Saúde Mental: agora é mesmo a sério!
Por Ricardo Florêncio
Neste mesmo espaço, em Janeiro, escrevi um editorial que tinha como título “Não querem mesmo falar de saúde mental?”. Nele, alertava para o número crescente dos problemas do foro da saúde mental, derivados da situação em que vamos vivendo nos últimos tempos, mas cujos números estavam muitas vezes escondidos e até camuflados. Ora, passados cinco meses, a situação piorou e muito, e começa a ser notório. Muitas empresas vão dando conta do acelerar muito progressivo deste problema, com dados bastante preocupantes. Pois esta situação está a afectar principalmente os colaboradores mais necessários e essenciais nas organizações, e deve-se ao sistema de trabalho remoto em que todos nos vimos obrigados a trabalhar, o que tem levado as empresas a pressionar cada vez mais estes elementos fundamentais. Ou seja, na procura de manter os níveis de eficiência e produtividade necessários, as empresas focam-se cada vez mais nos colaboradores em quem mais confiança é depositada. E as discrepâncias estão à vista. Os que anteriormente mais trabalhavam, cada vez trabalham mais. Mas tudo tem um limite. E esse limite está prestes a ser ultrapassado, sendo que em muitas situações já o foi. E assim, e para além de todos os problemas que as empresas já enfrentam, têm agora mais este. O que fazer? Libertar, aligeirar a pressão sobre estes colaboradores? Claro que é necessário! Mas a que custo para as empresas, para a sua eficiência e produtividade? E se não aligeirarem, quais os custos e problemas que vão enfrentar, agora e no futuro? E as próprias pessoas, onde encaixam nesta equação? A manutenção da sua saúde deverá ser uma pedra basilar nos princípios e valores das empresas. Mas como encontrar este ponto de equilíbrio?
Editorial publicado na revista Human Resources nº 125, de Maio de 2021