Sara Silva, L’Oréal: Compromisso com o bem-estar, e os colaboradores como influencers

Há quatro anos, vivia no mundo das marcas e no centro daquilo que é o negócio. A mudança para as Relações Humanas acontece no momento certo. Um momento em que todas as verdades e tabus, certezas e incertezas, foram postas em causa, e passei de “consumidora” de RH para “gestora” de RH, num contexto de transformação e adaptação permanente.

 

Por Sara Silva, directora de Relação Humanas da L’Oréal Portugal

 

Dos múltiplos temas que mais ocupam a agenda dos profissionais de Recursos Humanos e de toda uma sociedade em ebulição, o well-being passou dos planos teóricos – mas ambiciosos –, de apenas algumas empresas às agendas estratégicas e efectivas de generalidade do tecido empresarial. Assim o espero!

Um programa de bem-estar deverá ser flexível, ágil e relevante – que responda de forma rápida e eficiente à realidade da sociedade, do mercado e das expectativas dos colaboradores –, deverá ser compreensível por todos e inclusivo das múltiplas e diversas realidades que vivem nas nossas empresas. A verdade é que até nos esquecemos com alguma frequência de todos os benefícios que a nossa empresa tem para nos oferecer, daí a importância de comunicar, comunicar, comunicar. Um colaborador informado, consciente e integrado é o melhor embaixador que uma empresa pode ter. Por isso, ninguém melhor do que os colaboradores, que usufruem destes benefícios e planos de bem-estar, para serem os principais influencers e prescritores dentro da sua própria empresa. E têm sempre uma palavra a dizer.

O colaborador está no centro, é ouvido e considerado no desenho de soluções de bem-estar, e todos os níveis hierárquicos das organizações devem – e só podem – estar comprometidos. Soluções personalizadas de benefícios flexíveis que apostem em aspectos físicos, psicológicos, sociais e financeiros são cruciais para a diferenciação da proposta de valor que as empresas apresentam interna e externamente. E, aqui, a criatividade é infinita e a vontade de dar uma resposta às necessidades de cada pessoa é ainda maior! Desde clubes de corrida para colaboradores e família, até serviços de health coach colocados à sua disposição, passando por workshops para aumentar a literacia financeira, tudo faz parte de uma agenda que algumas empresas já proporcionaram.

Neste capítulo, também os escritórios físicos continuam a procurar oferecer uma elevada qualidade de vida no trabalho e a contribuir para uma realização que não pode apenas ser profissional, mas também tem de ser pessoal. Transformam-se espaços dedicados a mesas de trabalho ou salas tradicionais de reunião em ginásios, cabeleireiros ou salas de silêncio e concentração. Procura-se que a alimentação disponível seja saudável. Reforça-se o cuidado com a iluminação e recorre-se à biofilia. Também nos escritórios, a tecnologia ao serviço do bem-estar proporciona soluções digitais que permitem que o modelo híbrido de trabalho possa ser uma realidade.

Uma nota final e uma palavra de reconhecimento para a missão dos managers neste contexto. Para além do seu papel de colaboradores, são chamados, diariamente, a saber decifrar potenciais sinais de risco das suas equipas e a fazer o seu respectivo acompanhamento. Os managers são, muitas vezes, os promotores ou detratores de uma cultura de confiança e de Saúde que as organizações tanto ambicionam. O negócio mudou, e o seu papel enquanto líderes também. Nunca as competências humanas de liderança, para além das competências técnicas, foram tão valorizadas no momento de recrutamento ou promoção de um líder.

É o nosso papel, enquanto gestores de Relações Humanas, proporcionar-lhes formações e ferramentas que sejam facilitadoras das relações com as suas equipas e coloquem o bem-estar das pessoas como um foco essencial. É talvez o tema em todas as empresas se deveriam unir para, em conjunto, continuarmos a desenhar um futuro do trabalho promissor.

 

Este artigo foi publicado na edição de Maio (n.º 137) da Human Resources, nas bancas.

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