Reportagem: Da PHC à Ageas, passando pela Nestlé, Jaba Recordati, Unicre e Bi4all. Conheça os novos espaços de trabalho destas empresas (e os conceitos por detrás)

Que o mundo mudou, todos sabemos. Que essa mudança atingiu em cheio o universo do trabalho, ninguém o nega. Com o regresso, não à normalidade pré-pandemia, mas a uma nova realidade que se adaptou à COVID-19, as empresas encontram-se perante novos desafios. Um deles é perceber como serão os novos espaços de trabalho. A Human Resources falou com várias empresas que estão a adoptar novos conceitos.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Ao fim de quase dois anos de pandemia, com a vacinação avançada e, como tal, com os efeitos da COVID-19 atenuados, acabaram as restrições às empresas. Da normalidade que ficou em suspensa desde Março de 2020, destaca-se o regresso físico dos colaboradores aos escritórios. O teletrabalho – que durante muitos meses foi obrigatório – já deixou de ser sequer recomendado, por isso cabe agora às empresas decidir como querem trabalhar. E onde.

As opções são muitas, assim como as preocupações e os desafios que se colocam aos gestores e aos responsáveis de Recursos Humanos, uma vez que não basta decidir se o modelo de trabalho é presencial, híbrido ou remoto. É preciso adaptar espaços – e cultura – a uma realidade diferente. E é preciso que as soluções se ajustem às necessidades das pessoas, mas também das empresas.

De que forma estão as organizações a olhar para este tema foi o que fomos tentar saber junto da BI4ALL, do Grupo Ageas Portugal, da Nestlé, da PHC Software, da Jaba Recordati e da Unicre. A estas, juntámos a visão da OpenBook, responsável por algumas destas transformações.

 

Se é para mudar, que seja para novos escritórios
Muitas organizações já tinham pensado em mudar de instalações antes da pandemia, e não foi o facto de a grande maioria de nós se ter visto obrigado a ir para casa que fez parar os processos em curso. Muitas delas fizeram a mudança “entre confinamentos”.

No caso da BiI4All, a mudança representa o concretizar de um sonho que vem desde os primeiros anos de operação da empresa, e que foi amadurecendo com o passar do tempo e materializando-se com base no seu crescimento ao longo dos anos. «A ideia foi criar um espaço inovador onde seria criado o futuro da tecnologia da área do Data Analytics, num ecossistema único de parceiros tecnológicos, clientes e colaboradores altamente qualificados», partilha José Oliveira, CEO da tecnológica. A Cidade BI4ALL começou a materializar- se em 2018 e a mudança teve lugar em 2019, ainda sem estarem completamente finalizadas. «A obra ficou concluída em 2021», recorda, sublinhando que agora está «tudo preparado para o chamado novo paradigma laboral», já existente na área de negócio em que actuam em algumas empresas, «e ainda mais nos países mais desenvolvidos».

No Grupo Ageas Portugal, a génese do novo edifício de escritórios tem igualmente alguns anos, pois desde 2017 que se «caminha para a criação de uma cultura interna única», sublinha Sjoerd Smeets, membro da comissão executiva e Chief Risk Officer. «Num universo de 12 marcas e de cerca de 1300 colaboradores, todos no Grupo Ageas Portugal comungam dos mesmos valores corporativos e queremos que, acima de tudo, as pessoas vivam com toda a intensidade o que é “Ser Ageas”.» Este caminho começou a ganhar forma a 11 de Setembro de 2019, com o lançamento da primeira pedra do novo edifício Ageas Tejo, em Lisboa, e depois no Porto. «Pela primeira vez, vamos juntar todas as equipas em edifícios únicos, e este é um marco importante na história do Grupo. Queremos ter um local de trabalho inspirador, que incentive e promova o espírito empreendedor das nossas pessoas, que seja um palco natural de colaboração e de proximidade entre as equipas, e que seja adequado e adaptado às necessidades de cada um, mas também às circunstâncias de trabalho actuais e futuras.»

O processo de transformação do Campus Nestlé também teve início antes da pandemia, tendo os vários períodos de confinamento sido aproveitados para acelerar a renovação do edifício-sede e espaços exteriores, «numa óptica da promoção de trabalho flexível e mais colaborativo, e em linha com a política de sustentabilidade da empresa. O objectivo foi criar um espaço centrado no colaborador, com um ambiente de trabalho acolhedor, seguro, colaborativo, atractivo e que promova a performance dos colaboradores», revelou Alexis Pinheiro, Workplace Solutions Manager da Nestlé Portugal, para quem «o local de trabalho não é apenas mais um “escritório”, mas sim uma extensão da nossa casa, mais um espaço que utilizamos no nosso dia-a-dia de acordo com as nossas necessidades ». Mais do que a transformação física, que criou um edifício “verde” e propicia formas de trabalhar mais ágeis, digitais, flexíveis e colaborativas, o projecto da Nestlé «assume uma forte dimensão cultural, assente nos valores e princípios da empresa, colocando o bem-estar e a realização pessoal e profissional dos seus colaboradores no centro desta mudança».

Na PHC Software, os novos escritórios são um projecto pensado no seguimento do crescimento da empresa, começa por assinalar o seu CEO, Ricardo Parreira. «A sede mundial, em Oeiras, demorou três anos a ser pensada, pois quisemos ser a referência para trabalhar em Portugal e na Europa, e, para isso, estudámos várias tendências mundiais, melhores práticas, estudos sobre produtividade e bem- -estar no trabalho, visitámos inclusive as melhores do mundo em Silicon Valley para perceber o que estava ao nosso alcance. Os melhores do mundo fazem e têm coisas incríveis, mas está totalmente ao nosso alcance, pelo que foi isso que fizemos na House of Digital Business.» Também na Unicre, a mudança começou a ser pensada no final de 2019, poucos meses antes de ser decretada a pandemia. «Antes disso, já tínhamos iniciado um processo de transformação do nosso modelo de trabalho, com a implementação de um projecto-piloto para a flexibilização do trabalho, nas áreas de Capital Humano e TI, que compreendia três modelos distintos – trabalho remoto, trabalho por objectivos e customização do trabalho –, o que nos permitiu passar a ter cerca de um terço da empresa em trabalho híbrido», conta o presidente da organização, João Baptista Leite. A empresa procurava um espaço que fosse ao encontro das necessidades dos seus colaboradores e parceiros. «Optámos por um novo espaço com um piso único, que permitisse proporcionar uma cultura de trabalho de partilha, de transparência e de envolvimento entre todos os nossos colaboradores.»

Na Jaba Recordati, a mudança de instalações estava igualmente prevista, já que os responsáveis da farmacêutica estavam a prepará-la desde 2019. «O escritório onde estávamos tinha já cerca de 15 anos, e era altura de procurar alternativas», contextualiza Ana Porfírio, directora de Recursos Humanos da farmacêutica, ainda que nunca imaginasse «que a mudança iria acontecer precisamente no primeiro lockdown».

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Março (nº.135)  da Human Resources, nas bancas.

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