Taxa de desemprego aumentou (e é a mais alta dos últimos dois anos), mas o emprego também cresceu. A explicação está no aumento da população activa

A Randstad publicou a sua análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) no primeiro trimestre de 2023. Os dados revelam um aumento do desemprego trimestral de 37.600 pessoas, com a taxa de desemprego a situar-se nos 7,2%. O aumento do desemprego de trimestre para trimestre faz com que esta seja a taxa mais elevada dos últimos dois anos.

 

Apesar deste aumento do desemprego, o aumento da população activa faz com que o emprego também registe um aumento de 21.800 profissionais, face ao trimestre anterior. Este crescimento trimestral lento do número de empregados em cerca de 0,4%, traduz-se numa desaceleração no mercado de trabalho português.

«Apesar de um ligeiro aumento no emprego, os últimos dados revelam um cenário desafiante do mercado de trabalho português. A taxa de desemprego aumentou tanto em termos trimestrais como homólogos em quase todas as regiões do país, com excepção da Região Autónoma da Madeira, com uma leve diminuição», revela Isabel Roseiro, directora de marketing da Randstad.

Os primeiros sinais de abrandamento, com aumentos cada vez menores do emprego surgiram em 2022. «No entanto, há ainda algumas variáveis com bom desempenho e, por exemplo, a população considerada desempregada de longa duração diminuiu em 5 100 pessoas e a taxa de desemprego dos mais jovens diminuiu ligeiramente face ao trimestre anterior», acrescenta.

Verifica-se, assim, um crescimento, não só trimestral, mas também interanual do emprego (+23 800 pessoas) e do desemprego (+71 900 pessoas) em simultâneo, explicado pelo aumento da população activa, em 95 700 pessoas face ao primeiro trimestre de 2022.

A análise revela que o aumento trimestral do emprego se registou no grupo dos assalariados (por conta de outrem) e é mencionado ainda que, neste grupo, o primeiro trimestre do ano tem sido caracterizado pela diminuição dos contratos com termo (-1,4%) e pelo aumento dos contratos sem termo (+0,3%).

No entanto, em termos homólogos, a situação é diferente, com um aumento registado nos contratos com termo (+7,2%). Ainda no primeiro trimestre do ano, a taxa de trabalho temporário situou-se nos 17,18%.

O ligeiro aumento do emprego no primeiro trimestre registou-se em todos os grupos etários, excepto a faixa dos 35 aos 44 anos. Em termos homólogos, apesar do aumento registado, verifica-se uma forte queda nesta faixa etária.

Face ao quarto trimestre de 2022, o emprego cresceu em todos os sectores, registando-se um maior crescimento no sector da agricultura com um aumento de 7,6% e as maiores quedas, subsectoriais, verificaram-se dentro do sector dos serviços. O emprego no sector industrial e na agricultura, em termos interanuais, cresceu 3,2% e 13,2%, respectivamente.

Em termos homólogos, o aumento trimestral do desemprego registou-se em todas as faixas etárias, sobretudo no grupo dos 45 aos 54 anos, onde se verificou um aumento de 10 600 pessoas desempregadas.

Segundo os dados do INE do primeiro trimestre de 2023, num total de 4.924 700 profissionais empregados em Portugal, só 19% indica ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa, ou seja, 937 000 pessoas, nas diferentes modalidades de teletrabalho. É na Área Metropolitana de Lisboa que se regista a maior percentagem de teletrabalho, em 30,1%.

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