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É preciso mudar o paradigma da “guerra” pelo talento
Se os líderes empresariais mudarem a sua abordagem no que respeita à forma de encarar o talento – “cultivando-os” em vez de os “roubar” – a Adecco prevê o desenvolvimento de um ciclo virtuoso, em que os “doadores de talentos” de hoje vão tornar-se nos beneficiários do amanhã.
De acordo com a Adecco, «à medida que cresce a procura de novas formas de conhecimento e emergentes, incluindo design UX, cibersegurança e data science, os colaboradores de todo o jundo – e mercados de trabalho – estão a lutar para se manterem na corrida».
Por outro lado, um estudo elaborado no World Economic Forum, tevela que praticamente oito em cada 10 CEOs mundiais afirmam estar preocupados com a disponibilidade de colaboradores com os conhecimentos certos.
A empresa de Recursos Humanos faz notar que, até agora, as empresas reagiram entrando numa guerra por talentos, ou seja, comprando ou “roubando-os”, em vez de cultivá-los. Muitos líderes estão dispostos a gastar milhões em recrutamento, embora estejam relutantes em investir na formação dos seus actuais colaboradores ou daqueles que não estão qualificados, talvez por receio de que a sua concorrência contrate posteriormente esses mesmos colaboradores.
Os gastos de formação por colaborador (cerca de 1000 euros/ano em média) são apenas uma parte do custo da contratação (que a maioria das estimativas calcula à volta dos 4000 euros).
No entanto, enquanto os gastos gerais em formação com colaboradores aumentaram nos últimos cinco anos, as grandes empresas gastaram menos em formação por colaborador em 2018, em comparação com o ano anterior.
E, segundo outro estudo recente, 70% dos empregadores despediram colaboradores devido à implementação de novas tecnologias, ou preveem fazê-lo.
No entanto, se cada vez mais líderes empresariais mudarem a sua abordagem, a Adecco prevê o desenvolvimento de um ciclo virtuoso, em que os “doadores de talentos” de hoje vão tornar-se nos beneficiários do amanhã. Os estudos mostram que os próprios colaboradores estão dispostos e são capazes de aprender (e permanecer) onde estão.
Em Singapura, já está a acontecer essa mudança. O governo oferece subsídios que cobrem alguns dos custos da formação em empresas qualificadas. Como resultado dessa iniciativa, iniciada em 2015, as empresas começaram a pensar de forma diferente.
Nos Estados Unidos, onde a economia está a aproximar-se do pleno emprego, as empresas também estão a adoptar essa forma de pensar. O Liberty Mutual está agora a formar novamente os operadores de mainframe para se tornarem programadores de JavaScript. A Adobe está a adoptar uma abordagem de “construção” versus “compra”, contratando talentos de comunidades negligenciadas para funções de desenvolvimento e de design web, providenciando formação para prepará-los para cargos em full time.
Vários estudos sugerem que a formação está entre os benefícios mais valiosos para os colaboradores modernos. E, embora seja verdade que a lealdade corporativa é sempre baixa e as taxas de mobilidade são sempre grandes, os dados sugerem que os programas de desenvolvimento aumentam a retenção.
Mais importante ainda, o investir em formação oferece uma oportunidade para mitigar as diferenças históricas a nível de equidade. As empresas que procuram trabalhadores altamente qualificados podem desempenhar um papel poderoso na diversificação da força de trabalho.
À medida que o mercado de trabalho evolui, as expectativas dos empregadores também devem evoluir. Os investimentos em talento que transcendam os interesses individuais dos empregadores podem ajudar a construir um ecossistema económico muito mais sustentável e frutífero.