Raquel Palmeiro, Horse Economic Forum: «O desenvolvimento do sector equestre pode ser decisivo para incrementar diversas áreas, do turismo ao desporto, da educação à saúde ou à investigação científica»

O Horse Economic Forum (HEF), iniciativa do Município de Alter do Chão dedicada ao sector equestre, lançou recentemente o Horse Business Opportunities, um fórum de partilha de oportunidades de negócio, e o Horse Jobs, uma plataforma de divulgação e oferta de emprego. Para Raquel Palmeiro, vereadora do Património, Cultura e Turismo, além de talento, Portugal tem um sector equestre com imenso potencial para explorar e valorizar. 

 

Por Tânia Reis

O Horse Economic Forum (HEF), iniciativa única em Portugal e na Europa, tem como principal objectivo contribuir para a promoção e inovação da economia do Cavalo através da cooperação entre os diversos agentes da economia do cavalo. A missão do HEF integra um conjunto de iniciativas que envolvem parceiros nacionais e internacionais, contribuindo para a promoção internacional de Alter do Chão enquanto centro global de referência no contexto nacional e europeu.

 

O HEF lançou recentemente duas novas ferramentas. Em que consistem e por que razão foram lançadas?

Em Fevereiro deste ano, o HEF lançou duas inovadoras ferramentas no seu site, o Horse Business Opportunities, que funciona como um fórum de partilha de oportunidades de negócio, e o Horse Jobs, que funciona como plataforma de divulgação e oferta de emprego. Em conjunto, o Horse Business Opportunities e o Horse Jobs são duas ferramentas inovadoras que contribuem para dinamizar, cada vez mais, o sector da economia do cavalo em Portugal e, simultaneamente, dar respostas que o sector precisa, como, por exemplo, o de congregar numa única plataforma duas ferramentas inéditas, respondendo a temas tão urgentes quanto o da carência de emprego.

 

Que resultados estão a ter até ao momento?

Qualitativamente, as duas ferramentas foram validadas por vários stackeholders equestres e já temos registadas nas plataformas várias oportunidades de emprego e negócios.

 

Quais esperam alcançar no médio/longo prazo?

O objectivo do HEF é contribuir decisivamente para alterar o paradigma do sector equestre em Portugal, tornando Alter do Chão, com os seus recursos únicos, num centro de referência a nível global. E, simultaneamente, contribuir activamente para que os diversos municípios ligados ao Cavalo cooperem entre si, obtendo resultados positivos para todos. Promovemos, por exemplo, a Alter Agenda, uma plataforma online, com actualizações semanais, e cujo objectivo é facilitar negócios equestres, divulgar oportunidades de emprego e partilhar conhecimento de referência a nível global sobre o sector.

O HEF conta com a Federação Equestre Internacional (FEI), a Federação Equestre Portuguesa (FEP) e o Fórum de Administradores de Empresas (FAE) como parceiros institucionais do HEF. Temos todos os recursos para nos destacarmos no panorama internacional. Acreditamos que o futuro está na coopetição entre todos os agentes da economia do cavalo e não na competição entre eles.

 

Como vê o sector equestre em Portugal? Quais as principais oportunidades e desafios que se colocam?

O exemplo de Alter do Chão é um bom exemplo, porque é um município que possui vários recursos endógenos ligados ao cavalo, além da incontornável Coudelaria de Alter, a mais antiga do país e há mais tempo em funcionamento ininterrupto na sua localização original. Alter é, ainda, a terra natal da raça Alter Real e possui várias infraestruturas turísticas e desportivas e equestres, tais como o Laboratório de Genética Molecular, responsável pelo desenvolvimento do Banco Nacional de ADN de Equinos.

O que o HEF está a fazer é olhar para todos estes recursos e trabalhá-los de forma articulada e com uma visão de conjunto para o médio e longo prazo. O HEF envolve áreas tão diversificadas como Educação, Saúde, Turismo e Desporto e quer promover o debate de matérias como a digitalização da Economia do Cavalo, a introdução de inteligência artificial no sector, a inovação em novos materiais e bem-estar animal, a investigação e desenvolvimento em genética e saúde animal, novas formas de suplementação alimentar e o tratamento estruturado de dados e informação de dispositivos desportivos.

 

Há falta de talento neste mercado? Que motivos aponta para tal escassez?

Portugal não só tem muito talento como tem ainda uma joia da coroa incontestável no sector equestre, que é o cavalo lusitano, e que tem, ainda, muito potencial para explorar e valorizar. Agora, há muito por fazer para além disso e uma das prioridades que reconhecemos como urgente é o reforço do investimento, a criação de sinergias entre as diversas áreas e a aposta forte na promoção internacional.

 

Que factores poderiam tornar o sector mais atractivo a nível de Recursos Humanos?

Chamar a atenção internacional para a importância do sector equestre em Portugal é algo que pretendemos com o nosso Forum. Isso irá contribuir para a promoção de talento neste sector. Em Portugal, temos profissionais de excelência e é de realçar ainda que, neste momento, Alter do Chão tem um contexto hípico de elevado potencial para a atractividade empresarial no sector equestre.

 

Que tipo de profissionais emprega o sector?

É um sector bastante transversal e diverso. Dou alguns exemplos de profissões: tratador /desbastador, técnico de turismo equestre, guia de turismo equestre, equitador, professor de equitação, treinador, siderotecnia, profissões nas áreas da veterinária, osteopatia, nutrição, etc.

 

Do lado das empresas, quais as competências mais valorizadas?

Solidez técnica e soft skills são competências valorizadas, por exemplo. Na semana passada, o HEF lançou um concurso internacional de ideias de negócio para a área equestre. O concurso decorre online até ao próximo dia 8 de Maio e irá avaliar e premiar os projectos recebidos de acordo com categorias de inovação, criatividade, sustentabilidade, empreendedorismo e potencial de impacto económico. É nisso que temos de apostar para crescer e para podermos ter a ambição de nos tornarmos num centro de referência para a Europa.

 

E do lado dos profissionais, o que procuram nos empregadores?

Os profissionais da área equestre procuram essencialmente projectos sólidos, sustentáveis do ponto de vista social e que tenham ambição de destaque no sector equestre.

 

Que tendências prevê para o futuro deste sector?

Em Maio vamos realizar uma grande conferência com oradores nacionais e internacionais, em Alter do Chão, onde ouviremos dezenas de contributos muito valiosos. Além dos painéis de intervenções e debates, iremos apresentar o Annual Report, um estudo exaustivo e que nos permitirá, pela primeira vez, medir o impacto do sector económico em Portugal. Estes dados dar-nos-ão, certamente, muitas pistas sobre os investimentos que são mais necessários e urgentes, por exemplo, mas também uma visão de conjunto de que não dispúnhamos até ao momento. Acreditamos que o desenvolvimento do sector pode ser uma aposta decisiva para incrementar diversas áreas, do turismo ao desporto, da educação à saúde ou à investigação científica.

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