Todos podemos ser Primavera

Por Diogo Alarcão, CEO da Mercer

Já cheira a Primavera… o sol voltou a aparecer, desta vez mais quente. A vontade de caminhar junto ao mar ou no campo cresce dentro de cada um de nós. Apesar dos confinamentos, os projetos para o Verão começam a ganhar forma e tudo isto é muito bom!

A Primavera trás também consigo o fim do primeiro trimestre. Já alguma vez tinha pensado nisso? Já alguma vez tinha associado esta estação do ano ao balanço trimestral da sua empresa? Confesso que nunca o tinha feito até ao momento em que esta pandemia me empurrou para dentro de casa há mais de um ano.

Não podemos ignorar as terríveis consequências da COVID 19. Em termos de sofrimento humano a morte de familiares e amigos, doentes conhecidos e desconhecidos hospitalizados e alguns com sequelas para o resto da vida, milhões de pessoas empurradas para o desemprego, lay-off e precarização das suas condições de trabalho. A nível económico, assistimos à destruição de valor em proporções inimagináveis há uns tempos atrás, setores completamente paralisados e com perspetivas ainda muito pouco animadoras, pressão sobre os serviços de saúde e sistemas de apoio social, alguma incerteza sobre a resiliência do setor financeiro, entre outras.

Todavia, neste “inverno prolongado” a que a COVID 19 submeteu o Mundo, temos que procurar sinais positivos. Temos que valorizar e partilhar o que a pandemia tem trazido de positivo. Nos últimos meses, são muitas as partilhas que tenho testemunhado sobre os efeitos positivos da COVID 19 na vida das pessoas e das organizações. Muitos de nós temos tido o privilégio de sentir que os laços familiares se reforçaram ou, pelo menos, demonstraram níveis de resiliência e disponibilidade que desconhecíamos. Os movimentos de solidariedade e apoio social que surgiram logo no início do primeiro confinamento em março de 2020 têm dado mostras de se manterem a níveis bastante elevados. Falo certamente dos apoios públicos, mas também do setor social. O papel silencioso das comunidades religiosas, IPSS, ONGs tem sido fundamental para manter a dignidade humana junto dos mais expostos e frágeis.

A nível das organizações são também muitas as consequências positivas desta pandemia. Conseguimos reorganizar formas de trabalhar, desde logo através do trabalho remoto e flexível, mas também na forma como estamos a comunicar. São múltiplos os exemplos de empresas que se tornaram mais próximas das suas pessoas e que desenharam estratégias de comunicação interna para manter níveis de compromisso elevados, mas também para detetar, o mais rapidamente possível, sinais de stress, burnout ou sobrecarga de trabalho. As chefias estão a ser chamadas a encontrar novas formas de “sentir” as suas equipas ainda que à distância. Criaram-se novas formas de trabalhar com clientes e fornecedores. E tudo isto, parece-me que melhorou a forma como gerimos o nosso tempo e o dos outros.

Acredito, sinceramente, que estamos a assistir a um processo de “humanização das organizações”. Sei que tudo o que refiro não é um fenómeno generalizado e que, infelizmente, haverá ainda muitas organizações que não perceberam que o caminho tem que ser por aqui. Estou também consciente que outras não terão condições para o fazer ou, pelo menos, para o fazer tão depressa.

É aqui que acredito que nos podemos inspirar na natureza ou, se quiserem, na Primavera. Todos os anos, ao Inverno segue-se um período de floração e crescimento. Também nós podemos e devemos continuadamente renascer, crescer, dar fruto, reproduzir. É este, independentemente da função que desempenhamos, o desafio que temos como profissionais. A seguir a este prolongado “inverno pandémico”, podemos ser a Primavera das nossas empresas, das nossas equipas, das nossas vidas. Aproveitemos o sol que nos aquece lá fora para repensarmos o que estamos a fazer e como estamos a fazer. Aproveitemos este final de trimestre para olhar para trás e ver o que crescemos ou, pelo menos, o que aprendemos para podermos voltar a crescer. Aproveitemos a força e energia da Primavera para sermos fruto e reproduzir o que fizemos de bom e positivo nestes primeiros três meses de 2021 e, desta forma, inspirar outros e reconfortar os que ainda estão a viver o “inverno”. Se o fizermos à nossa pequena escala, na nossa equipa e na nossa empresa, outros seguirão e sentir-se-ão inspirados pelos nossos exemplos

É importante saber e sentir que TODOS PODEMOS SER PRIMAVERA.

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