Uma fórmula de sucesso para o engagement dos colaboradores

Os programas de engagement que a Zurich Portugal tinha implementados eram maioritariamente a pensar nos espaços físicos da empresa. Tudo mudou com o teletrabalho. Os modelos foram adaptados e dessa adaptação surgiu o programa #BeConnected.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Com a declaração do Estado de Emergência, foram muitas as empresas que se viram na contingência de colocar os seus colaboradores, ou grande parte deles, em teletrabalho. Assim foi com a Zurich Portugal, que tem praticamente 100% dos seus 500 colaboradores a trabalhar a partir de casa, no Continente e nas ilhas.

«Todas as nossas equipas têm tido um desempenho exemplar neste momento de elevada exigência», afirma Nuno Oliveira, director de Recursos Humanos da seguradora. E esse facto tem sido reconhecido «diariamente, tanto pelos parceiros de negócio como pelos clientes. Todos nos felicitam pela nossa entrega e pela paixão acrescida com que estamos a lidar com este período tão atípico», congratula-se.

Ainda antes de a COVID-19 ser declarada pandemia pela Organização Mun- dial da Saúde (OMS), já a Zurich Portugal tinha parte das suas equipas a trabalhar a partir de casa. «Assim que as autoridades de saúde recomendaram que as pessoas e famílias ficassem em casa, demorámos dois a três dias a ter toda a equipa neste regime», revela Nuno Oliveira. «Apesar de o flexwork não ser uma novidade para a Zurich, foi a  primeira vez que o fizemos com a totalidade da equipa.» E não esconde que, perante a situação, foram alguns os desafios que se colocaram à empresa. «Tivemos alguns desafios tecnológicos próprios da circunstância de colocar 500 colaboradores a trabalhar a partir de casa em tempo recorde, mas que foram rapidamente ultrapassados e que não afectaram a continuidade da qualidade do serviço que prestamos.»

 

Programa #BeConnected
Numa situação de teletrabalho, uma dúvida que se pode instalar é perceber de que forma se consegue manter o foco no propósito da empresa. Ou será que esta é uma não questão, pois a responsabilidade que é passada ao colaborador em teletrabalho assegura a manutenção desse propósito? O director de Recursos Humanos da Zurich Portugal sublinha que, independentemente do local onde as pessoas estão a trabalhar, o propósito empresa é sempre o mesmo: proteger as pessoas, famílias, empresas e respectivos patrimónios. «Enquanto empresa de serviços financeiros, esta protecção está à distância de um telefonema, de um email ou através de outras plataformas tecnológicas que temos à disposição dos nossos colaboradores, parceiros de negócio e clientes. Não é pelo facto de o colaborador da Zurich estar a trabalhar a partir de casa que deixa de estar focado no nosso propósito.»

Não obstante, e promovendo desde sempre o engagement dos seus colaboradores, percebeu-se que era preciso inovar nas acções implementadas, pois «os programas de engagement que tínhamos implementados eram maioritariamente a pensar nos espaços físicos da empresa, onde, com fortes planos de comunicação interna, as acções aconteciam», constata Nuno Oliveira, revelando que num modelo de trabalho a partir de casa, foi preciso fazer adaptações. E dessa necessidade surgiu o programa #BeConnected.

Mais do que um conjunto estruturado de acções de Recursos Humanos, o #BeConnected está dependente de uma comunicação interna humana, emotiva e eficaz. Para Nuno Oliveira, esta é uma das fórmulas do sucesso do engagement.

«Nesta comunicação à distância, temos conseguido chegar de forma eficaz aos nossos colaboradores, o que se deve, em parte, à aposta tecnológica que temos vindo a fazer na comunicação interna», acredita. «O Workplace by Facebook, o nosso canal de comunicação digital interno mais estratégico, teve nestas últimas semanas um aumento exponencial de conteúdos e de interacções, com mais posts, comentários e likes vindos pró-activamente dos colaboradores.»

O projecto #BeConnected foi criado pelo departamento de Recursos Humanos em parceria com o departamento de Marketing e Comunicação da Zurich e tem o propósito de fomentar as relações pessoais e profissionais entre os colaboradores da empresa, «demonstrando que, mesmo a trabalhar remotamente a partir de casa, e com a família, mantemos as fortes ligações pessoais e profissionais que nos caracterizam», faz notar o responsável.

Este projecto apresenta três objectivos principais: reforçar a cultura organizacional da empresa, desenvolver as competências dos colaboradores e garantir e fomentar o equilíbrio emocional e a vida saudável neste período. «Embora o #BeConnected tenha sido lançado há pouco mais de duas semanas, já realizámos várias actividades», partilha Nuno Oliveira, pormenorizando que o programa arrancou com a acção “Be Connected: Conversas com CEO”, que, na sua primeira vaga, reuniu mais de 160 colaboradores, em 13 sessões dirigidas a distintos departamentos. «Nestas conversas, altamente intimistas e com mensagens de negócio adequadas a cada uma das audiências, estivemos, eu e o CEO da Zurich Portugal, António Bico, muito próximos dos colaboradores, ouvindo-os, esclarecendo as suas dúvidas e partilhando as medidas que vamos implementando para manter o elevado nível de qualidade prestado aos parceiros de negócio e clientes.»

Apesar de o plano anual de formação da empresa já contemplar um número significativo de horas em regime de e-learning, dado o actual contexto, a Zurich está a trabalhar num conjunto de outras acções específicas que serão lançadas em breve. «No âmbito do #BeConnected, estamos a realizar um conjunto de sessões para colaboradores que lideram equipas, denominadas “Be Connected – Love Your Team”, uma formação que tem como foco os desafios da gestão das equipas à distância.» Já decorreu um webinar de “Mindfulness” e outro de “Estratégias de automotivação em tempos de contingência”.

Sobre o feedback dos colaboradores, revela o director de Recursos Humanos da Zurich Portugal que tem sido muito positivo. «Sentimos isso nas conversas diárias que temos e através dos diversos tipos de feedback que vamos recebendo. Consideramos importante continuar a ver as caras e a ouvir as vozes uns dos outros, partilhando as nossas opiniões e experiências, mantendo a ligação neste período particularmente desafiante e novo para todos.»

 

Bem-estar dos colaboradores
No que diz respeito ao bem-estar dos colaboradores, Nuno Oliveira afirma que não há uma maior preocupação com esse tema, há sim uma perspectiva diferente. «O estado de emergência obrigou, de alguma forma, a que assim fosse. Tivemos todos de reagir rapidamente e criar as condições necessárias de protecção e bem-estar para que as nossas pessoas pudessem assegurar a mesma qualidade de serviço desde casa.»

Outras acções disponibilizadas pela Zurich passam pelas teleconsultas de medicina, pela entrega de medicamentos em casa dos colaboradores e o acesso a um conjunto de clínicas com o serviço de medicina dentária, «benefícios extensíveis ao agregado familiar dos nossos colaboradores».

Totalmente alinhado com tudo o que tem sido feito na Zurich ao nível das políticas de Recursos Humanos, o #BeConnected também contribui para a obtenção de resultados do negócio através das pessoas. «O sucesso da adaptação das nossas equipas ao contexto de pandemia que estamos a viver evidencia que temos as pessoas e equipas certas a implementar, liderar e gerir todos os processos de inovação e mudança que nos têm sido exigidos por nós, pelo mercado, pelos parceiros de negócio, pelos clientes e pelo País», assegura o responsável.

 

O pós-pandemia
Presente há mais de 100 anos em Portugal, onde tem 19 escritórios próprios e uma rede de mais de 2500 agentes de seguros que servem mais de 620 mil clientes, a Zurich Portugal, membro do Grupo Zurich, olha com alguma apreensão para o pós-pandemia COVID-19. Nuno Oliveira acredita que o sector e o mundo vão ser diferentes, «uma vez que estas situações extraordinárias trazem sempre mudanças a vários níveis e esta vai trazer, de certeza, uma evolução da era digital e dos formatos de trabalho».

Na opinião do director de Recursos Humanos, o sector vai ser ainda mais digital. «No caso da Zurich, em apenas dois ou três dias, adaptámo-nos às recomendações das autoridades da saúde, protegemos os nossos colaboradores nas suas casas e continuámos a responder aos parceiros de negócio e clientes com prontidão e máxima qualidade. Isto significa que a empresa possui as plataformas tecnológicas adequadas para continuar a garantir o trabalho, à distância, sem perturbações. E este é o grande salto evolutivo da era digital que vai continuar a marcar a disrupção no sector», defende.

Com o programa #BeConnected, a Zurich está a perceber ao detalhe como é que as suas pessoas se sentem nestas semanas de trabalho a partir de casa, sendo certo que «o flexwork e o worklife balance terão força capital nos benefícios para colaboradores que vierem a ser repensados e desenhados no futuro», conclui.

 

Este artigo foi publicado na edição de Maio (n.º 113) da Human Resources.

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