Tem a certeza de que está a usar a tecnologia correctamente na procura de emprego? Segundo uma coach de carreira, os candidatos cometem um erro crítico (e partilha um guia)

As plataformas online de emprego oferecem um leque infinito de oportunidades para quem procura emprego, porém nem sempre são usadas correctamente. Sarah Doody, coach de carreira partilha com a CNBC Make It, um guia de quatro passos para ser o candidato ideal.

 

Não foi assim há tanto tempo que a procura de emprego seguia um processo-padrão: procurar vagas no jornal; imprimir o CV, carta de apresentação e portefólio; colocar tudo num envelope e enviar por correio.

Agora, as plataformas online de emprego abriram um leque infinito de oportunidades para explorar. A redes sociais profissionais tornaram-se fundamentais em alguns sectores e, mais recentemente, a inteligência artificial veio tornar a missão dos candidatos a emprego ainda mais complexa.

Sarah Doody, coach de carreira, explicou à CNBC Make It que a tecnologia actual levou os candidatos à procura de emprego a cometer um erro crítico.

«Na sua busca de emprego, muitos candidatos simplesmente acedem à Glassdoor, Even ou LinkedIn, clicam em ‘Candidatura simplificada’, fazem figas e esperam que dê certo», explica. «As pessoas não estão a fazer um bom trabalho a promover-se, isto é, dedicar tempo para adaptar ou personalizar o seu currículo, a carta de apresentação e a comunicação via e-mail para o emprego ao qual estão a candidatar-se.»

Para a especialista, a facilidade de se candidatar a empregos, hoje em dia, é uma faca de dois gumes: sim, permite que um profissional se candidate a vários cargos ao mesmo tempo, mas também significa que mais candidatos estão a fazer o mesmo, tornando mais difícil destacar-se.

Porém, quando usadas correctamente, tecnologias como o ChatGPT e LinkedIn podem ajudar um candidato a evitar esse erro, alerta Sarah Doody, e partilha um guia de quatro passos:

 

Aproveite o algoritmo do LinkedIn

Com mais de 900 milhões de membros em todo o mundo, é fácil um candidato perder-se no LinkedIn. Recursos como o LinkedIn Recruiter retiram certos perfis do “palheiro” e destacam-nos para os recrutadores.

De acordo com o LinkedIn, o Recruiter tem como objectivo ajudar os recrutadores a “priorizar candidatos com maior probabilidade de se envolverem com a organização”. Por outras palavras, pode melhorar substancialmente as hipóteses de um candidato se destacar.

Sarah Doody diz que existem certos comportamentos do LinkedIn que podem ajudar um candidato a entrar no Recruiter:

  • Siga a página do LinkedIn da empresa desejada;
  • Siga ou conecte-se com pessoas que trabalham na empresa desejada;
  • Use o botão “Tenho interesse”, localizado no separador “Sobre” da página da empresa no LinkedIn, pois permite manifestar interesse em trabalhar para essa empresa e entrar no radar de um recrutador mesmo antes de se inscrever. Lembre-se: o botão “Tenho interesse” dura apenas um ano, pelo que terá de sinalizá-lo novamente caso seja necessário.

 

Aumente o seu alcance

Adaptar um formulário de emprego a uma função específica começa mesmo antes de reunir os materiais necessários para a inscrição, salienta a coach. «Muitas pessoas em busca de emprego ficam assustadas com esse contacto súbito e frio.»

Por isso, aconselha: torne essa etapa mais “morna”, iniciando o contacto alguns meses antes de pretender candidatar-se a uma vaga. Depois de identificar uma empresa na qual está interessado, Sarah Doody sugere entrar em contacto com alguém que lá trabalha para saber mais sobre a organização, sem qualquer motivo oculto para conseguir um emprego.

Assim, quando surgir uma função adequada para si, já não será um estranho à empresa. E quando decidir candidatar-se ou exprimir interesse numa posição específica, o seu contacto não será «súbito e frio», porque pelo menos «é um nome ou rosto familiar».

Uma forma de dar o primeiro passo com um responsável de recrutamento é deixar um comentário atencioso numa das suas publicações no LinkedIn, aconselha. Mas acrescenta que comentários como “Bom artigo!” ou “Gostei da publicação!” não funcionam tão bem como contributos significativos que mostram que realmente leu os conteúdos. Também alerta contra comentários em excesso, que podem ser interpretados como «networking confrangedor».

 

Analise a descrição do cargo com o ChatGPT

Ainda que tenha alguns limites na sua utilidade, a coach de carreira diz que o ChatGPT pode ser uma ferramenta valiosa na procura de emprego, se aplicado correctamente.

E sugere usá-lo para identificar os temas comuns numa descrição de vaga, o que, em última análise, ajudá-lo-á a aprender a personalizar a sua candidatura para aquele cargo específico.

Para fazer isso, copie e cole a descrição da vaga no ChatGPT e acrescente um pedido eficaz e características sobre si, como cargo mais recente, anos de experiência e sector desejado. Segundo a profissional, um exemplo de uma boa sugestão é: “Leia esta descrição de emprego e sugira-me as cinco principais competências que devo destacar no meu currículo ou carta de apresentação”.

Se o ChatGPT fornecer uma resposta pouco útil, tente outro pedido mais específico para direccioná-lo à resposta que procura. «É preciso testar e experimentar», acrescenta Doody.

 

Personalize o seu currículo e carta de apresentação com base no resultado do ChatGPT

Depois de o ChatGPT indicar as prioridades centrais da descrição do cargo, é hora de as integrar no CV e carta de apresentação.

«Adaptar o currículo pode significar adicionar itens importantes que não tinha anteriormente», explica. Também pode significar remover alguns itens se não forem relevantes para as prioridades da descrição do cargo ou se “desviarem o foco” da sua candidatura, acrescenta.

Quando se trata da carta de apresentação, Sarah Doody afirma que a “mesma estratégia” se aplica, mas usando exemplos em vez de marcadores. Considere os temas principais da descrição da vaga e acrescente exemplos concretos nas funções desempenhadas que destaquem a sua compatibilidade com esses temas.

A coach de carreira considera a carta de apresentação “um aperitivo” para o currículo: «A estratégia é, ao destacar uma ou duas coisas do seu currículo ou portefólio, chamar a atenção do leitor e, se tudo correr bem, ele gastará mais de seis a oito segundos no seu CV.»

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