Pandemia amplia as desigualdades e se nada for feito vão agravar-se, alerta director-geral da OIT

O director-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT) acentuou que a pandemia e as crises trazidas pelas disrupções no abastecimento e a guerra na Ucrânia ampliaram as desigualdades, alertando que se nada for feito, estas vão agravar-se e tornar-se duradouras.

 

Guy Ryder falava na abertura da Conferência de Alto Nível para o lançamento do estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) «Conduzir a mudança: o futuro do trabalho no sector automóvel português», que está a decorrer em Lisboa.

«Vivemos hoje uma crise de desigualdade», referiu, precisando que a pandemia revelou disparidades que já existiam e que as crises ampliaram, sendo que esta é uma realidade que abrange também a Europa.

«Todos os que se encontravam já em situação de desvantagem: mulheres, trabalhadores jovens, trabalhadores informais, precários, ficaram ainda mais em desvantagem ficaram ainda em maior desvantagem», disse, alertando que se não se agir «as desigualdades vão agravar-se no futuro e tornar-se duradoura».

Relativamente ao sector automóvel – sobre o qual o estudo incide – o director-geral da OIT referiu que, apesar de os desafios que se colocam Portugal serem significativos, o estudo também revela que as oportunidades existem e que «há uma estrada para mudanças estruturais».

O secretário de Estado da Economia, José Neves, enfatizou, por seu lado, que cerca de um terço das exportações de bens estão relacionadas com o sector da mobilidade e os «tempos de aceleração da indústria de inovação tecnológica» que se vivem.

José Neves referiu ainda a inovação e tendência de transição que rodeia o sector automóvel, salientando o percurso para a trajectória do país seja concretizado «na base de mais produtos com maior valor acrescentado, com maior incorporação do conhecimento e em que o papel das competências seja reconhecido pelo mercado de trabalho» e «em que a dinâmica dos salários possa acompanhar a mudança da alteração das competências que está associado a estas mudanças do modelo económico».

Para o governante, isto faz-se «de uma forma contratualizada», no espaço da Concertação Social e nos instrumentos de política centrados na relação entre o Estado e os clusters de actividades económicas.

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