Quais os factores que mais pesam numa decisão de emprego?

Ainda que os cinco principais critérios de atractividade numa empresa por quem procura emprego não tenham mudado muito nos últimos três anos, há factores cada vez mais em destaque. Esta é uma das conclusões do Randstad Employer Brand Research (REBR) 2023. Já são também conhecidas as empresas mais atractivas para trabalhar em Portugal.

 

Num contexto em que a escassez de talento é uma realidade e um desafio cada vez maior para as empresas, falar de employer brand ganha uma importância ainda maior. E é já pela oitava vez consecutiva que a Randstad promove em Portugal aquele que é maior estudo independente (realizado pela Kantar) que analisa anualmente a percepção da população activa em relação aos maiores empregadores de 31 países e as principais tendências do mercado de trabalho. O estudo revela quais os factores mais relevantes numa decisão de emprego e qual a percepção que os inquiridos têm destas empresas enquanto entidades empregadoras, permitindo também identificar o ranking das empresas mais atractivas para trabalhar.

Entre as principais conclusões, destaca- se que, este ano, e em conformidade com as análises de anos anteriores, o salário e benefícios atractivos são os critérios mais valorizados pelos inquiridos na escolha de um emprego, seguindo-se o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; um bom ambiente de trabalho agradável; oportunidades de progressão de carreira e estabilidade profissional.

De destacar ainda que os benefícios não materiais são considerados quase tão importantes como os benefícios materiais, recomendando-se assim aos empregadores que apresentem uma oferta completa de benefícios. Os inquiridos afirmam que os benefícios materiais, na escolha de um empregador em detrimento de outro, não são tudo. Por isso, os participantes que pertencem a faixas etárias mais jovens, sobretudo a que se situa entre os 18 e os 24 anos, consideram menos importantes (79%) os benefícios materiais do que os outros grupos etários. Neste caso, são muito valorizadas as relações com a liderança e/ou colegas. Assim, estes dados referem que a valorização dada aos benefícios não materiais se aproxima cada vez mais da importância atribuída aos benefícios materiais.

Também é relevante notar que, de acordo com os resultados da análise da Randstad, os colaboradores portugueses estão a dar importância a um conjunto específico de factores que não são os que estão nas prioridades da oferta dos empregadores, havendo um contraste. Isso mesmo se verifica em relação ao salário atractivo, que é o primeiro factor para classificar o “empregador perfeito”, mas esse mesmo indicador encontra- -se na última posição naquilo que pensam que os empregadores oferecem.

Já a estabilidade relativamente ao trabalho de longo termo e a localização são os principais factores apontados pelos inquiridos na avaliação do empregador actual. A possibilidade de ter o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é o segundo ponto que os participantes priorizam num empregador. Contudo, os dados mostram que os empregadores estão a ter um desempenho inferior em relação ao que os colaboradores esperam quanto ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e também à progressão de carreira. Estes são factores que se relacionam com a atractividade, mas também com a retenção de talento, e que são apontados como aspectos a ter em atenção por parte das empresas.

 

Atractividade do empregador
Os cinco primeiros factores não mudaram substancialmente nos últimos três anos, e até aumentaram em importância relativa, com os três primeiros a aumentarem mais e a distanciarem-se ainda mais dos restantes. Isto indica que os trabalhadores portugueses estão a dar importância a um conjunto mais seleccionado de factores de topo.

De notar que as mulheres consideram os cinco primeiros classificados mais importantes do que os homens, tal como os mais instruídos.

 

Percepção da oferta do empregador em Portugal
Compreender a discrepância entre o que os colaboradores querem e o que pensam que os empregadores disponibilizam oferece conhecimentos valiosos para a criação de um employer brand. Além disso, a comparação com o que os colaboradores entendem ser oferecido pelo seu actual empregador dá mais contexto às lacunas que precisam de ser colmatadas.

A imagem de um employer brand de topo em Portugal é frequentemente construída a partir da sua saúde financeira e boa reputação, bem como da estabilidade profissional. Embora a estabilidade profissional e a saúde financeira sejam reconhecidas como factores relativamente importantes, uma boa reputação não o é, uma vez que nem sequer entra nos 10 factores mais importantes do empregador ideal. Isto indica que existem muitos aspectos diferentes que vão no sentido de criar um verdadeiro employer brand de topo.

 

Desempenho inferior nos factores de topo
Embora o salário e benefícios atractivos seja o principal factor do empregador ideal, ocupa apenas o 10.º lugar na avaliação do actual empregador. Este factor não causa propriamente estranheza, mas as lacunas no desempenho em termos de equilíbrio trabalho-pessoal e progressão na carreira são mais críticos. Isto é algo que precisa de ser melhorado urgentemente, porque também pode ter impacto na retenção.

Por outro lado, embora uma localização conveniente não seja um dos 10 principais factores do empregador ideal, os actuais empregadores são mais bem classificados nele, mostrando que desempenha um papel mais importante.

 

Importância dos benefícios não materiais
Os benefícios não materiais são (muito) importantes para 86% quando se escolhe um empregador em vez de outro, o que significa que tem quase tanta importância como os benefícios materiais (88%).

Já as pessoas com idades compreendidas entre os 18-24 anos consideram os benefícios não materiais menos importantes (79%) do que outros grupos etários.

A análise da Randstad destaca ainda que uma boa relação com um gestor e/ou colegas é o benefício não material mais importante (78%), seguindo-se uma localização conveniente e autonomia na sua função (ambos 64%).

 

Atractividade dos sectores em Portugal
O sector dos Cuidados de Saúde, com 58%, é o vencedor na pesquisa deste ano (resultado impulsionado pelas fortes posições de dois empregadores de topo: a Hovione e a CUF). E tem aumentado a sua atractividade desde 2021.

O Turismo, Desporto e Entretenimento (54%) surge classificado em segundo (ainda que não existam empregadores deste sector entre os 10 principais empregadores, o que revela que o sector tem um forte núcleo de empresas, todas elas com uma atractividade relativamente elevada, e não é estimulado por uma ou duas empresas excepcionalmente atractivas) e TI, Telecomunicações e Consultoria (52%) em terceiro.

 

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