Realocar os colaboradores pode ser benéfico para as empresas

Embora se discuta até que ponto o trabalho à distância irá manter-se, a pandemia provou que o local onde as pessoas trabalham não é determinante para que trabalhem bem.

 

As recentes transformações no mundo do trabalho reforçar a importância da flexibilidade não só para as empresas, mas também para os colaboradores. Caitlin Pyett, directora de gestão de contas na Ásia para a Crown World Mobility, aconselha empresas em questões de relocalização e mobilidade dos colaboradores, e participou na elaboração de um estudo que sugere que as empresas encaram a realocação dos trabalhadores como uma ferramenta fundamental para aumentar a produtividade, o envolvimento e a retenção.

«Parece haver uma expectativa, entre os trabalhadores mais jovens, de que terão mobilidade nas suas carreiras. Os empregadores têm de ter isso em mente quando pensam em atrair e reter colaboradores», afirma. Salientando que a possibilidade de se mudar para o estrangeiro é, em conjunto com as políticas de sustentabilidade e diversidade, equidade e inclusão de um empregador, um factor cada vez mais importante quando se consideram ofertas de emprego, Caitlin Pyett refere que a sua organização assiste a um aumento dos pedidos de empresas que procuram garantir que as suas políticas não são demasiado prescritivas e são, de uma forma geral, adequadas ao objectivo.

Agora que existem menos funções verdadeiramente impossíveis de desempenhar fora das instalações da empresa, os empregadores precisam de ter boas razões para recusar os pedidos de realocação dos seus colaboradores, acrescenta Caitlin Pyett. E as conclusões do relatório “Mobility Matters” parecem mostrar que os empregadores estão receptivos a esses pedidos. Não só 82% das empresas afirmam ter oferecido a realocação aos trabalhadores numa tentativa de os reter, como mais de metade anuncia activamente o potencial de realocação a colaboradores potenciais e actuais.

Segundo Caitlin Pyett, a pesquisa – baseada num inquérito a mais de 250 líderes de RH no Reino Unido e na Irlanda, na Europa continental, nos EUA e em Singapura, bem como em provas empíricas – sugere que a maioria dos pedidos de realocação não são um capricho. Questões como o desejo de acompanhar um parceiro que se desloca por motivos profissionais ou a necessidade de cuidar de familiares são mais comuns do que o simples desejo de viajar associado aos “nómadas digitais”. Por conseguinte, os empregadores que, desde a pandemia, se habituaram a olhar para os trabalhadores como indivíduos e a prestar mais atenção ao seu bem-estar mental, são, muitas vezes, compreensivos.

Por outro lado, a saúde mental dos colaboradores durante compromissos no estrangeiro é vista como um obstáculo fundamental para os líderes de RH que supervisionam programas de mobilidade global. Quase metade assinalou-a como o seu maior desafio de liderança, enquanto mais de metade afirmou o maior desafio é a reintegração dos colaboradores nas suas equipas no regresso, após o fim do compromisso. Nick Sutton, vice-presidente de vendas globais e marketing da Crown, afirma sobre esta questão que «as empresas devem estar preparadas para enfrentar e ultrapassar os desafios em todas as fases de um projecto de relocalização, do apoio à saúde mental dos colaboradores durante o compromisso até à garantia de um regresso sem problemas à normalidade quando o compromisso se aproxima do fim. Adoptar uma abordagem centrada no ser humano – e estar atento às necessidades únicas de cada trabalhador – é fundamental, e uma área a que os líderes de RH terão de dar prioridade.»

Se as conclusões sobre o envolvimento e a produtividade se confirmarem, então este parece ser um esforço que vale a pena fazer. Com os custos de recrutamento reconhecidamente elevados, tanto financeiramente como pelo risco de não conseguir encontrar as pessoas certas, faz sentido investir correctamente nesta área. Caitlin Pyett sugere que entre as razões para o aumento da produtividade está o facto de o funcionário sentir que está no centro das atenções e que precisa de provar o seu valor. Mas também pode ser apenas porque – como nota – eles experimentam «um aumento de energia por estarem num local novo». Por outras palavras, sentem que têm um novo emprego sem terem de se arriscar a procurar outro empregador.

Este artigo faz parte do Especial “Relocation” publicado na edição de Dezembro (n.º 156) da Human Resources.

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