Rotatividade de docentes nas escolas públicas é superior a 20% (e isso tem relação directa com os alunos)

O estudo da NOVA SBE, que analisou os agrupamentos de escolas públicas em Portugal Continental, revela uma relação directa entre o nível de rotatividade dos seus docentes e a percentagem de alunos com apoio social escolar, as suas classificações em exames nacionais e o nível de educação dos pais.

 

No contexto actual de escassez de professores em Portugal, em que a estabilidade é um factor determinante na atracção de docentes para a carreira, é particularmente importante conhecer o grau de rotatividade dos actuais docentes em diferentes tipos de escolas. O grande objectivo no desenvolvimento do estudo Rotatividade dos Docentes nas Escolas Públicas Portuguesas foi contribuir para um conhecimento mais detalhado do tema e desta forma sustentar políticas públicas que conduzam a uma maior estabilidade dos docentes nas escolas.

Analisadas as rotatividade de docentes em todos os agrupamentos de escolas públicas em Portugal Continental entre os anos lectivos de 2008/09 e 2017/18, conclui-se que a média se situa entre 17% e 36%. Em 2017/18, em 90% dos agrupamentos a rotatividade atingiu níveis acima dos 20%, ou seja, em cada 5 docentes pelo menos 1 deles não estava no agrupamento no ano anterior.

A análise permitiu aferir uma relação entre a rotatividade e o aproveitamento dos alunos medido pelas notas nos exames nacionais (rotatividade mais elevada nos agrupamentos em que os alunos têm notas mais baixas nos exames nacionais de Português e Matemática com os agrupamentos com melhores notas a apresentar uma média de rotatividade cerca de 3 p.p. abaixo da rotatividade dos agrupamentos com piores resultados nos exames), o nível de educação dos pais (maior rotatividade nos agrupamentos onde as mães dos alunos têm um nível de educação mais baixo, existindo uma diferença de cerca de 5 p.p.) e nível de apoio social escolar (maior rotatividade nos agrupamentos escolares com maior percentagem de alunos que beneficiam de Apoio Social Escolar, apresentando também uma diferença de cerca de 5 p.p.).

Esta análise indica também que os docentes contratados são os que apresentam maiores mudanças entre agrupamentos e que a rotatividade é semelhante para os vários níveis de ensino.

Sobre os resultados alcançados, um dos autores do estudo, Luis Catela Nunes, Professor Catedrático da Nova SBE, refere que «tendo em conta os impactos negativos que uma maior rotatividade dos professores tem no desempenho dos alunos, os elevados níveis de rotatividade observados são preocupantes e sugerem a importância de alterar as actuais políticas de recrutamento por forma a aumentar a estabilidade do corpo docente nas escolas públicas portuguesas».

O estudo Rotatividade de Docentes nas Escolas Públicas Portuguesas foi realizado pelo Centro de Economia da Educação da Nova SBE por uma equipa de quatro investigadores da Nova SBE: Luís Catela Nunes, Ana Balcão Reis, Pedro Freitas e Diogo Conceição.

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