros da empresa.
Por outro lado, o outsourcing de serviços, enquanto modelo que tem como foco a criação de valor para as organizações, apresenta diversas vantagens face a estes modelos, dado que incorpora partilha de risco nas operações por parte do prestador do serviço. Este modelo garante assim a definição clara de níveis de serviço, a transferência de pessoas e activos, mecanismos de ajuste de capacidade em função da procura e ainda a capacidade de realizar benchmarking. Mais ainda, e de não menor importância, o outsourcing prevê a capacidade de alavancagem numa empresa sólida e não numa equipa de técnicos, sendo a gestão de um contrato de outsourcing orientada a resultados, libertando-se ainda o cliente da gestão operacional das equipas.
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