Que expressão prefere?

“Sempre foi assim!”, “mais ou menos” e ”vai-se andando” são clássicas do nosso tempo. Qualquer destas expressões são típicas das organizações marcadamente sofredoras de grandes e acentuadas resistências à mudança.

Por Pedro Ramos, administrador executivo da Groundforce

 

Pessoas, sim, é disso que estamos a falar!

Comecemos então pela “pérola n.º 1” dos nossos resistentes à mudança: Os “sempre foi assim” têm sempre grandes argumentos (muitos destes completamente comprovados pelo tempo…) de que já outros um dia tentaram fazer algo de forma diferente mas… não deu! Sempre foi assim… (e acrescentam lá para eles…) e “sempre assim será”…

Pós-graduados em “resistência científica à mudança”, os “sempre foi assim” são exímios em argumentários técnicos que provam que a forma de fazer algo já vai para 500 anos [mesmo antes dos descobrimentos se fazia assim!!!] são infalíveis provas de que não vale a pena tentar mudar o que quer que seja. A sério! Quando se muda algo “dá sempre mau resultado”… Está provado!

“Sempre foi assim” desta vida… aprendei! Como alguém já disse, “quem não muda é mudado”… e o fascínio e o gozo pela experiência de saída efectiva das zonas de conforto, com resultados medidos e alcançados, é sempre uma mais-valia no processo cada vez mais necessário e premente nas nossas empresas de integrar pessoas & negócios como duas faces da mesma moeda.

 

A “pérola n.º 2” dos nossos resistentes militantes à mudança são os “mais ou menos”… Conhece aquelas pessoas para os quais nada está verdadeiramente fantástico ou extraordinário, mas também nada parece tão mau que deva ser mudado ou abandonado… Pois… na verdade… está tudo “mais ou menos”… Como tem passado? “- Mais ou menos!” Como é que correu a apresentação ou a reunião de trabalho? “- Mais ou menos!”. Preparaste a tua apresentação ou discurso que vais fazer amanhã? “- Mais ou menos”…

Esta praga [sim, eu disse praga!] de “mais ou menos” nas nossas empresas prolifera como cogumelos e são responsáveis pela manutenção do clima ideal para… não mudar absolutamente nada!

São usualmente críticos das pessoas com elevada auto-estima, das pessoas com discurso mais positivo e adoram comemorar o estado geral de acalmia generalizada e de: “Diz lá àquele tipo que se anda a mostrar excessivamente ao chefe…”.

Intriguistas, aborrecidos, tristes e amorfos, os (nossos) “mais ou menos” são capazes de aceitar os maiores desafios de… não fazer absolutamente nada que mude o “status quo” da coisa.

Um conselho amigo: sempre que encontrar um “mais ou menos” diga um sonoro “Bom dia! hoje sinto-me mesmo bem!!!” não há nenhum “mais ou menos” que não morda o isco e que não pergunte logo: “Porquê?” Depois, boa sorte… Mas pode sempre aproveitar para o tentar energizar…

 

Finalmente, a “pérola n.º 3” dos nossos resistentes à mudança “favoritos” são os “vai-se andando”… Estes são uma variação “estragada” dos “mais ou menos” e são militantes convictos e fundamentalistas de que é melhor não ter grandes esperanças “que a coisa venha a melhorar um dia… até porque podíamos estar pior”… Estão a ver a história de alguém que teve um acidente e está todo partido e que ainda assim acha que “podia ter sido pior”? É um bocadinho assim… mas nas empresas…

Os “vai-se andando” são supostamente “mantedores” de bons ambientes de trabalho, são muitas vezes opinion makers de ideias inúteis ou cheias de “coisa nenhuma”, até porque argumentam com alguma facilidade com base em casos de insucesso (dos outros!) que não resultaram pois tentaram impor, alterar ou mudar algo…

Sabe como pode reconhecer um “vai-se andando” no seu expoente máximo? Vem aí o final do ano, e aproveite e faça o seguinte teste: Pergunte o que o “vai-se andando” deseja para o próximo ano? Quais são os seus votos de Ano Novo? Se alguém lhe responder que “Faz votos que o próximo ano, se não for pior, seja pelo menos igual ao ano anterior”… Fuja! Fuja para longe de alguém que não consegue (pelo menos) desejar o melhor, sonhar, elevar a “fasquia” da realização pessoal e profissional…

Os “vai-se andando” não sabem que sonhar não custa e é grátis! Não conseguem definir objectivos de níveis mais elevado para si e para as suas equipas. Não se propõem crescer, agregar (mais) valor e mobilizar energias e forças para ultrapassar obstáculos de maior dimensão.

 

“Sempre foi assim”, “mais ou menos” &“vai-se andando” constituem, portanto, a conjugação perfeita para que nada mude nas nossas empresas e nas nossas equipas…

Pessoas resistentes são potenciadoras de resultados deprimentes… Tenha medo! Muito medo!

 

 

 

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