Quitter’s Day: Como as empresas podem superar o pico de desistência e reforçar a motivação?

Por Álvaro Lopes-Cardoso, fundador e CEO da UPNDO, start-up portuguesa de impacto social

 

É certo que ainda não faz parte da linguagem corporativa em Portugal, mas é um conceito para o qual os gestores de Recursos Humanos, e não só, têm de estar atentos. O Quitter’s Day marca um momento singular no calendário corporativo, principalmente nos Estados Unidos. E porquê? Porque é o dia em que a maioria das pessoas abandona as resoluções de Ano Novo. Apesar de não haver um consenso sobre se se assinala na segunda ou na terceira semana de Janeiro, este fenómeno, aparentemente individual, pode ter um impacto significativo nas empresas, afectando a motivação das equipas e, consequentemente, os resultados da organização.

Estudos indicam que 80% das resoluções de Ano Novo são abandonadas até Fevereiro, e isso não se limita às metas pessoais. A quebra de compromissos reflecte-se também no ambiente de trabalho, onde objectivos profissionais definidos no início do ano podem ser relegados ao esquecimento. Este comportamento pode ter impacto na produtividade, enfraquecer a cultura empresarial e criar um clima de desmotivação colectiva.

Empresas que ignoram esta tendência correm o risco de enfrentar um início de ano marcado por baixos índices de desempenho, aumento do turnover e perda de oportunidades estratégicas para impulsionar os colaboradores. As organizações têm um papel crucial em ajudar os colaboradores a manterem-se fiéis às suas resoluções e objectivos, sejam eles pessoais ou profissionais.

Definir metas realistas e mensuráveis, promover desafios anuais ou trimestrais, que envolvam recompensas e reconhecimento, criar uma cultura de feedback construtivo, aliada a ferramentas de acompanhamento regular, investir em programas de bem-estar físico e mental, de modo a ajudar os colaboradores a manterem hábitos saudáveis, o que, por sua vez, impacta positivamente a produtividade, são apenas alguns exemplos de como as empresas podem inverter o Quitter’s Day.

O Quitter’s Day não precisa ser visto como um ponto de desistência, mas sim como uma oportunidade para as empresas reforçarem o compromisso com as suas equipas, uma forma de melhorar a cultura da empresa e imprimir um espírito de consistência e execução! Ao oferecer apoio contínuo e alinhar os objectivos organizacionais com as ambições pessoais dos colaboradores, as organizações podem transformar este momento num catalisador de motivação e desempenho sustentável.

Mais do que combater a desmotivação, as empresas devem adoptar uma abordagem proactiva que inspire os colaboradores a atingir e ultrapassar as suas metas, redescobrir o propósito e manter o entusiasmo ao longo de todo o ano. Assim, o impacto do Quitter’s Day pode ser minimizado, resultando num ambiente de trabalho mais produtivo, saudável e resiliente, quer estejamos nos Estados Unidos ou em Portugal. Eu acredito que devemos celebrar o Quitter’s Day em Janeiro mas também em Fevereiro, Março…

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