Um agente espião candidatou-se a um emprego (para roubar cripto moedas)… mas foi apanhado. Saiba como

Em Outubro passado, a equipa de contratação da Kraken, correctora de cripto moedas sediada nos EUA, pressentiu que havia algo de errado com “Steven Smith”, um candidato a uma vaga de engenharia de software. E tinha razão, reporta a Fortune.

Foi quando compararam o e-mail de Smith com uma lista de pessoas suspeitas de fazerem parte de um grupo de hackers que as suas suspeitas se confirmaram: Smith era um agente norte-coreano.

A Kraken poderia ter simplesmente descartado o pedido. Em vez disso, o director de segurança, Nick Percoco, decidiu analisar Steven Smith mais de perto. Viu isto como uma oportunidade para aprender mais sobre as tácticas de infiltração da Coreia do Norte, que têm roubado milhares de milhões de empresas de cripto moedas, e como evitar que isso acontecesse futuramente na Kraken.

Percoco decidiu avançar no processo de contratação, fazendo com que Smith falasse com um recrutador e realizasse um teste técnico antes de marcar uma entrevista. «Dissemos que esta seria uma entrevista cultural para nos conhecermos melhor», contou Percoco à Fortune. «Foi aí que ele realmente falhou. Acho que não respondeu a nenhuma das perguntas que fizemos.»

Smith afirmava ter-se licenciado em Ciências Informáticas pela Universidade de Nova Iorque, de acordo com uma cópia do CV analisada pela Fortune. Afirmou ainda ter mais de 11 anos de experiência como engenheiro de software em empresas sediadas nos EUA, como a Cisco e a Kindly Human.

A entrevista estava marcada para o Halloween, um clássico feriado norte-americano — especialmente para os estudantes universitários de Nova Iorque — sobre o qual Smith parecia não saber nada. «Cuidado porque algumas pessoas podem tocar à campainha esta noite, crianças com moto-serras», disse Percoco, referindo-se à tradição de pedir doces. «O que faz quando essas pessoas aparecem?” Smith encolheu os ombros e abanou a cabeça. «Nada de especial», disse.

Também não conseguiu responder a perguntas simples sobre Houston, a cidade onde supostamente vivia há dois anos. Apesar de ter listado “comida” como um interesse no seu currículo, não conseguiu dar uma resposta directa quando questionado sobre o seu restaurante favorito na área de Houston. Olhou em redor por alguns segundos antes de murmurar: «Nada de especial aqui.»

Quando lhe foi pedido para apresentar um documento de identidade físico, Smith disse que não tinha acesso a um no momento, mas passados ​​alguns minutos partilhou uma fotografia de uma carta de condução com o seu nome e fotografia. A morada listada no documento ficava a mais de 480 quilómetros de Houston.

A candidatura de Smith faz parte de uma ameaça crescente enfrentada pelas empresas, uma vez que milhares de alegados trabalhadores de TI com ligações à Coreia do Norte tentam ser contratados para trabalho remoto em países estrangeiros. A rede de agentes faz parte de um esforço para financiar o programa de armas de destruição maciça do país, trabalhando em vários empregos ao mesmo tempo e obtendo acesso a empresas para roubar dinheiro.

Embora Percoco não saiba exactamente quais eram as intenções de Smith, presume que o agente pretendia roubar fundos em algum momento.