União Europeia quer aproveitar as mudanças de Silicon Valley para atrair talento tecnológico dos Estados Unidos

A União Europeia (UE) pretende aproveitar o clima de incerteza após a falência do Silicon Valley Bank para atrair empresas tecnológicas dos Estados Unidos para o território europeu, referiu a comissária europeia para a Inovação.

 

Mariya Gabriel, que está na Califórnia para liderar os primeiros European Innovation Days em Silicon Valley, destacou à agência Efe que a UE precisa de «sinergias e cooperação» para enfrentar «desafios comuns» em questões tecnológicas.

Por isso, a comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude referiu-se aos Estados Unidos como «um dos principais e mais fortes parceiros» com que os 27 Estados-membros têm no domínio da inovação.

«Vamos competir complementando-nos, aprendendo e inspirando-nos. […] Acreditamos que é a melhor forma de os nossos jovens continuarem a criar novas empresas e isso melhora a nossa economia», destacou, durante uma entrevista telefónica, antes do evento europeu em Silicon Valley.

Questionada sobre se a UE também está a ponderar este tipo de iniciativas para atrair talento da China, Mariya Gabriel aludiu ao programa Horizonte Europa, o documento que define a política de inovação e investigação da UE de 2021 a 2027 e que tem um orçamento de mais de 95.000 milhões de euros.

«Não podemos ser ingénuos e temos de estar atentos à realidade. Não falo apenas da China. […] Conforme afirmado no Horizonte Europa, iremos associar-nos àqueles países com os quais partilhamos valores, princípios e têm níveis de desenvolvimento tecnológico semelhantes», explicou Gabriel.

Por outro lado, a comissária europeia garantiu que a UE «está a acompanhar» a reacção das autoridades norte-americanas após o colapso do Silicon Valley Bank há quase duas semanas, mas não temeu as consequências para as startups europeias porque «as suas relações com aquele banco eram limitadas».

O que mais parece preocupar a UE é a onda de demissões aplicada por grandes empresas de tecnologia dos EUA, como a Amazon, Alphabet ou Meta, que reduziram a sua força de trabalho em milhares de trabalhadores nos últimos meses.

Mariya Gabriel revelou que, na terça-feira, realizou uma reunião de alto nível para discutir esse assunto, que, segundo a responsável europeia, não terá grande impacto nos 27 Estados-membros porque as suas empresas estão mais voltadas para «automação, construção ou manufactura».

«Não se prevêem despedimentos nestes sectores. Pelo contrário, com a Nova Agenda Europeia de Inovação, vamos dotá-los de mais tecnologia para enfrentarem os seus desafios e serem mais competitivos», concluiu.

Liderados por Mariya Gabriel, os First European Innovation Days em Silicon Valley reúnem uma delegação de 40 representantes dos meios político, universitário e empresarial para apresentar a Nova Agenda Europeia da Inovação e partilhar oportunidades no sector tecnológico.

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