Uma verdadeira revolução de competências

No Grupo Cegos, a nível internacional, e na Cegoc Portugal em particular, o foco não está tanto na formação propriamente dita, mas na transformação que esta pode, e deve, proporcionar, preparando profissionais e empresas para um mercado perante uma verdadeira revolução de competências.

 

Por Margarida Lopes | FOTOS Cristina Carvalho

 

O Grupo Cegos, do qual faz parte a portuguesa Cegoc, tem passado por diversas transformações ao longo dos anos, tendo neste momento a ambição de formar as pessoas para que estas mudem efectivamente a forma como trabalham. Tendo o foco da sua actividade na prestação de serviços nas áreas de Formação, Consultoria e Recrutamento e Selecção, está presente em mais de 60 países.

O líder do Grupo a nível internacional, José Montes, esteve em Portugal e, numa entrevista exclusiva à Human Resources, falou do momento de transformação que o sector vive. Presente na conversa esteve também Ricardo Martins, director-geral da Cegoc, destacando os principais desafios que as empresas enfrentam no actual contexto e como a Cegoc as ajuda a dar-lhes resposta.

 

Assumiu a presidência do Grupo Cegos em 2014. Qual o balanço que faz do trabalho desenvolvido e também do percurso do grupo nestes seis anos?
José Montes (JM): Um balanço positivo. Nestes seis anos, a Cegos tem crescido muito, sobretudo em termos de inovação, e o perfil do grupo tem mudado, tornando-se mais internacional, inovador e eficaz.

Sendo um grupo com praticamente um século de existência, e num sector volátil como aquele em que actuamos, penso que a sua grande força tem sido ser capaz de se adaptar e de ser consistente do ponto de vista financeiro. A Cegos sempre foi rentável e isso é uma garantia de prosperidade e da permanência no mercado.

 

Nesse período, que mudanças fundamentais consegue identificar no mercado?
JM: O sector da Formação caracteriza-se por ter sobretudo empresas pequenas e nacionais. Nos últimos anos, tem havido uma tendência de consolidação. Acredito que vão existir sempre empresas pequenas, mas actualmente está a haver uma consolidação maior de grandes grupos internacionais. E, não só por causa do seu tamanho, mas sobretudo pela sua capacidade, o Grupo Cegos consegue ser pró-activo. Tem-se afirmado na indústria, abriu escritórios na Ásia, na América Latina e fez uma aquisição importante no Brasil. Tem consolidado o mercado pouco a pouco, e tem novas ferramentas de formação, mais digitais e menos tradicionais.

 

Mas e no mercado em si, que necessidades se têm destacado?
JM: A revolução digital em curso está a ter repercussões no mercado de trabalho. Há profissões que vão inevitavelmente desaparecer e outras que se vão transformar, e isso pressupõe um esforço de formação das pessoas, de upskilling, reskilling, porque as competências já não são as mesmas. O mercado de trabalho é, neste momento, um mercado de revolução de competências.

 

Quais considera serem os principais desafios das empresas, a nível global?
JM: Além da revolução de competências, é necessário distinguir dois tipos de necessidades de formação. Uma é a necessidade de formação de competências das pessoas, ou seja, competências pessoais, transversais. E outra é permitir que os profissionais sejam capazes de acompanhar as transformações do próprio negócio e, nesse sentido, a formação não é mais do que um meio para ajudar a que essas transformações dos modelos de negócio sejam reais, e que as pessoas sejam capazes de implementá-las.

 

De que forma a Cegos se propõe a ajudar as empresas a transformar os departamentos de Recursos Humanos?
JM: A Cegos quer passar de um grupo que “se limitava” a formar pessoas para uma proposta de valor que consiste em fazer com que as pessoas melhorem efectivamente a sua performance, a sua maneira de trabalhar.

Antigamente, os profissionais participavam duas ou três vezes por ano num evento formativo e isso supostamente incrementava melhorias no trabalho. Este processo era relativamente eficaz, mas pouco eficiente. Hoje, a tecnologia permite-nos assegurar que as modificações reais nas práticas profissionais funcionam e trazem resultados.

Partimos de quatro convicções de como será a formação no futuro. A primeira é que, para mudar a maneira de trabalhar, a formação tem de se estender durante um certo período de tempo. Por exemplo, podemos aprender algo em cinco minutos, ou num dia de formação, mas é difícil que a partir desses cinco minutos ou desse dia, se mude a forma de trabalhar radicalmente. Depois dessa formação, voltamos a trabalhar condicionados pelos nossos hábitos, e é difícil mudar. Defendemos que, para gerar efectiva mudança, é preciso um período de tempo de quatro a oito semanas. E com as ferramentas digitais podemos preparar um percurso de várias semanas, com actividades, que ajudam as pessoas a adoptar novos hábitos.

Leia a entrevista na íntegra, na edição de Março da Human Resources, nas bancas.

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