Quase 80% dos profissionais de TI assumiu vontade de mudar de emprego

O mercado nacional de TI tem sentido dificuldades em adaptar a baixa procura pelos candidatos à grande oferta empresarial, de acordo com a Kelly. Apesar de não faltarem oportunidades e vagas por preencher, os candidatos de TI têm um nível de exigência acima da média, o que os leva a recusar grande parte das ofertas.

Segundo a Kelly, os candidatos procuram, além de salários competitivos, outros benefícios e culturas ainda difíceis de encontrar no mercado de trabalho nacional. A alta de inovação nas abordagens das empresas do sector pode motivar mais saídas de talentos para o estrangeiro.

Cátia Luís, consultora especializada de TI da Kelly, lembra que «o mercado de TI foi sempre um mercado com uma dificuldade de abordagem acima da média», mas, no entanto, «no último ano e meio tem-se sentido ainda mais esta dificuldade». A responsável pelo recrutamento especializado da área da Kelly detalha que que se tem observado «um mercado mais inacessível e com candidatos cada vez mais exigentes sobre o projecto a que vão pertencer, mas também sobre os benefícios de que vão usufruir»

Um estudo do sector, divulgado em 2020, revelou que 78% dos profissionais da área assumiu  vontade em mudar de emprego. Essa tendência, considera a Kelly, tenderá a manter-se. «Temos um mercado de IT recheado de talento e com forte potencial, mas para efectuar uma mudança de empresa ou função, este talento tem que ter a certeza se faz o fit correcto com o projecto e não falamos só a nível salarial, mas também a nível tecnológico e cultural. Cada vez mais são procurados os projectos que inovam e desafiam o crescimento profissional, que apostam na formação de colaboradores e que os envolvem na cultura e crescimento da própria empresa».

Os números mostram que o sector está mais competitivo que nunca. Em 2021, estima-se que o sector das TI venha a gerar, a nível global, receitas perto dos 290 mil milhões de euros, com uma taxa de crescimento anual compota superior a 7%. Desta forma, em 2026, o mesmo mercado pode atingir um valor de mercado de 414 mil milhões de euros.

Segundo a Kelly, Portugal também não escapa às tendências e, já no início deste ano, foi noticiado o aumento exponencial dos salários na área, motivado precisamente pela falta de profissionais. Isto porque o nível excepcional de exigência destes candidatos vai muito para além do salário proposto, que, apesar de atractivo, não é suficiente para seduzir ou reter os melhores talentos.

Cátia Luís, explica que, no momento de recrutar, as empresas do sector podem destacar-se com «personalização de abordagens» sobre aquelas que apenas garantem ofertas «genéricas». 

Contudo, mesmo isso continua a não chegar para quem sabe o quão requisitado é no mercado nacional. «Quem recebe estas abordagens, procura não só a originalidade, mas também a transparência da empresa, função e daquilo que será para eles uma mais-valia. As possibilidades de trabalho remoto, benefícios que são atractivos e um range salarial aumenta a possibilidade de uma resposta ao contacto efectuado».

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