Paulo Silva, SIVA | PHS: «Construindo equipas para o futuro: os desafios da atracção e retenção de talento»

Na análise aos resultados da 50.ª edição do Barómetro da Human Resources, Paulo Silva, director de Recursos Humanos da SIVA | PHS, destaca que «é mais difícil reter talento face à grande procura no mercado global. Esta nova conjuntura exige que as empresas se tornem atractivas não apenas no que respeita aos indicadores financeiros e de negócio, mas também em relação à cultura, aos valores e às oportunidades de desenvolvimento profissional que oferecem».

 

«O tema de atracção e retenção de talento esteve sempre no âmbito das preocupações das empresas, principalmente das que pretendem destacar-se nos respectivos mercados e querem assegurar a sustentabilidade futura dos seus negócios. Com as rápidas mudanças a que temos assistido no mundo do trabalho, este desafio torna-se ainda mais complexo agora e no futuro.

Existe um conjunto de factores que tem ganho crescente relevância, obrigando as empresas a adaptar as suas abordagens para conseguirem obter resultados positivos e consistentes. Um dos factores prende-se com as expectativas dos profissionais mais jovens, como os millennials e a geração Z, os quais valorizam diferentes vertentes da vida profissional face às gerações anteriores. Procuram propósito, autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma cultura organizacional positiva que aposte na comunicação, na diversidade e no desenvolvimento contínuo.

A transformação digital é outro factor que está a mudar a forma como as pessoas trabalham e interagem com as empresas. A possibilidade de trabalhar à distância traz inegáveis benefícios, mas, quando levada ao extremo, diminui significativamente a componente emotiva da relação com a cultura da empresa podendo, mais facilmente, perder-se o propósito do papel de cada um na organização e o sentimento de pertença a um projecto.

A retenção aqui torna-se mais difícil. Outra consequência da transformação digital é a necessidade de actualizar as competências dos colaboradores para que não fiquem excluídos desta onda de evolução tecnológica e, em consequência, baixem os níveis de motivação e os índices de produtividade. A competição global pelos talentos, alavancada pela transformação digital, é outro factor que obriga a uma abordagem à gestão do talento mais flexível e inovadora.

Se juntarmos a isto a crescente escassez de profissionais qualificados, em contraciclo com a crescente procura, o desafio de recrutar e reter talentos torna-se mais difícil para as empresas. É mais difícil reter talento face à grande procura no mercado global. Esta nova conjuntura exige que as empresas se tornem atractivas não apenas no que respeita aos indicadores financeiros e de negócio, mas também em relação à cultura, aos valores e às oportunidades de desenvolvimento profissional que oferecem.

A comunicação clara e consistente pela empresa do seu propósito e dos seus valores é fundamental para que os profissionais que procuram culturas organizacionais positivas, e atractivas, possam tomar a sua decisão de abraçar um desafio onde se sintam integrados e realizados.

Já ninguém tem interesse em concorrer a empresas obscuras que não comunicam de forma clara e transparente o seu projecto e aquilo que defendem. Os factores acima elencados coexistem no tempo e reforçam-se mutuamente, formando uma “tempestade perfeita” que coloca grandes desafios às empresas na “navegação” pelo mundo do talento. Nunca é demais destacar o papel das lideranças neste contexto repleto de complexidades.

Os líderes são uma peça-chave na criação de culturas positivas assentes em valores íntegros e com práticas de gestão que promovam a comunicação aberta e o desenvolvimento das pessoas. Também por este motivo, a gestão de talentos deve ter um claro objectivo de identificação e desenvolvimento de líderes internos, que no futuro garantam a sustentabilidade do negócio e o desenvolvimento da cultura organizacional.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Dezembro (nº.156) da Human Resources, no âmbito da L edição do seu Barómetro.

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