Perda de poder de compra de trabalhadores sem aumentos equivale a cerca um salário

A perda de poder de compra de um consumidor que não tenha visto o salário actualizado irá equivaler no total de 2022 a cerca de um salário, no caso de quem recebe 14 meses de ordenado, estima o CFP.

 

O cálculo é referido no relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP) de actualização das perspectivas económicas e orçamentais 2022-2026, no qual salienta a perda de poder de compra como a mais «evidente» consequência da inflação.

A instituição presidida por Nazaré Costa Cabral assinala que os consumidores vêem a capacidade de aquisição diminuir devido ao aumento dos preços, se, entretanto, não virem os seus rendimentos nominais actualizados em proporção equivalente.

O CFP alerta que, «ao longo do ano de 2022, este efeito é de grande importância».

«No limite, para um consumidor que não viu os seus rendimentos actualizados, a perda de rendimento real é aproximadamente equivalente à variação do índice de preços no consumidor, que se prevê seja no ano de 2022 de 7,7%, ou seja, sensivelmente o mesmo que prescindir de um vencimento para quem aufere catorze meses de ordenado», pode ler-se no relatório.

O CFP destaca ainda que «a retracção do consumo é também explicada pelo aumento das taxas de juro recentemente determinado pelo Banco Central Europeu», assinalando que muitas famílias portuguesas têm créditos a taxa variável, essencialmente com o crédito à habitação.

Um dos outros efeitos provocados pela inflação é, aponta a instituição, «a perda de valor de um montante em dívida ou de activos financeiros, como depósitos bancários, que se encontrem definidos em termos nominais».

«Este efeito só seria compensado por um aumento das taxas de juro nominais em completo acordo com a taxa de inflação, o que não sucede actualmente, e afecta diversas aplicações de poupança das famílias, nomeadamente aquelas mais líquidas, como sejam depósitos bancários de diversa natureza ou aplicações em títulos de dívida pública», refere.

O CFP prevê que a taxa de inflação suba dos 0,9% registados em 2021 para 7,7% este ano, antes de diminuir para 5,1% em 2023.

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