Vá de Férias sem (pré)ocupações

Aproxima-se a tão esperada silly season e a promessa envergonhada de que desta vez é que conseguiremos “desligar”. Promessa feita a nós próprios, à família e aos que acompanham o tão aguardado descanso do guerreiro.

 

Por Joana Russinho, People Enthusiastic, head of Human Resources e autora de Eu e os Meus

 

Primeira reflexão: será mesmo possível desligar por completo? Há profissões que não o permitem, por isso mais vale aceitar a realidade ser sincero consigo próprio e com os outros. Estará contactável porque a sua função assim o obriga – assumi-lo serenamente evitará conflitos e não alimentará expectativas para alem do que é real.

Se o caso for diferente e tiver a possibilidade de realmente deixar o trabalho fora de radar, experimente as seguintes sugestões:

 

1) Uma semana antes comece a fazer a lista de tudo o que está em curso e sob sua responsabilidade. O planeamento é essencial quando queremos largar o campo das intenções e efectivar decisões.

 

2) Garanta que o que está apenas consigo é tratado antes, ou adiado com acordo das partes envolvidas. Não quer andar preocupado, com o sono beliscado, com pendentes por falta de organização.

 

3) Analise quem pode envolver nas atividades que estavam, até então, apenas consigo. O trabalho colaborativo é isto mesmo: ter uma equipa e pares que o apoiam, os quais também suportará quando chegar a altura de eles descansarem.

 

4) Converse com a sua equipa/ colegas que estarão a trabalhar na altura da sua ausência, e defina compromissos. Lembre-se que não estará a delegar responsabilidade, essas serão sempre sua e indelegáveis. É, portanto, crucial estabelecer limites de actuação.

 

5) Defina com a equipa/ colegas como quer (caso queira) ser posto a par do desenvolvimento do(s) trabalho(s): Vai ver e-mails? Com que periodicidade? Não vai ver emails e prefere telefonemas? A que dia e hora? Um SMS será aceitável? Uma pessoa de contacto, várias…ou nenhuma? Decida e informe.

 

6) Avise clientes, parceiros, colegas com quem interage no momento, e/ou outros, de que irá estar de férias, de como distribuiu o trabalho em curso, e que regras definiu. A comunicação é essencial para que não haja mal-entendidos e interrupções desnecessárias.

 

7) Assuma com o out-of-office a verdade. “Vou estar fora até 15 de Agosto com acesso limitado ao email….”, não revela disponibilidade parcial como julga. Quem o ler vai interpretar a informação de “acesso limitado” da forma como melhor lhe convir. O ponto é, quer comunicar que está ausente em férias, ou quer comunicar que está ausente em férias mas que pode ser “abordado”?. A escolha é sua, mas lembre-se que a mensagem será interpretada pelo receptor, de acordo com o seu interesse próprio

 

8) Reflicta se o computador deve, ou não, ir no porta bagagens. Não vale a pena sofrer porque por um motivo inesperado precisa de um acesso urgente, mas se o levar consigo, esconda-o para não o ver diariamente. É mais uma medida preventiva do que outra coisa.

 

9) Já não respiramos sem telemóveis, mas a verdade é que no meio de uma leitura às noticias do dia, automaticamente o nosso dedo vai para o email, ou abre uma mensagem de um número desconhecido que acaba por ser quem não queriamos que fosse. Das duas uma, ou acciona a opção de push-up para só ver emails se assim o decidir, ou experimente voltar a ler um jornal fisico, um livro, ouvir a música ambiente ao invés da playlist criada anteriormente no telemóvel. Não o leve para a praia nem para almoços e jantares em família. Seja radical, pela sua saúde.

 

10) Assuma que está de férias. Se a sua carreira correr melhor por não as gozar, ou por se disponibilizar para estar “on” 365 dias por ano, algo está errado. Provavelmente só virá a perceber mais tarde. Para isso nada como ouvir o nosso circulo mais fechado, são eles que nos vão puxando para a realidade quando deixamos de analisar com clareza os nossos limites.

 

11) Faça por descansar e ser feliz. Esvaziar a cabeça é possível, se tomar como medidas algumas das sugestões acima referidas e outras de que se lembre. Dê-se ao luxo de ter tempo para si e para os seus.

Dizemos tantas vezes que daríamos a vida pelos nossos. E será que estamos a viver por eles também?

 

Boas Férias!

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