Teresa Abecasis: «Para organizações como a Galp, pensar o amanhã não chega»

«Para organizações como a Galp, com dimensão internacional e a actuar em mercados altamente competitivos e inovadores, pensar o amanhã não chega».

 

Por Teresa Abecasis, directora de Pessoas da Galp

 

«Que momento este para pensar mudança. Apenas três meses depois deste “novo normal” estamos todos mais digitais – não obstante já estivéssemos em plena era digital – e a atrair, reter, desenvolver, capacitar e transformar a população de um mundo VUCA rico em idiossincrasias.

Mas não nos deixemos enganar. Este contexto extremo só veio acentuar uma tendência desta última década que é uma evidência: a sociedade move-se a um ritmo vertiginoso com ciclos de mudança cada vez mais reduzidos. As transformações sucedem-se em todos os quadrantes, em grande parte resultantes da explosão da inovação de base tecnológica. As alterações de hábitos, comportamentos e tendências acontecem em modo fast forward, o presente e o futuro já vivem de braço dado.

Se esta realidade é válida para cada um de nós, enquanto indivíduos, ela ganha uma expressão ainda mais vincada no contexto empresarial. Sobretudo para grandes organizações como a Galp, com dimensão internacional e a actuar em mercados altamente competitivos, inovadores e repletos de desafios. Para operadores desta dimensão, pensar o amanhã não chega. O ver mais além no caso da Galp, pela sua natureza e pelo seu papel, chama-se transição energética.

Não é de estranhar, portanto, que, com a transformação a acontecer a alta velocidade, os perfis se alterem depressa e que as grandes empresas tenham dificuldade em acompanhar e em assegurar um movimento de reskills que permita, por um lado, ajustar as competências das suas equipas às novas exigências e, por outro, captar talento. Porque já não basta sermos grandes, temos de ser apaixonantes.

Estudos revelam que 2019 assistiu à maior escassez de talento qualificado da última década. É uma chamada de atenção para apostar em três prioridades que estão interligadas, e que passam por endereçar precisamente o tema da escassez de talento, o fenómeno da globalização do mercado e o elevar das competências de base da força de trabalho.

Devemos ser capazes de dar uma melhor resposta às necessidades e desejos de uma força de trabalho cada vez mais solicitada, integrando as suas preferências numa estratégia global de gestão de talento. Será cada vez mais natural que as empresas sejam globais na pesquisa do melhor talento e que as equipas colaborem à distância. Este será um enquadramento que irá gerar mais oportunidades para jovens talentos de qualidade, mas também mais concorrência entre empresas que competem globalmente pelo acesso aos melhores do mercado.

A maior mobilidade entre países, as soluções cada vez mais robustas para trabalho remoto, e mesmo as mudanças na forma de trabalhar (ainda se lembram da vida sem Zoom ou Teams?), está a impulsionar um mercado que trabalha em qualquer parte do globo e que tem uma nova lista de prioridades para se manter motivada e produtiva.

É um enorme desafio corresponder às expectativas destas novas estrelas que procuram, antes de mais, experiências enriquecedoras, flexibilidade e que não se identificam com o termo “posto de trabalho”.

Para organizações como a Galp, com dimensão internacional e a actuar em mercados altamente competitivos e inovadores, pensar o amanhã não chega.»

 

Este artigo faz parte do tema de capa da edição de Julho (nº 115) da Human Resources.

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