Quase metade das empresas em Portugal assume que iniciativas de igualdade de género estão atrasadas ou não foram definidas

O estudo “2024: Uma visão do mundo do trabalho para as mulheres” do ManpowerGroup, revela que, em todo o mundo, quase metade das empresas (48%) assume que as iniciativas de igualdade de género estão atrasadas ou não foram definidas. Em Portugal, o cenário é idêntico, com 46% dos empregadores a confirmar essa tendência.

A nível nacional, as funções de liderança sénior e as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) são as mais susceptíveis de registar um atraso no número de mulheres candidatas, com 35% e 34% das empresas respectivamente a afirmarem que, apesar de terem sido definidas iniciativas DEIB, os progressos em direcção aos objectivos foram lentos ou escassos.

Pelo contrário, as funções onde a implementação de medidas de promoção da paridade de género está mais avançada encontram-se na área administrativa, com 50% das empresas a revelar que as acções de progresso estão alinhadas ou à frente dos objectivos, e nas lideranças intermédias, com 49%.

Relativamente ao prazo de concretização, apenas 23% das empresas afirmam que a igualdade de género já foi totalmente alcançada, com 44% a acreditar que a sua organização está, já hoje, próxima de a alcançar. No entanto, a maioria (47%), mas ainda assim menos de metade, espera que grande parte do seu progresso em matéria de igualdade de género ocorra nos próximos dois anos.

Neste âmbito, os sectores de Bens & Serviços de Consumo e de Energia & Utilities são os mais optimistas, com 75% dos empregadores a afirmar já ter alcançado ou estar próximos de alcançar a paridade de género. Inversamente nos sectores de Transportes, Logística & Automóvel e Finanças & Imobiliário, apenas 63% e 62% dos inquiridos, respectivamente, partilham essa visão.

Na mesma linha, também a equidade salarial está distante de ser alcançada, com apenas 52% das empresas globais e em Portugal a declararem que as suas iniciativas em termos de igualdade de remuneração estão a ser cumpridas. A outra metade revela estar atrasada ou não ter iniciativas definidas.

À frente da média nacional no que respeita a medidas de equidade salarial implementadas encontram-se os sectores de Transportes, Logística & Automóvel (63%) e de TI & Data (62%).

Pelo contrário, os sectores de Bens & Serviços de Consumo e Cuidados de Saúde & Ciências da Vida estão ligeiramente atrás, com 39% e 48% dos empregadores, respectivamente, a revelarem ter medidas definidas e com uma boa progressão na sua implementação.

Existem diferenças relevantes, entre sectores, no que toca à paridade na liderança sénior. As empresas nos sectores de Serviços de Comunicações e de Tecnologias de Informação são as que apresentam melhores resultados ao nível da concretização das iniciativas, com 55% e 49% respectivamente a afirmar que estão em linha ou acima dos objectivos definidos.

Inversamente, nos sectores de Transportes, Logística & Automóvel e Finanças & Imobiliário, 60% e 55% dos inquiridos, respectivamente declaram estar a progredir mais lentamente que o esperado.

Analisando por dimensão de organização, o estudo mostra que, de um modo geral, à medida que as organizações crescem, o seu enfoque na concretização dos objectivos DEIB relacionados com a liderança sénior tende a aumentar. Este facto pode dever-se à maior formalização e suporte às iniciativas DEIB, bem como ao estabelecimento de métricas bem definidas, que se tende a observar sobretudo nas organizações de maior dimensão.

Em Portugal, mais de um terço (35%) das microempresas, 31% das pequenas empresas e 45% das médias empresas afirmaram que as suas iniciativas DEIB relacionadas com a concretização de objectivos ao nível da liderança sénior excederam ou estão no bom caminho para cumprir as expectativas. No caso das grandes empresas de mais de 1000 trabalhadores, a percentagem de empregadores que atingiram objectivos comparáveis ultrapassa os 50%.

De acordo com o estudo, tanto a nível mundial (37%) como em Portugal (36%), os empregadores afirmaram que as políticas de trabalho flexível foram as mais eficazes para garantir a diversidade de talento, seguindo-se a mentoria interna e coaching, referida por 35% dos inquiridos em Portugal, e da criação de uma cultura organizacional inclusiva, mencionada por 30%.

Os maiores desvios na percepção da eficácia das políticas de trabalho flexível para a promoção da igualdade de género verificaram-se no sector das Finanças & Imobiliário, que apresentou a percepção mais optimista (50%), e no sector dos Transportes, Logística & Automóvel, como o que tem menor probabilidade de as ter implementadas (23%).

São igualmente observáveis diferenças na percentagem de organizações com uma percepção positiva sobre o impacto do trabalho flexível, em função da dimensão da empresa. As grandes empresas de mais de 5000 trabalhadores são as que estão mais à frente neste domínio, com 47% dos empregadores a afirmar adoptar políticas de trabalho flexível e a ver o seu impacto. Já as médias empresas, com 28%, são as mais atrasadas na sua implementação.

Do ponto de vista da tecnologia, os dados também mostram que a integração de novas tecnologias está a ajudar as organizações a serem mais flexíveis, promovendo assim a igualdade de género e a inclusão de talento diverso.

Portugal está alinhado com o que se verifica a nível global, com 67% dos empregadores a referirem que a tecnologia permitiu ter uma maior flexibilidade e 66% a afirmarem que os candidatos qualificados no sector das TI estão a tornar-se mais diversos (62% a nível global). Finalmente, metade dos empregadores a nível mundial (52%) e em Portugal (51%) consideram que as ferramentas baseadas em IA estão a ajudar no recrutamento dos melhores candidatos, independentemente do género.

É no sector dos Transportes, Logística & Automóvel que este reforço mais se verifica, com 70% dos profissionais a confirmarem a tendência, seguindo-se o sector de Serviços de Comunicação, com 69%. Em contraciclo encontram-se os sectores de Cuidados de Saúde & Ciências da Vida e de Indústria Pesada & Materiais, onde apenas 55% dos profissionais afirmam o mesmo.

A nível global, são os empregadores da região da Ásia-Pacífico que revelam maior optimismo no potencial da tecnologia para promover a equidade de género (68%), seguidos pelos da América do Norte, Central e do Sul (63%). Na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), esse optimismo é menor, mas é confirmado por mais de metade dos empregadores (57%).

Os dados do estudo 2024: Uma Visão do Mundo do Trabalho Para as Mulheres do ManpowerGroup, integram o estudo ManpowerGroup Employment Outlook para o segundo trimestre, que entrevistou 40 385 empregadores, em 42 países e territórios.

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