Susana Silva, El Corte Inglés Portugal: Os ganhos (evidentes) da promoção da intergeracionalidade

Ao abraçarem a intergeracionalidade, as organizações estarão preparadas para enfrentarem os desafios e aproveitarem as oportunidades, num contexto demográfico em constante evolução.

 

Por Susana Silva, directora de Pessoas do El Corte Inglés Portugal

 

As organizações estão a ser confrontadas com mudanças profundas na gestão da força de trabalho. O aumento da longevidade, decorrente da diminuição da taxa de mortalidade e do aumento da esperança média de vida, potencia a que cada vez mais tenhamos três a quatro gerações a trabalharem juntas. Cabe a cada organização explorar e aproveitar ao máximo o potencial de uma força de trabalho diversificada em idade, contornar os desafios inerentes e extrair a riqueza que daqui advém.

Relatórios como o “Retaining Talent at All Ages”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), destacam os benefícios de uma força de trabalho multigeracional, entre os quais o aumento da produtividade, uma maior retenção de talento e uma significativa melhoria da estabilidade organizacional.

Para as organizações, existe agora o desafio de desenharem políticas de diversidade onde reconheçam e respeitem as diferenças, e que valorizem o que cada um pode aportar, pois estas diferenças potenciam a inovação, a resolução de problemas, a criatividade e o envolvimento de todos os colaboradores.

É verdade que existem muitos desafios, tais como alinhar e compreender as expectativas e ambições de cada geração, neste caso de cada pessoa (pois podem ser diferentes), o que obriga a uma grande criatividade nas políticas de benefícios internos, bem como no desenho dos planos de carreira (nada que os Recursos Humanos não sejam capazes de adaptar).

Mas os ganhos são muito maiores, pois a intergeracionalidade proporciona uma vasta diversidade de habilidades, conhecimentos e experiências. Cada geração traz formas de trabalho diferentes, assim como soluções inovadoras. Esta convivência permite uma partilha e uma transferência de conhecimento. Todos aportam, mas de forma diferente. Os mais experientes partilham cultura, valores, história da empresa, competências adquiridas, resiliência e maturidade na resolução de problemas. Enquanto as gerações mais jovens, como a geração Z e os millennials, trazem competências tecnológicas avançadas e uma perspectiva fresca para os negócios, bem como uma visão diferente do que deve ser considerado o trabalho (a famosa conciliação que as novas gerações trouxeram e impõem como necessária para o seu bem-estar).

Ao promover a intergeracionalidade, a organização demonstra um compromisso com a diversidade e inclusão. Isso influencia positivamente a imagem corporativa e a reputação da organização entre clientes, colaboradores e futuros potenciais colaboradores.

Estas práticas permitem atrair profissionais talentosos, de todas as idades, que se sentem valorizados e reconhecidos pelas suas contribuições.

Outro factor importante é que o equilíbrio entre equipas mistas e com visões diferentes têm maior probabilidade de fidelizar talentos, devido ao ambiente de aprendizagem constante e de troca de conhecimento.

Em resumo, a intergeracionalidade prepara melhor as organizações para enfrentarem os desafios e aproveitarem as oportunidades.

 

Este artigo foi publicado na edição de Março (nº. 159) da Human Resources.

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