Paleta da Inclusão: A arte da diversidade nas organizações
Por Ana Sabino, Docente do Mestrado de Psicologia Social e das Organizações. Investigadora APPsyCI – Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion. Ispa – Instituto Universitário.
Por Vanessa Gomes, Alumna do Mestrado Psicologia Social e das Organizações do Ispa – Instituto Universitário. HR Consultant – Multipessoal.
Imagine uma tela pintada numa única tonalidade de branco. Que emoções experienciaria? Será que essa tela seria reconhecida como uma Obra de Arte? Será que conseguiria acrescentar valor? Será que essa Obra poderia ser o reflexo de uma organização sem diversidade? Sim. Uma organização sem Diversidade é uma tela em branco.
Então, como transformar essa tela numa verdadeira Obra de Arte? Será que incluir cores sem harmonia é suficiente? Será que uma organização diversa em cores, mas sem harmonia na forma como elas se ajustam poderá acrescentar valor? Não, não basta sermos Diversos nas nossas organizações se não criarmos sistemas harmoniosos de Inclusão das nossas cores.
É um facto que o tópico da Diversidade & Inclusão (D&I) tem-se tornado cada vez mais presente no mundo corporativo português, especialmente após a extensão da Lei 4/2019, que estabelece quotas para pessoas com deficiência para empresas de média dimensão. A combinação destas palavras, entretanto, vai além de conceder postos de trabalho a pessoas com algum grau de incapacidade.
A Diversidade refere-se a diferenças entre indivíduos a diversos níveis – etnia, identidade de género, orientação sexual, nacionalidade, entre outros. Inúmeras organizações em Portugal – e que anteriormente eram verdadeiras telas monocromáticas – já se deparam, mais frequentemente, com colaboradores diversos, em decorrência de diversos fatores como o estabelecimento de leis equitativas.
A Inclusão, por sua vez, é aquilo que a organização faz com esta realidade diversa. “Mas é preciso fazer algo?” A verdade é que apenas conceder postos de trabalho a pessoas mais diversas não é suficiente – o resultado seria como uma Obra pouco harmoniosa de cores e textura.
As mudanças necessárias para receber um quadro diverso de colaboradores são extensas e iniciam-se na cultura organizacional, nos seus aspetos visíveis e invisíveis. O propósito da inclusão deve ser fazer com que todos os colaboradores, independentemente das suas características, se sintam aceites, pertencentes e valorizados. Entre tantas estratégias, a literatura científica tem sugerido algumas como a criação de um ambiente de respeito e equidade, a promoção da transparência organizacional e a apreciação de diferenças individuais e intergrupais.
Uma organização tipicamente caracterizada por ser uma tela em branco encontrará muitas dificuldades na integração e retenção de colaboradores que não se enquadram a esse padrão, condicionando assim a sua capacidade de atração e retenção de talento diverso o que impactará negativamente os resultados organizacionais. Já uma organização tipicamente vista como uma tela colorida e harmoniosa, capaz de potenciar a sua D&I, irá valorizar as diferenças e encorajar as contribuições individuais, criando assim um ambiente organizacional mais inovador, mais criativo, com maiores níveis de bem-estar e produtividade. Será assim uma aguarela colorida onde cada indivíduo contribui com sua cor, perspetiva e talento, resultando numa Obra vibrante, coesa e repleta de alegria.
Terminamos deixando um alerta a todos os Artistas que nos leem – a D&I é uma Arte complexa, cheia de desafios e constrangimentos. Não se desengane caro/a Artista, a sua Obra é dinâmica e 4D. Qualquer pincelada em falso pode fazer com que as cores da sua Obra percam a sua alegria e vivacidade. Conheça-as bem e ouça-as para criar a sua Obra-prima!