Presença feminina nas direcções gerais das empresas é inferior ao desejável. Mas tem consciência de quão inferior é?

De acordo com o estudo da Informa D&B ‘Presença feminina nas empresas’, os colaboraodes do sexo feminino são cerca de 2,9 milhões, representando cerca de 42% do total. Mas nos cargos de decisão, que incluem sócios, accionistas, cargos de gestão e direcção executiva, a percentagem de mulheres é de cerca de um terço do total destes cargos (34%) e em cargos de liderança, apenas 26,9% são ocupados por mulheres.

 

Os números são ainda menores quando considerados os cargos de topo, direcção geral e conselhos de administração. Apenas 13,9% das funções de direcção-geral são desempenhadas por mulheres, uma percentagem que é de 16,2% nos lugares de conselhos de administração.

As empresas cotadas são as que registam uma evolução mais expressiva da presença de mulheres, provavelmente fruto da directiva europeia segundo a qual os conselhos de administração destas empresas terão de incluir 40% de mulheres até 2026.

O estudo revela que, em Portugal, a presença feminina na gestão das empresas cotadas (órgãos de gestão, administração e gerência) mais do que quadruplicou na última década, passando de 5,7% em 2011 para 25,5% em 2022, uma percentagem ainda longe dos 40% determinados pela directiva europeia.

Igualmente por pressão legislativa, há uma diferença entre as empresas públicas e privadas. No sector empresarial do Estado, composto por 289 empresas, 17% das empresas têm equipas exclusivamente masculinas, 2% exclusivamente femininas e 81% de equipas mistas. No sector privado, as 354 mil empresas têm 39% de equipas exclusivamente masculinas, 5% exclusivamente femininas e 55% mistas.

O mesmo estudo mostra que a presença feminina em cargos de gestão é menor nas empresas de maior dimensão, apesar de ter crescido ligeiramente nos últimos cinco anos. Nas micro empresas, há 30% de mulheres a ocupar cargos de gestão, uma percentagem que vai descendo para os 22% nas pequenas empresas, para os 20% nas médias empresas, até aos 17% nas grandes empresas.

Em termos de liderança, a tendência é semelhante. Ou seja, apesar de ter aumentado nos últimos anos em quase todos os sectores, encontra-se bastante longe da paridade. Enquanto nas micro empresas 28% da liderança é feminina, tal só acontece em 9% dos casos nas grandes empresas.

Embora com diferenças menos significativas, existem também menos mulheres a liderar as empresas com maior antiguidade. Nas empresas jovens, 28,2% são lideradas por mulheres, percentagem que desce para os 27,2% nas empresas adultas e para os 24,6% nas empresas maduras (com mais de 20 anos de idade).

Em todos os cargos de direcção executiva, se verificou um aumento da percentagem de mulheres nos últimos cinco anos. A grande maioria (71%) destes cargos são ocupados por homens, com apenas duas áreas a registar uma maioria de mulheres: a direção de Qualidade/Técnica, com 59% de mulheres, e a direcção de Recursos Humanos, com 58%.

Esta última direcção, em conjunto com a direção de Marketing/Comunicação foram aquelas que registaram um maior aumento da presença feminina desde 2017, respectivamente 4,9 e 4,5 pontos percentuais.

Na totalidade do mercado de trabalho, três sectores têm uma maior percentagem de empregados do sexo feminino: Serviços gerais (70%), Alojamento e restauração e Retalho, ambos com 53%.

É também nestes três sectores que se encontram as maiores percentagens de mulheres em cargos de gestão. No entanto, em nenhum caso atingem a metade dos casos, ficando na sua maioria abaixo de um terço.

As empresas lideradas por mulheres têm, entre os seus colaboradores, uma percentagem de mulheres superior às empresas lideradas por homens. Além disso, as empresas lideradas exclusivamente por mulheres apostam maioritariamente em equipas de gestão mistas. No caso de empresas lideradas por homens, a maioria das equipas de gestão são compostas exclusivamente por homens.

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