Por que é que as pessoas acreditam em mim?

Por Diogo Alarcão, Gestor

 

A nossa credibilidade enquanto pais, filhos, amigos ou líderes assenta em quê?

Cada um terá as suas próprias respostas, mas para mim há uma característica comum nas pessoas em quem acreditamos: a procura permanente da Verdade. Não significa que as pessoas em que acreditamos são sempre verdadeiras… aliás, quem nunca mentiu que levante a mão. No entanto, tenho observado que as pessoas que, apesar das suas fragilidades e dificuldades, procuram ser verdadeiras consigo e com os outros, conquistam mais facilmente a confiança de quem com elas convive.

Se isto é verdade em contexto social ou familiar, torna-se bastante mais desafiante nas organizações. De facto, em ambiente profissional é muitas vezes difícil fazer avaliações e autoavaliações objetivas que nos permitam chegar à verdade. Quantas vezes já consegui ser 100% objetivo na avaliação que faço de uma pessoa ou de uma situação? Quantas vezes, por medo de me confrontar com o resultado, adiei um exame de consciência sobre uma palavra que disse ou uma decisão que tomei? O mesmo se passa quanto à nossa dificuldade em dar feedback (positivo ou negativo). Não agradecemos porque “não temos tempo” ou porque “parece mal”. Não dizemos que alguma coisa correu mal ou está mal feita porque “não vale a pena” ou “porque é chato”.

Quando não avaliamos os outros e não nos avaliamos a nós próprios com objetividade, ou quando nos deixamos levar pela carga psicológica que nos tolda essa objetividade, tendemos a afastarmo-nos da verdade. E o que acontece? Caímos frequentemente em contradições, tomamos decisões menos justas, praticamos atos incompreendidos e entramos em conflito (interna e externamente). Não raras vezes pude observar equipas totalmente destruídas porque o seu líder lhes faltou à verdade ou porque negou a realidade, obstinadamente. É mais fácil dizer que está tudo bem, mesmo que os indicadores financeiros digam o contrário, do que enfrentar as verdadeiras razões do não cumprimento de metas económicas ou comerciais, por exemplo. É mais fácil culpar os outros, sejam eles os nossos concorrentes ou colegas de outras equipas, do que assumir as nossas debilidades. É mais fácil dizer que a “culpa é do chefe” do que avaliar porque é que não consigo fazer o que o chefe me pede.

No entanto, quando abraço com confiança o desafio de me questionar encontro normalmente as verdadeiras causas dos meus insucessos, receios ou incertezas. De igual modo, quando tenho a coragem de partilhar com a equipa os desafios e as ameaças (reais ou as que antecipo), tenho maior probabilidade de ser compreendido, ajudado e respeitado. É nos momentos de maior dificuldade e tensão que as equipas se revelam no seu máximo potencial, se ultrapassam, se unem e se reinventam. Mas, para isso, é necessário a existência de uma liderança verdadeira em quem se pode confiar.

É importante evitar cair na tentação de encontrar “desculpas externas” quando sentimos que os nossos colegas ou chefes não confiam em nós. Vale mais a pena questionarmo-nos se temos sido verdadeiros connosco próprios e com as nossas equipas e chefes. Ao fazê-lo, tornamo-nos mais verdadeiros e mais credíveis e, desta forma, melhores colegas e líderes. Se isto é verdade em contexto profissional, também o é em contexto familiar e social. Talvez desta forma também nos possamos tornar melhores pais, filhos e amigos…

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