Sabe a diferença entre stress agudo e stress crónico? Um é temporário, outro pode levar ao burnout. Avalie (em dois minutos) se está nesse caminho

Uma ideia errada sobre burnout é que significa o mesmo que esgotamento, mas o conceito é diferente, explica Christina Maslach, investigadora e autora do livro “The Burnout Challenge: Managing People’s Relationships with Their Jobs”.

De acordo com a Harvard Business Review, são três as características de um burnout:

  • Uma sensação de exaustão, como se não houvesse energia para fazer um bom trabalho;
  • Atitudes negativas em relação aos nossos projectos, experienciando uma dissociação desses projectos e das pessoas, sejam colegas de trabalho, amigos ou família;
  • Uma sensação de ineficácia e de produtividade inferior ao habitual.

A experiência de qualquer uma destas dimensões serve como precursor para entrar em burnout, sem que seja preciso coexistirem as três. Contudo, o conceito é ainda mais complexo: para compreender realmente o que está a causar esta sensação, é preciso dissecar e identificar as suas fontes.

Em última análise, só há realmente uma coisa no trabalho (e na vida) que causa o esgotamento: uma quantidade avassaladora de stress crónico. Ao contrário do stress agudo, que é temporário e semelhante a um túnel pelo qual devemos navegar para alcançar a luz do outro lado, o stress crónico nunca termina. No trabalho, pode ocorrer através de um fluxo interminável de e-mails, conflitos contínuos com colegas de trabalho ou de uma imensidão de tarefas.

O stress crónico no trabalho provém geralmente de seis fontes primárias, de acordo com a pesquisa de Maslach:

Carga de trabalho

A forma como é sustentável a quantidade de trabalho, ou seja, quanto mais desiquilíbrio houver entre a carga de trabalho e a capacidade do colaborador, mais probabilidades existem de chegar ao burnout.

Valores

O que permite ligar o trabalho a um nível mais profundo. Quanto mais o trabalho se alinha com o que o trabalhador valoriza, mais significativo é para si, o que ajuda a evitar o burnout.

Recompensa

O nível de recompensa pelas tarefas realizadas, incluindo financeiras e sociais. Uma recompensa insuficiente pode fazer com que o colaborador se sinta ineficaz, uma das principais características do burnout.

Controlo

A autonomia que existe sobre quando, onde e como fazemos o nosso trabalho. Quanto menos controlo tivermos, maior é a probabilidade de chegar ao limite.

Justiça

A sensação de que existe um tratamento equitativo no trabalho em relação aos colegas é fundamental. A justiça é um ingrediente importante que promove o compromisso e mantém o cinismo à distância.

Comunidade

As relações profissionais contribuem para minimizar o burnout e impulsionar o sucesso. Quanto mais fracas forem as relações e quanto mais conflitos existirem, maior é a probabilidade de se chegar ao burnout.

Embora o esgotamento seja tradicionalmente definido como um fenómeno ocupacional, os factores de stress contínuos são relevantes para o nível total de stress crónico, sendo que quanto mais stress crónico um profissional enfrentar, independentemente da sua origem, mais se aproximará do burnout.

 

Um checkup de dois minutos de burnout

Como saber se está a caminho de um burnout? É possível acompanhar o seu estado através de uma actividade fácil e rápida. A verificação de dois minutos de burnout é uma avaliação simples destinada a dar-lhe um traçado rudimentar e subjectivo e, se for feita regularmente, uma linha de tendência, que permite saber como se está a sentir num determinado momento e se está a seguir na direcção certa.

Para fazer o checkup, escreva enquanto estiver sob stress, numa escala de 0 a 10 (0 sendo stress insignificante, 10 sendo stress extremo), e experimente cada um dos seis factores acima descritos. Por exemplo, se tiver dificuldade em relacionar-se com os colegas após um longo período de trabalho a partir de casa, poderá pontuar um 8. Inversamente, poderá classificar a carga de trabalho como 2, se tiver uma boa quantidade de trabalho, mas considerar o número de tarefas controlável.

A sua pontuação – a soma de todas as dimensões de 60 – mostrará o quão bem está a sair-se no momento. Embora o número total de pontos seja importante, o mais útil é a pontuação em cada uma das seis categorias.

Este nível de consciência pode ajudar a criar um plano mais direccionado para o futuro. Uma ideia é fazer uma lista de todas as actividades que o trabalho implica e, destas, escolher três que permitem uma maior contribuição para a equipa. Posteriormente, pode considerar reunir-se com o seu chefe ou equipa para esclarecer o que é verdadeiramente importante e ver se existe uma forma de delegar ou eliminar algumas das tarefas e, como resultado, reduzir o seu stress geral.

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