Portugal todos os dias: convergência e reconstrução

Por Vanda Vieira, Psicóloga Especialista em Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações; em Psicologia da Educação; em Psicologia Vocacional e do Desenvolvimento da Carreira

 

Comemorámos o dia de Portugal muito recentemente e somos desafiados pelo nosso Presidente da República o Professor Marcelo Rebelo de Sousa a (re)pensar o país, a analisar os problemas e a construir soluções de forma positiva e com uma visão de futuro; a nos mobilizarmos para as mudanças essenciais, e são tantas essas mudanças:

– na reconstrução do tecido social, com apelo à convergência para criar recursos e saber geri-los melhor;

– na saúde, tanto física como mental, investir na humanização e na empatia;

– na integração dos imigrantes, ter a capacidade fazer aos outros o que gostamos que façam com o nossos, que vivem noutros países;

– no mar e na economia azul, enquanto recurso de crescimento, com potencial geopolítico e sustentável;

– na educação e cidadania, investimento na formação dos cidadãos para as novas profissões que emergem no período pós pandemia;

– na dimensão cultural e diplomática, para levarmos a nossa cultura e a nossa economia além das fronteiras físicas.

Para implementar as mudanças, quaisquer que sejam, é preciso fazer-se um levantamento exaustivo da situação de partida e do seu contexto; diagnosticar, perceber pontos fortes e pontos fracos, inventariar quais os recursos existentes, que na maioria são limitados; potenciar uma gestão alinhada com os objetivos estratégicos e operacionais.

E como não pode ficar tudo como antes”, como referiu a Dra. Carmo Correia, nas comemorações que decorreram este ano no Funchal, é essencial estabelecer prioridades e não desperdiçar os fundos europeus, acompanhar a sua execução, calcular desvios e riscos, entender os obstáculos e os factores facilitadores; comunicar tendo em conta grupos-alvo, e não de forma avulsa; ouvir, entender queixas e reclamações e implementar ações de melhoria, priorizar e traçar planos de ação.

Este alinhamento só é possível quando estivermos todos a remar na mesma direção: líderes, chefias intermédias, operacionais. Contudo continuamos em situação de pandemia e o trabalho a distância acarreta outros desafios na gestão das pessoas e na capacidade de mobilização para o médio-prazo. As plataformas colaborativas online ajudam bastante a aproximação das pessoas, mas para se perceber verdadeiramente a organização é importante estar-se em presença, partilhar espaço e práticas de trabalho, desta forma torna-se mais fácil a compreensão da cultura e do clima organizacional.

Os gestores de recursos humanos sabem que introduzir pessoas novas nas suas empresas, em tempos de pandemia acarreta outras preocupações: ter um bom plano de acolhimento e auscultar os bem-estar das pessoas; orientar e introduzir os colaboradores nas equipas e nos processos; e sempre que surgirem as primeiras dificuldades, capacitar para analisar as situações e os problemas para além da espuma dos dias; direcionar a organização numa perspetiva de melhoria continua e a longo-prazo.

Convergência e reconstrução são as palavras-chave, e também devemos refletir sobre o modo como as organizações se organizam para dar resposta aos novos desígnios.

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