Porque é que as PME familiares portuguesas estão em risco de ficar para trás face à concorrência?

Um novo estudo da Mastercard revela que as pequenas e médias empresas (PME) familiares portuguesas podem correr o risco de ficar para trás face à concorrência, à medida que a economia se torna mais digital. De acordo com o estudo, a cibersegurança (58%) e a privacidade (37%) são considerados os principais factores impeditivos de uma maior transformação digital destas empresas, aspectos que, para as empresas não familiares, são menos preocupantes.

 

As PME representam colectivamente 99,9%1 do tecido empresarial português, sendo a maioria microempresas com menos de 10 colaboradores. E conforme indica o estudo da Mastercard, 35% destas empresas sentem que estão bem preparadas para operar numa economia digital.

Entre os principais desafios que as pequenas empresas familiares enfrentam estão a capacidade em convencer os membros da família a identificar as soluções digitais mais adequadas à modernização da empresa, a mentalidade fechada para adaptação aos novos tempos (31%), a incerteza face ao futuro (29%) e as preocupações financeiras (28%). Para os inquiridos, a geração mais velha está pouco aberta a experimentar coisas novas, tais como implementar novas tecnologias, sistemas de gestão ou de processos.

O estudo da Mastercard mostra, ainda, que as empresas familiares souberam adaptar-se rapidamente à transformação digital impulsionada pela pandemia. Quase metade (44%) já integrou soluções de pagamentos digitais, por exemplo.

A pesquisa efectuada revelou, ainda, que uma em cada quatro (26% ) confessa não ter a certeza sobre os recursos digitais e tecnologias mais adequadas às suas empresas. Contudo, 37% acreditam que as ferramentas digitais podem ajudar a transformar os seus negócios e 41% quer usar ferramentas digitais para modernizar os seus negócios.

Além das preocupações com a cibersegurança, surpreendentemente, quase um terço (28%) das empresas familiares confirmou que sem uma ligação à internet não conseguem adoptar novas soluções digitais que poderiam apoiar as suas actividades comerciais.

As relações familiares podem constituir um desafio na gestão do negócio e tornar a modernização das empresas familiares portuguesas mais complicada. O estudo da Mastercard revela que existe uma resistência à mudança, com alguns trabalhadores a considerarem que a empresa familiar onde trabalham tem uma mentalidade fechada, quando o tema é modernização e tentar coisas novas (31%), com as gerações mais velhas a serem referidas como menos propensas a querer fazê-lo.

O estudo da Mastercard mostra, ainda, que os inquiridos gostam de trabalhar nas empresas familiares e com os seus parentes. Na verdade, a dinâmica nas relações pessoais entre os membros da família é um factor único nas empresas familiares, com um quinto dos inquiridos a afirmar que as relações pessoais com os seus parentes foram o maior obstáculo a ser superado no trabalho. O planeamento da sucessão foi um ponto crítico importante para alguns, com 24% a relatar que havia conflito sobre quem assumiria o negócio no futuro.

No geral, os inquiridos das empresas familiares mostram-se ligeiramente menos optimistas, do que as empresas não familiares (52% vs 58%), relativamente ao crescimento do negócio no próximo ano. No entanto, a incerteza do “se” e “como” modernizar a empresa, juntamente com a dinâmica familiar, pode aumentar o risco de algumas pequenas empresas familiares acabarem por ser ultrapassadas por concorrentes mais ágeis e com processos de decisão não sujeitos à pressão familiar.

Os inquiridos das empresas familiares demonstraram um forte desejo de ter mais formação (40%) e quase metade indicou querer alterações ao quadro regulatório para ajudar os seus negócios a crescer (47%). Já 37% referiu que uma melhor utilização das ferramentas digitais poderia ajudar a modernizar o seu negócio.

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