Todos “doutores” e “engenheiros”!
Por Ricardo Florêncio
Não é novo, muito se falou e debateu sobre o tema, mas continua a ser uma situação em aberto. Há um certo desalinhamento entre a oferta e a procura. Entre as competências, perfis e conhecimentos que as empresas procuram e o que é a oferta do mercado, proveniente das universidades, faculdades. E duas abordagens. Continua a haver uma grande oferta de cursos, cuja empregabilidade é muito baixa e, por outro lado, continua a haver poucas (face ao número que o mercado realmente necessita) ofertas de outros tipos de cursos em áreas que são uma necessidade agora, e no futuro.
Por outro lado, continuamos a não dar a importância que merecem os chamados cursos profissionais. E, muitos destes, têm uma empregabilidade de mais de 100%, pois a procura excede em muito a oferta. Então, qual a questão em relação a este tema? É porque estes cursos profissionais não dão “títulos”? É porque quem tira estes cursos não têm o título de “doutor” ou “engenheiro”? Será mesmo essa a questão? É, assim, um tema cultural? É essa a razão que leva a que muitos jovens se inscrevam em cursos de universidades, cujas saídas profissionais são, no mínimo, uma incerteza, em vez de optarem por estes outros tipos de cursos? É, que se for, chamem-se a todos “doutores” e “engenheiros” e resolve-se o problema. Pois não haja dúvida nenhuma de que necessitamos mesmo destes profissionais.
Editorial publicado na revista Human Resources nº 160, de Abril de 2024