Responsáveis financeiros portugueses e internacionais têm prioridades diferentes na transformação da função

A EY levou a cabo um inquérito junto de 1000 Chief Financial Officers (CFO) e executivos financeiros a nível mundial, incluindo mais de meia centena de CFO portugueses. Os resultados do EY Global DNA of the CFO Survey já são conhecidos.

Os líderes financeiros que impulsionam agendas inovadoras e ousadas na gestão estão melhor preparados para garantir o sucesso futuro das organizações. Apenas 14% dos líderes financeiros portugueses admite executar uma agenda de transformação inovadora ao longo dos próximos três anos e somente 4% inquiridos consideram que a sua performance actual é a melhor entre os seus pares.

«Os líderes financeiros que consideram agendas de transformação inovadoras garantem à sua organização maior probabilidade de gerar valor hoje e no futuro, em comparação com os que se revelam mais conservadores perante a mudança», afirma Luís Pedro Mendes, partner EY, Financial Accounting and Advisory Services.

«Em Portugal, os CFO acompanham a tendência internacional e cumprem os objectivos de curto prazo, interrompendo ou reduzindo o investimento em áreas prioritárias no futuro», realça, acrescentando que o estudo demonstra ainda que a importância que os líderes financeiros portugueses conferem aos investimentos em ESG é «largamente superior quando comparada com o cenário mundial», afirmando assim «uma prioridade portuguesa que influencia directamente a capacidade de atrair talento, a sustentabilidade dos negócios e o cumprimento das exigências dos consumidores e investidores».

Com a representação de 13 sectores da economia, o “EY Global DNA of the CFO Survey” aborda três domínios fundamentais no âmbito das funções dos líderes financeiros:

  • Criar valor a longo prazo e, ao mesmo tempo, enfrentar pressões para reduzir os investimentos prioritários;
  • Gerir o risco e produzir valor através de mudanças mais arrojadas e inovadoras;
  • Ser bem-sucedido como líder financeiro e conquistar objetivos de carreira

 

O equilíbrio das prioridades de investimento a curto e longo prazo

Os líderes financeiros enfrentam o difícil desafio de equilibrar o desempenho financeiro a curto prazo com a criação de valor a longo prazo. Mais de metade dos inquiridos (66%) afirma que está a cumprir os objectivos no presente, interrompendo ou reduzindo o investimento em áreas que são consideradas prioridades no futuro.

Os programas de talento e cultura organizacional (29%) e tecnologia e inovação digital (26%) são as áreas mais vulneráveis a estes cortes, consideram os administradores financeiros portugueses abrangidos no inquérito.

Em Portugal, os programas ESG são os menos susceptíveis de ser alvo de cortes ou pausas nas despesas a curto prazo (18%), manifestando os inquiridos a nível nacional alguma cautela dada a importância da sustentabilidade na geração de valor a longo prazo.

Este indicador contrasta com a perspectiva dos líderes financeiros a nível global em que, segundo os resultados estudo da EY, 37% dos CFO planeia reduzir ou suspender as despesas em ESG a curto prazo.

O inquérito salienta também que os administradores financeiros podem desempenhar um papel importante no equilíbrio entre as prioridades a curto e a longo prazo, fornecendo informações valiosas sobre o processo de tomada de decisões e a promoção de consensos entre toda a organização.

Questionados sobre “quais os atributos mais importantes que um CFO deve ter para influenciar de forma eficaz a tomada de decisões da equipa executiva?”, os CFO portugueses destacam a utilização de informações baseadas em dados para defender as decisões e a existência de relações de confiança com os membros do conselho de administração, investidores e executivos-chave.

Ainda segundo o “EY Portugal DNA of the CFO Survey”, as tensões e os desacordos podem comprometer este esforço colectivo, um sentimento partilhado por 48% dos líderes financeiros portugueses que admitem que «existem tensões e desacordos entre a equipa de liderança sobre a forma de equilibrar as prioridades a curto e a longo prazo».

O estudo sugere também que nem todos os líderes financeiros estão dispostos a exprimir sempre a sua opinião, registando que apenas 49% dos inquiridos se manifesta “sempre” quando tem uma opinião diferente da consensual, uma percentagem significativamente acima dos CFO internacionais (32%)

 

O equilíbrio entre o risco e a necessidade de inovação e transformação

Mais de metade dos líderes financeiros portugueses inquiridos (54%) defende que os comportamentos e mentalidades tradicionais estão a atrasar a modernização da função financeira.

O estudo sugere que os CFO portugueses procuram criar funções financeiras mais digitais orientadas para o crescimento sustentável e de longo prazo, priorizando a aposta no capital humano (49%), e a análise avançada de dados (40%), seguindo-se a transformação tecnológica, destacada por 37% dos líderes entrevistados.

O que contrasta com a perspectiva dos líderes financeiros a nível global que colocam a questão do capital humano no fim das suas prioridades para os próximos três anos como factor transformacional da função financeira, dando maior enfoque à sustentabilidade e optimização regulatória.

 

Equilibrio entre o novo papel do CFO e as competências financeiras tradicionais

O número de líderes financeiros portugueses que aspiram ao cargo de Chief Executive Officer (CEO) (27%) está próximo do número de líderes que vislumbram o cargo de CFO como o culminar da sua ambição de carreira (32%). De salientar ainda que 69% dos inquiridos em Portugal (84% a nível global) afirmaram que, embora a função de CFO seja extremamente exigente, nunca houve um contexto tão estimulante para a desempenhar.

A ambição de muitos CFO ao cargo de CEO exalta a necessidade de novos conjuntos de competências e capacidades de liderança e os inquiridos revelam consenso na certeza de que «a capacidade de reagir aos desafios impostos pela tecnologia ou por outros sectores» é a principal condição para uma ascensão na carreira.

As expectativas de evolução para os CFO portugueses incluem a expansão dos seus conhecimentos em novos domínios, com a grande maioria dos líderes financeiros inquiridos a reconhecerem a vontade das empresas em nomear CFO que manifestem capacidade estratégica (86%) e que tenham consolidado uma rede contactos e relações junto dos cargos de direcção das organizações (74%).

Os resultados globais do estudo demonstram a tendência de indicar líderes com pouca experiência financeira para os cargos de CFO (66%), um paradigma que não se revela tão predominante a nível nacional em que apenas 34% dos CFO portugueses inquiridos concordam com esta mudança em relação à percepção tradicional da função de CFO.

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