Quatro lições de Comunicação Interna em tempos de crise

Em face dos desafios trazidos pela COVID-19, as empresas foram obrigadas a rever a sua estratégia de comunicação e, as que ainda não apostavam na comunicação digital, tiveram que se habituar a fazê-lo.

 

O responsável de Comunicações Empresariais, Relações Públicas e Branding da Bosch Engineering and Business Solutions, Muthamma Acharya, partilha algumas lições, simples mas essenciais, que têm vindo a ser reforçadas nos últimos meses:

  • Os colaboradores precisam de comunicação, mesmo que os líderes nem sempre tenham as respostas.
    Os grandes líderes têm comunicado com as suas equipas com maior frequência durante esta crise. Todos os ciclos de feedback têm apontado para a necessidade de mais garantias por parte da gestão de topo. Mesmo que o CEO não tenha todas as respostas, mostrar que está em cima do acontecimento é importante para a equipa.

Aqui, a rapidez é essencial. Talvez já tenham passado por isto: Com a conjuntura a mudar todas as semanas, quando uma comunicação empresarial está pronta para ser enviada, com todas as revisões necessárias, já está desactualizada! É uma situação em que os profissionais da comunicação devem trabalhar em estreita proximidade com os líderes. As mensagens devem ser enviadas rapidamente. Conheço organizações que podiam encher um mini dossier de mensagens não enviadas e desactualizadas.

Mesmo que haja mais comunicação dentro de uma organização, esta não vem necessariamente do CEO. Pode ser dos Recursos Humanos, de gestores ou até de colegas. O CEO pode pensar que, uma vez que já se fala tanto lá fora, para quê aumentar o ruído? Isto é como um líder numa batalha a dizer: “Existe tanta coisa a acontecer no campo de batalha, por que deveria dizer alguma coisa?” Lembrem-se, a voz deles é a mais importante de todas.

 

  • Mantenham-se honestos e fiéis aos vossos valores.
    Os executivos têm sido sinceros sobre a sua incapacidade de prever razoavelmente um resultado. Podem ter-se limitado a apresentar cenários com possíveis resultados. Mas o que adoro nestas mensagens é que, em tempos de incerteza, os líderes não têm medo de serem honestos. Também demonstram uma crença inabalável nos valores da sua empresa e acreditam que estes serão fundamentais para ultrapassar esta crise.

Em alturas destas, é muito importante reunirem as vossas equipas para fazerem as coisas certas: demonstrem empatia, apoiem a vossa comunidade e sejam, acima de tudo, bons humanos. É algo que revela as bases de valor da vossa organização.

 

  • Partilhem a visão em alto e bom som.
    Com tantos papéis impostos a um indivíduo, é fácil para perder o foco nos intuitos e objectivos empresariais. Os papéis de chefe de família, progenitor, cidadão preocupado, colaborador – todos eles começaram simultaneamente a fazer pressão sobre uma pessoa. Sabemos que trabalhar a partir de casa apresenta o seu próprio conjunto de desafios. As paredes das nossas vidas cuidadosamente compartimentadas podem estar a ruir.

Os líderes visionários que estou a ver são aqueles que se certificam de que a sua voz é ouvida a chamar as tropas para se reunirem à volta de uma visão partilhada e agirem com propósito e urgência. Isto é benéfico para a organização; também relembra aos indivíduos para se manterem concentrados e trabalharem para um objectivo comum.

 

  • Criem um espaço para os vossos colaboradores, e ouçam-nos.
    Não há dúvidas de que as pessoas tiveram de enfrentar algumas das suas profundas inseguranças durante esta crise. Os colaboradores têm-se preocupado com a sua saúde, os seus empregos, a sua sobrevivência, o seu futuro, o futuro da economia, as notícias que lêem e muito mais. As pessoas querem saber que a empresa está a ouvir.

Para a direcção, é uma questão de estar presente quando os colaboradores precisam dela. Gostava particularmente de ver como é que as organizações aprenderam a tornar-se organizações que escutam. Durante estes tempos difíceis, não há nenhum guião a seguir, nenhum case study a imitar; tudo isto é muito novo. Os líderes inteligentes são os que ouvem mais para darem a resposta mais adequada a cada cenário em mudança.

De destacar que uma série de funções de apoio em todas as organizações também assumiram as suas responsabilidades. Isto é uma maravilhosa homenagem às funções de apoio, que de outra forma são relegadas para segundo plano.

Há muitos anos que trabalho na área de comunicação de liderança, mas é a primeira vez que temos de correr sem um guião. Tem sido um desafio, mas também tem o seu lado positivo.

Fonte: Forbes

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