Sente que a sua equipa não está feliz? Confira se não está a sabotar a felicidade das suas pessoas cometendo estes erros

Actualmente, os líderes estão sob enorme escrutínio, desde o desempenho das suas empresas até às próprias mensagens que passam. E embora muitos deles tenham boas intenções e façam o seu melhor para motivar, inspirar e criar condições para que as suas equipas sejam felizes, o oposto também se verifica. Como líder, pode tomar decisões que tenham consequências indesejadas e pode estar a sabotar a felicidade dos elementos da sua equipa no processo.

Ninguém é totalmente responsável pela felicidade de outrem e cada um deve assumir a responsabilidade pelo seu próprio bem-estar e pelas escolhas que faz. Porém, enquanto líder, é responsável por criar as condições para esse potencial de felicidade. Grandes líderes capacitam e constroem estruturas de equipa que nutrem o que há de melhor nas pessoas. A Fast Company partilha cinco dos maiores erros que os líderes cometem e as razões que os levam muitas vezes a sabotar a felicidade das suas equipas.

O impacto dos líderes na felicidade dos trabalhadores

De acordo com um inquérito global realizado pelo The Workforce Institute, 69% das pessoas afirmam que o seu gestor tem um impacto maior na sua saúde mental do que o seu médico ou terapeuta, e um impacto aproximadamente equivalente ao do seu parceiro.

Para os líderes, esta estatística pode ser um pouco assustadora, porque representa uma grande responsabilidade. No entanto, também é uma oportunidade de fazer a diferença na vida dos elementos da equipa.

Todos nós aprendemos através da observação, da escuta e da experiência, por isso não é de estranhar que os colaboradores coloquem um foco especial nos líderes, mesmo que estes não pretendam ter tanta influência. Todos observamos como eles respondem, prestamos atenção às escolhas que fazem, ouvimos as palavras que escolhem e tiramos conclusões de tudo isso.

Assim, é um passo inteligente os líderes estarem conscientes da sua influência, porque muitas vezes a intenção não se traduz em impacto. Um líder pode ter as melhores intenções, mas uma mensagem pode ser mal interpretada. Pode querer dar autonomia, mas as suas acções ser interpretadas como indiferença. Pode querer orientar ou capacitar, mas ser interpretado como um microgestor.

Eis como os líderes podem criar involuntariamente barreiras à satisfação das pessoas com quem trabalham .

1. Não são responsivos nem presentes

A felicidade está muitas vezes associada ao facto de as pessoas se sentirem ligadas e vistas. Uma pesquisa conduzida pela Oracle descobriu que uma das principais formas de os líderes construírem confiança e incentivar um bom desempenho é serem vistos e acessíveis. Os dados mostraram que o contacto e ligação com a liderança aumentava a confiança e resultados dos colaboradores.

Outro estudo revelou que, quando os líderes eram receptivos – dando feedback, fechando ciclos e respondendo às solicitações –, os trabalhadores dedicavam um esforço extra e tinham um melhor desempenho. Isso porque se sentiam seguros de que o líder estaria presente quando fosse necessário e sentiam que o líder confiava neles, os respeitava e os compreendia.

Os melhores gestores estão presentes, acessíveis e demonstram empatia. Percebem quando os elementos da equipa estão desanimados. Fazem perguntas, ouvem e prestam atenção quando elas respondem. Os líderes não têm de ser assistentes sociais, mas precisam de expressar compaixão e apoio e disponibilizar recursos através de programas organizacionais.

Os líderes também podem garantir consideração pelos demais com pequenas acções, mantendo uma comunicação regular e evitar pedidos fora do horário de trabalho.

2. Não enfatizam o propósito e a gratidão

Os líderes também podem influenciar a felicidade das pessoas, garantindo que têm um sentido de propósito. Conectar o trabalho da equipa ao panorama geral pode contribuir para o sentido de importância, satisfação e felicidade.

Às vezes, os gestores assumem que dizer uma vez a um colaborador que o seu trabalho tem um propósito é suficiente. Mas os grandes líderes reforçam repetidamente a importância do trabalho da sua equipa, o quanto apreciam os seus contributos e como o valor de cada colaborador é único.

Exprima gratidão e recorde frequentemente o quanto aprecia o que os colaboradores fazem pela equipa, pela organização e pelos clientes. Eles querem saber que o seu trabalho é importante, e os líderes podem comunicar isso dando feedback e confiando nas pessoas que cumprem os resultados.

3. Não desafiam

Às vezes, os líderes tentam proteger a equipa e não querem fazer exigências ou pedir demasiado – mas desafiar, esforçar-se e aprender são componentes essenciais da felicidade. Os colaboradores querem ter um bom desempenho e oportunidades de crescimento.

Grandes líderes empoderam os outros para experimentar coisas novas, identificar problemas e resolvê-los de maneiras inovadoras, e depois apoiá-los caso falhem. Também podem contribuir para as condições de felicidade, responsabilizando os colaboradores.

Os melhores gestores estabelecem expectativas claras de desempenho e depois colocam-se de lado para que os colaboradores possam alcançar resultados usando as suas capacidades e métodos. Os líderes são sábios em dar orientação, sem microgestão ou controlo, e o máximo de flexibilidade e autonomia possível. Quando os trabalhadores têm mais opções, tendem a esforçar-se mais e a ter um melhor desempenho porque se sentem credíveis.

4. Não priorizam a equipa

Os líderes podem criar limites à felicidade se apenas valorizarem as suas relações individuais com os membros da equipa e subestimarem as relações que os colegas têm entre si. Na realidade, ambos os relacionamentos são importantes e os colaboradores sentirão mais felicidade no trabalho se tiverem laços fortes com os colegas.

Os líderes podem querer minimizar as conversas informais nas reuniões, mas quando as pessoas se conhecem melhor, isso na verdade contribui para ligações que impulsionam um melhor follow-up e conclusão de tarefas. Além disso, quando as pessoas estão mais familiarizadas umas com as outras, tende a aumentar a aceitação entre os elementos da equipa. Os líderes podem dar aos colaboradores a oportunidade de se conhecerem, para se sentirem mais conectados e responsáveis pelo trabalho em equipa.

Além disso, podem promover a felicidade reforçando objectivos partilhados e trabalho com significado a alcançar em conjunto. Embora as actividades sociais sejam úteis, é ainda mais poderoso unir as pessoas em tarefas e problemas que podem resolver em equipa – conhecendo as competências, capacidades e contributos de cada um.

5. Não são transparentes

Os líderes também podem querer evitar causar stress às equipas, o que pode traduzir-se na falta de partilha de informação suficiente. Neurologicamente, as pessoas evitam a ambiguidade e a incerteza. Querem saber o que está por vir, para poderem responder com eficácia.

Os líderes podem ajudar sendo o mais transparente possível e partilhar o que sabem e o que ainda não sabem. Muitas vezes é impossível dar certezas, mas podem oferecer clareza sobre o que está em curso, que perguntas surgiram e como a empresa está a procurar responder a essas perguntas.

A liderança também promove a confiança quando partilha as suas próprias preocupações. Claro que devem equilibrar autenticidade com profissionalismo e não cair em demasiados detalhes, mas, no geral, ser mais verdadeiro é melhor para os relacionamentos e para a felicidade.

 

A felicidade dos líderes

Os líderes andam stressados e também merecem felicidade. Na verdade, no estudo do Workforce Institute, 35% relataram stress no trabalho e 42% admitiram que era devido ao stress que colocam sobre si mesmos.

Os líderes podem cair no erro de assumir responsabilidades a mais, tentando proteger as equipas. Mas quando os gestores se esforçam em demasia ou excedem os seus próprios limites, enviam uma mensagem de que os outros também deveriam fazer o mesmo. Os líderes devem priorizar a sua felicidade e gerir os seus limites entre vida profissional e pessoal, capacitando os outros a fazer o mesmo. Eles não são perfeitos, apenas precisam de demonstrar que se importam e que estão a fazer o melhor que podem.

Grandes líderes são autoconscientes. Reflectem sobre as suas acções e consideram o que podem estar a fazer – mesmo inconscientemente – para atrapalhar uma experiência de trabalho positiva. Esforçam-se ao máximo para criar resultados positivos e um ambiente de trabalho feliz.

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