Quase metade dos trabalhadores neste país estariam dispostos a abdicar de parte do seu salário para evitar uma coisa

Com o aumento do trabalho remoto e híbrido, os empregadores recorreram a ferramentas de vigilância para medir a produtividade dos seus trabalhadores através do rastreio da actividade online, das teclas digitadas e até dos movimentos do rato, noticia a Fast Company.

Só que muitos profissionais descobriram formas de contornar esse escrutínio, utilizando mouse jigglers e outros hacks para garantir que não eram penalizados por se afastarem das suas secretárias.

Nos últimos meses, porém, as empresas têm procurado recuperar o controlo, ao impor políticas de regresso ao escritório mais rigorosas e reprimir os trabalhadores que acreditam estar a fugir às suas funções. No mês passado, a Bloomberg noticiou que a Wells Fargo despediu mais de uma dúzia de colaboradores em Maio por “fingirem trabalho activo” – especificamente através da “simulação de actividade no teclado”.

Não surpreende, por isso, que muitos norte-americanos estejam preocupados com a crescente violação da sua autonomia no local de trabalho. Numa sondagem recente da Checkr, plataforma de verificação de antecedentes, quase metade dos 3000 inquiridos afirmam que considerariam aceitar uma redução salarial em troca de o empregador não rastrear a sua actividade online. Os profissionais mais jovens têm uma opinião particularmente forte sobre a questão, com 54% dos inquiridos da geração Z a concordar ou a estar indeciso sobre aceitar um corte salarial, em comparação com 47% dos millennials, 44% da geração X e 45% dos baby boomers.

Mais de metade dos inquiridos – 56% – acreditam que o seu empregador está a monitorizar a sua actividade durante o dia de trabalho. A grande maioria dos inquiridos considera isso um problema, de acordo com visões mais amplas sobre a privacidade do consumidor: cerca de 84% disseram ter preocupações gerais sobre a segurança dos dados que fornecem no local de trabalho, e 65% concordam ou estão indecisos sobre o sentimento de que a monitorização da actividade online por parte dos empregadores viola a sua privacidade.

A perspectiva de serem monitorizados no trabalho parece estar parcialmente correlacionada com a idade e geração; cerca de 72% da Geração Z acreditam que se trata de uma invasão de privacidade, enquanto apenas 60% dos boomers sentem o mesmo.

Os defensores dos trabalhadores e os especialistas em privacidade fizeram soar o alarme sobre as potenciais implicações da vigilância generalizada no local de trabalho. Para além das preocupações com a privacidade, no entanto, a resistência a estas ferramentas também indica que não são especialmente eficazes, quer em termos de medição de resultados, quer em termos de motivação dos colaboradores.

Os críticos argumentam que o software de tracking pode permitir uma “produtividade de actividade”, em vez da verdadeira produtividade, e que também pode ser um risco para a reputação das empresas que tentam contratar e fidelizar talento. Talvez o mais importante seja o facto de poder prejudicar a confiança dos colaboradores, ao ponto de os trabalhadores estarem dispostos a abdicar de parte do seu salário para o evitar.

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