Vodafone: Envolver os colaboradores em tempos de mudança
A Comunicação Interna tem um papel crucial na construção de uma cultura organizacional forte e conectada, especialmente em tempos de mudança.
A evolução da Comunicação Interna na era digital é um desafio constante, mas é também uma oportunidade para fortalecer laços entre colaboradores. Na Vodafone Portugal, essa missão é encarada com criatividade e inovação, reflectindo a cultura da empresa. Susana Ferreira, manager de Comunicação Interna, destaca como a empresa tem utilizado ferramentas digitais e iniciativas inclusivas para criar um ambiente de trabalho colaborativo e acolhedor, mesmo à distância.
De que forma a Comunicação Interna da Vodafone Portugal está a evoluir para apoiar um ambiente de trabalho cada vez mais flexível e digital?
A Comunicação Interna da Vodafone Portugal sempre teve uma forte componente digital, alinhada com a cultura da empresa, que se foca em conectar pessoas e tecnologias. Sendo a Vodafone uma operadora de telecomunicações com uma área de tecnologia muito significativa, a nossa comunicação interna reflecte naturalmente esse know-how. Muito antes da pandemia, já adoptávamos o digital de forma informal. Por exemplo, em 2017 realizámos um evento digital com recurso a sistemas de videoconferência. No ano seguinte, em 2018, evoluímos ainda mais com um formato que envolvia o nosso serviço de televisão, criando o canal interno 485, inspirado na cor Pantone do logótipo da Vodafone. Os colaboradores puderam assistir ao evento tanto nos escritórios como através de dispositivos móveis — smartwatches, smartphones, tablets — e até na televisão em casa.
Hoje, contamos com diversas ferramentas digitais — plataformas na cloud, redes sociais internas, e outros sistemas — que são essenciais para manter a flexibilidade no ambiente de trabalho. Estas ferramentas não só facilitam o trabalho colaborativo, como também ajudam a estabelecer novas relações sociais no contexto laboral. Além disso, têm sido fundamentais para a formação contínua dos colaboradores, não apenas em termos técnicos, mas também em competências transversais que são vitais para esta nova era digital.
Que papel desempenham as novas tecnologias, como inteligência artificial e automação, na modernização das práticas de Comunicação Interna?
Actualmente, estamos a definir a estratégia para incorporar estas tecnologias, sempre de forma alinhada com as directrizes globais da Vodafone e em colaboração com as várias áreas da empresa. A adopção de tecnologias de inteligência artificial é quase inevitável, mas deve ser feita de forma responsável e integrada numa estratégia global.
Antes de aplicarmos inteligência artificial, devemos assegurar que estamos a utilizar a nossa própria inteligência humana. Além disso, é crucial que a criatividade humana, que tem sido um motor de evolução, não seja ofuscada pelas máquinas. A IA pode, sem dúvida, ser uma excelente aliada, por exemplo, na integração de plataformas, na parte colaborativa das videochamadas, ou até ao gerar ideias iniciais que possam depois ser desenvolvidas. Funciona como um ponto de partida útil, complementando o trabalho humano.
Quais são as principais iniciativas de Comunicação Interna que a Vodafone Portugal tem vindo a promover?
Uma das iniciativas mais importantes da nossa Comunicação Interna é o evento anual, que funciona como um ponto de encontro essencial para os colaboradores. Apesar de ser uma reunião de trabalho, é visto como um evento, devido à forte componente de convívio que proporciona. Ao longo dos anos, este evento tem passado por vários formatos e adaptações. A mais recente, no pós-pandemia, capitalizou aquilo que já existia, reforçando ainda mais o aspecto social e de convívio. No entanto, o seu principal objectivo mantém-se: alinhar toda a organização. É um momento para reflectirmos sobre o último ano, revermos a estratégia e os projectos-chave, enquanto promovemos a união de toda a equipa num único espaço.
Outro destaque são os nossos videocasts, que já estão na terceira edição. Estes videocasts, disponíveis em vídeo e áudio, têm como principais objectivos promover o sentimento de pertença e reforçar a cultura corporativa e os valores da empresa. Visam contribuir para um maior conhecimento da organização, despertando curiosidade e o desejo de conhecer melhor os colegas, além de fomentar a colaboração entre diferentes áreas, especialmente no contexto do modelo de trabalho actual. Seleccionamos perfis diversos para assegurar a representatividade de todos, para que todos os colaboradores se possam, de alguma forma, rever e relacionar. Embora algumas áreas sejam naturalmente mais atractivas, com histórias mais dinâmicas, é igualmente importante dar visibilidade a todas as histórias e perfis. Esses videocasts, intitulados “Lado V” (de Vodafone), têm temporadas de seis episódios, onde cada um apresenta um colaborador da Vodafone. O objectivo é que todos possam conhecer melhor os colegas — não se trata apenas de criar conteúdo apelativo, mas de garantir que faz sentido e tem impacto real.
Lançámos também a iniciativa “Saber Comunicar”, que consiste em pequenos vídeos com curiosidades sobre a língua portuguesa. Este projecto tem gerado muitas reacções positivas entre os colaboradores, promovendo a interacção, o interesse pela nossa língua, apresentando, ainda, dicas para ajudar na comunicação e na colaboração.
Outra iniciativa que foi relançada é o “Café com Ideias”, um pequeno-almoço trimestral onde dez colaboradores têm a oportunidade de se inscrever para partilhar um momento com a equipa de Comunicação Interna. Este evento cria um espaço informal para receber feedback directo sobre as iniciativas em curso, permitindo-nos ajustar e melhorar as nossas práticas com base nas sugestões dos próprios colaboradores.
Como é que a Vodafone integra temas como diversidade e inclusão nas suas estratégias de Comunicação Interna?
Na Vodafone, a diversidade e inclusão são temas abordados de forma transversal em toda a empresa. As iniciativas da Comunicação Interna acabam por reflectir uma cultura que já faz parte do nosso ADN e, por isso, a diversidade e inclusão estão sempre presentes. O nosso foco é garantir que, em todas as nossas iniciativas, existe representatividade. Revemos também, organicamente, o tom e a forma como comunicamos para os tornar mais simples, diretos e acessíveis. É essencial que as mensagens que transmitimos sejam compreendidas por todos.
Que desafios específicos a Comunicação Interna enfrenta num contexto de trabalho híbrido e como estão a ser superados?
No contexto de trabalho híbrido, um dos maiores desafios é manter os colaboradores envolvidos e com um forte sentimento de pertença à marca. Embora a Vodafone seja uma empresa naturalmente apelativa pela sua oferta, cultura, comunicação e impacto na sociedade, pode ser desafiante sustentar essa intensidade de envolvimento quando os colaboradores trabalham à distância.
Outro desafio está relacionado com a gestão da quantidade de comunicação que enviamos. É fundamental respeitar os momentos e o contexto dos colaboradores, que podem estar mais ou menos receptivos a receber grandes volumes de informação, tanto no escritório como em casa. Nem sempre uma maior quantidade de informação se traduz numa comunicação mais eficaz. É importante equilibrar a mensagem para garantir que a informação chega de forma clara e envolvente, sem sobrecarregar.
Do ponto de vista operacional, a criatividade é um desafio crucial. Temos um modelo de trabalho híbrido e flexível, que pressupõe, em média, um mínimo de oito a dez dias de trabalho presencial por mês, e isso exige que as iniciativas de comunicação abranjam tanto os colaboradores que estão no escritório quanto aqueles que trabalham remotamente. Para isso, temos de explorar formatos criativos e diversificados, como imagens, vídeos, videocasts, webinars, entre outros, para manter a eficácia e o alcance da comunicação.
Quais são as tendências emergentes que a Vodafone Portugal está a considerar para o futuro da Comunicação Interna?
Trabalhando num Grupo internacional, temos a vantagem de beber do conhecimento e da experiência dos outros mercados, partilhando entre todos as melhores práticas. Parece-nos inevitável integrar a Inteligência Artificial nas nossas práticas e, como referi, estamos neste momento a definir essa estratégia.
Além disso, o uso crescente de conteúdos multimédia, como vídeos e fotografias, será essencial para captar a atenção e promover o envolvimento dos colaboradores. A experiência do cliente interno, ou seja, a forma como os colaboradores interagem com a comunicação e as ferramentas da empresa, está a tornar-se cada vez mais relevante.
Outra tendência é a utilização cada vez mais estratégica dos dados. A medição de impacto e resultados já é uma prática fundamental em áreas como o marketing e a gestão, e a Comunicação Interna não é excepção. Estamos a trabalhar para automatizar cada vez mais este processo de medição e a explorar como é que as novas tecnologias podem ajudar nesta tarefa, tornando a análise de dados mais rápida e eficaz.
Como é que os colaboradores da Vodafone levam a Comunicação Interna para as suas vidas?
Além de garantir que os colaboradores estão alinhados com a estratégia e motivados por trabalhar na Vodafone, o nosso objectivo é trazer a Vodafone para o coração de cada pessoa, criando também iniciativas que façam com que os colaboradores se sintam “conectados”, com ligação à empresa, mesmo à distância.
Queremos acreditar que, em determinadas alturas, suportamos ou criamos mesmo iniciativas que oferecem dias ou experiências diferentes. Penso que isso seja uma missão bonita.
» Susana Ferreira, manager de Comunicação Interna da Vodafone
Este artigo foi publicado na edição de Outubro (n.º 166) da Human Resources.
Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.