Para mais de 80% dos professores, as competências digitais devem fazer parte da escolaridade obrigatória. Mas 78% estão também preocupados com impacto que IA generativa pode ter na aprendizagem

O novo estudo do Research Institute da Capgemini, intitulado, ‘Future ready education: Empowering secondary school students with digital skills’, mostra que a grande maioria dos professores concorda que a escolaridade obrigatória das competências digitais seria benéfica para os alunos e quase 60% considera que saber interagir com os sistemas de inteligência artificial (IA) será uma competência essencial no futuro.

 

O estudo também revela que os alunos com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos se sentem menos confiantes do que os seus professores sobre o nível de adequação das suas actuais competências digitais às exigências do mercado de trabalho do futuro. Este aspecto é particularmente relevante no que diz respeito às competências fundamentais nas áreas da comunicação digital e da cultura dos dados.

Em todo o mundo, os sistemas de ensino estão a trabalhar no sentido de integrarem ou excluírem as ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, nas actividades quotidianas dos alunos. Quase metade (48%) dos professores do ensino secundário inquiridos pelo estudo revelou que a sua escola bloqueou ou restringiu o uso destas ferramentas.

Já os “early adopters” foram menos restritivos nas suas abordagens e 19% afirmaram que é permitido usar estas ferramentas em casos específicos e 18% disseram que ainda estão a avaliar a sua aplicabilidade e utilidade na sala de aula.

No geral, mais de metade (56%) dos professores do ensino secundário concordaram que currículos e avaliações precisam de ser adaptados para terem em conta a utilização por parte dos alunos de conteúdos gerados por IA, e 52% acredita que as ferramentas de IA irão mudar e melhorar o ensino. Equilibrar os riscos com os benefíciosAinda que muitos estejam conscientes e conhecedores do potencial disponibilizado pelas ferramentas de IA generativa, 78% dos professores do ensino secundário em todo o mundo ainda revela preocupações sobre o impacto negativo que estas podem ter nos resultados de aprendizagem dos alunos, incluindo a diminuição do valor da escrita como uma competência (66%) e a possibilidade das novas ferramentas limitarem a criatividade dos alunos (66%).

O sentimento em relação à IA generativa varia significativamente nas diferentes geografias: os professores nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Finlândia reconhecem muito mais a importância e o potencial da IA generativa, do que os de Singapura, do Japão ou de França.

 

Capacitar os alunos com as competências essenciais para enfrentarem o futuroQuase dois terços (64%) dos professores do ensino secundário estão convencidos da importância que o desenvolvimento das competências digitais dos alunos terá na sua preparação para o mercado de trabalho do futuro e a grande maioria (82%) concorda que a escolaridade obrigatória das competências digitais seria benéfica para os alunos.

No entanto, o estudo sublinha uma clivagem no nível de confiança entre adultos e adolescentes: 70% dos professores e 64% dos pais acreditam que os alunos têm as competências necessárias para serem bem-sucedidos no actual mercado de trabalho, mas só 55% dos alunos com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos concordam que assim é.

O estudo concluiu também que existe uma assimetria significativa no nível de confiança entre os professores das grandes cidades (83%) e os das zonas rurais (40%), e que as raparigas das zonas urbanas com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos se sentem quase duas vezes mais confiantes do que as das zonas rurais.

Por último, o estudo revela que os professores das zonas rurais acreditam que é pouco provável que a literacia digital seja uma prioridade para a sua escola, por contraste com os seus colegas das zonas suburbanas e urbanas.

De acordo com o estudo, enquanto 72% dos estudantes com idades entre os 16 e os 18 anos se sentem confiantes sobre o nível da sua alfabetização digital básica, menos de metade (47%) sente o mesmo em relação à comunicação digital e à cultura dos dados, aspectos tidos como cruciais para ser bem-sucedido no mercado de trabalho dos nossos dias.

O estudo adianta que é essencial aumentar a confiança dos alunos para que estes possam identificar correctamente os factos e distingui-los das fake-news divulgadas online.

Embora a maioria (80%) dos estudantes se tenha revelado confiante em encontrar informação online, são menos os que sabem em que fontes online podem confiar (66%) e ainda menos os que são capazes de identificar factos e distingui-los do que são opiniões expressas na internet (61%).

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