Quase todos os portugueses afirmam querer fazer uma alimentação saudável. Mas quantos a fazem?

O Barómetro FOOD, coordenado pelo Grupo Edenred, em conjunto com 25 parceiros públicos e universidades, entre as quais a Direcção-Geral de Saúde e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, o Programa FOOD (Fighting Obesity through Offer and Demand) identifica três tendências sobre a alimentação em Portugal.

Descubra-as aqui.

Tendência n.º1: As pessoas querem comer melhor, mas não conseguem pagar
O Barómetro FOOD revela que 90% dos portugueses estão mais despertos para a alimentação saudável. 93% dos inquiridos indicaram que a saúde é a principal motivação para querer mudar de hábitos, seguindo-se a procura por uma maior diversidade alimentar (72%) e as questões ambientais/animais (68%). 51% dos portugueses afirmam mesmo que no último ano mudaram os hábitos alimentares, para comer melhor. 84% revelam ainda que têm em conta o índice nutricional nas escolhas que fazem.

Contudo, considerando o total de almoços e jantares, apenas 23% das pessoas fazem entre 11 e 14 refeições saudáveis por semana. 28% dos portugueses têm entre sete e nove refeições equilibradas, 30% entre quatro e seis refeições e 20% menos de três.

Face ao contexto de inflação, que já no ano passado levava as pessoas a cortarem em despesas de alimentação, metade dos portugueses gastam mais de 30% do seu orçamento mensal em alimentação, sendo que 17% gastam mesmo mais de 40%. De acordo com dados do Eurostat, em 2019, os gastos com alimentação dos portugueses rondavam em média 16% do orçamento mensal.

Com 97% dos portugueses a acreditarem que os preços da alimentação continuarão a subir nos próximos meses, actualmente, 70% das pessoas afirmam que no final do mês já não tem dinheiro disponível do subsídio de alimentação e precisa de utilizar outros meios para pagar as refeições. Recorde-se que, apesar de o montante do subsídio isento em cartão refeição ser de 9,60 euros/dia, de acordo com um estudo realizado pela Netsonda para a Edenred, os portugueses recebem em média 5,77 euros por dia.

Se recebessem mais, as pessoas acreditam que: melhorariam a qualidade das suas refeições (75%), aumentariam a quantidade de comida ao almoço (54%), comprariam mais produtos para preparar as refeições (87%) e iriam mais vezes a restaurantes à hora de almoço (42%).

 

Tendência n.º2: A perda de clientes, num sector com digitalização lenta, mas constante
A crescente procura por refeições saudáveis é já sentida nos restaurantes. 64% dos responsáveis consideram que os clientes notam e apreciam a oferta de refeições mais saudáveis/equilibradas, 44% registam mesmo uma maior procura por pratos equilibrados e uns iguais 44% acreditam que propor refeições saudáveis poderá constituir-se como uma fonte de receitas sustentáveis.

Por isso mesmo, a maioria dos restaurantes promove já uma alimentação saudável. 74% têm opções vegetarianas na ementa e 61% disponibilizam, pelo menos uma vez por semana, um prato do dia vegetariano.

Indo também ao encontro das expectativas dos clientes, regista-se uma crescente digitalização dos restaurantes: 26% disponibilizam encomendas online para serviço de takeaway; 14% têm um serviço próprio de entregas; 21% dispõem de um serviço de “pedido e pagamento à mesa” (através de QR code); 19% trabalham com plataformas de reservas de mesa e 25% com plataformas de entregas.

No entanto, com 57% dos portugueses a afirmarem que, perante o aumento dos preços, muito provavelmente cortariam em despesas com restaurantes, mais de metade dos estabelecimentos (52%) sente já a perda de clientes.

 

Tendência n.º3: A importância do cartão de refeição para garantir um orçamento para alimentação
Face à quebra do poder de compra, que se repercute na capacidade de manter uma alimentação mais saudável e equilibrada, o vale social de refeição afigura-se como uma importante ferramente para assegurar um orçamento para a alimentação e garantir a melhoria da sua qualidade.

Mais de 2/3 dos portugueses consideram que os vales sociais (cartão) de refeição aumentam o seu poder de compra, 33% referem mesmo que lhes permite comer melhor (uma refeição completa e mais equilibrada) e 25% que lhes permite ir mais vezes a restaurantes.

Os responsáveis dos restaurantes também evidenciam as vantagens do cartão de refeição. 60% afirmam que o sistema de títulos de refeição tem um impacto positivo no seu negócio, destacando: o aumento das receitas; a maior visibilidade do estabelecimento, atraindo novos clientes e o maior número de visitas dos clientes que têm cartão de refeição em comparação com os que não têm. Assim, 80% mostram-se satisfeitos com o sistema de vales (cartão) de refeição.

O inquérito foi baseado nas respostas de 47 327 colaboradores e mais de 1618 responsáveis de restaurantes, em 19 países do mundo. Em Portugal, o Barómetro FOOD 2023 contou com mais de 1300 respostas.

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