Treino samurai aplicado às organizações

Desde essa época,  na vivência samurai, encontramos várias códigos de conduta com visões aplicáveis ao ambiente organizacional.

Por Paulo Vieira de Castro, director do departamento de Bem-Estar nas Organizações do I-ACT – Institute of Applied Consciousness Technologies (EUA)

 

Ainda D. Afonso Henriques fazia por cá das suas e já os samurai eram a classe dominante do Japão. Isto, naturalmente, com altos e baixos para todos, até aos nossos dias. Apenas refiro o marco cronológico para que o leitor possa perceber o quanto as  nossas histórias são distintas em termos organizacionais.

Desde essa época,  na vivência samurai, encontramos várias códigos de conduta com visões aplicáveis ao ambiente organizacional. Bons exemplos disso são:  O Dushu no Jutsu: arte da liderança. O Heiho: arte da estratégia. O Ketsugo: a união com o todo.  Ainda, o Seishin no Jutsu: refinamento espiritual, a arte do espírito. O Mokuso no Jutsu: arte da concentração. Não admira que as regras samurai continuem a ter eco, nos nossos dias, junto da comunidade empresarial de todo o mundo, pois elas são intemporais.

 

O código Bushido
Este significa o caminho ético de guerreiro, ou o conjunto das regras que lhe permitem orientar-se na vida e na guerra. Por tal razão, nas organizações, será necessário que cada um de nós autorrealize aquilo que é essencial nas suas relações.  Sejam elas  profissionais ou privadas. O primeiro será a auto-observação, entendendo que não basta conhecer os valores da sua organização. Mais do que isso, é necessário partilhá-los, defendendo-os como se fossem os seus próprios valores. Eu costumo dizer, ainda que metaforicamente, estar disposto a morrer por eles.

Os  pilares do bushido são a sabedoria, a benevolência e a coragem.  A lógica que está por detrás de tudo isso é muito fácil de explicar se pensarmos que para o samurai vencer significa o triunfo sobre si mesmo. Este é, ainda nos nossos dias, o mais difícil dos desafios que se pode colocar a qualquer um de nós. Por que seria diferente no ambiente organizacional?


Motivação?
Para o samurai, o entendimento do conceito equipa será sempre compreendido do todo para a unidade, não necessitando de outra motivação que não seja a honra e o respeito pelos códigos e valores assumidos. A sua força está na inviolabilidade da dignidade interna relativamente a estes compromissos. Porém, convém salientar que estes abarcam, igualmente, a capacidade de decidir sem a menor hesitação. Para que isso seja possível, os valores centrais deverão estar perfeitamente enraizados na agenda do sistema de decisão de cada um dos membros da equipa. Por isso segue, também, a postura da razão, da generosidade, da gratidão, da cortesia, da verdade, etc. Onde encontramos nas nossas equipas, nas organizações, formação conducente e esta postura?

Saliento, ainda, o exemplo da vergonha e da honra, estes ainda muito presentes, por exemplo, na comunidade empresarial japonesa. Naquele país, os maus resultados de uma organização são a desonra de todos os seus funcionários, não exclusivamente de  quem os lidera. Aqui não posso deixar de salientar que o  Japão é o único país no mundo onde existe uma palavra que significa “morrer a trabalhar”: Karoshi. Talvez um sucedâneo moderno do Harakiri.

 

Servir
Finalmente, samurai significa servir. Acredito que a competência organizacional não depende de um conjunto de motivações exclusivamente materiais, existindo um grupo alargado de padrões não convencionais/ inconscientes que constantemente para isso contribuem. Só o estar incondicionalmente ao serviço de uma organização/ comunidade será razão suficiente para o bem-estar de todos. Isto, muito especialmente, quando pretendemos fundar-nos na dimensão mais profunda do que é ser humano, podendo, agora, afirmar pertencer a um todo.

Porém, pergunto: em que escolas de gestão organizacional se ensinam tais matérias? Pois…

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