A maioria dos portugueses preferia não estar em teletrabalho

A maioria dos portugueses (65%) preferiam não estar em teletrabalho e, destes, 79% identifica o ganho de tempo como a principal vantagem deste regime. Esta é uma das conclusões do estudo “Desafios da Gestão de Pessoas em Trabalho Remoto” da Universidade Europeia. 

 

De acordo com os resultados do estudo, do total de 539 respostas avaliadas, a maioria dos portugueses inquiridos trabalha em regime de full-time (96%), estando também a maior parte em situação de isolamento social (84%). Já 90% dos inquiridos encontra-se em regime de teletrabalho, sendo que a maioria (65%) preferia não estar, no entanto apenas uma reduzida percentagem de participantes se encontra “nada satisfeito” (3%) ou “pouco satisfeito” (9%) com a situação.

No que se refere às percepções individuais sobre a experiência de teletrabalho, a maior parte dos participantes sente que trabalha mais (49%) ou que trabalha o mesmo (35%). De igual forma, a maior parte dos participantes sente que é mais produtivo (37%) ou que mantém o nível de produtividade (37%).

O estudo mostra ainda que, aproximadamente, metade dos inquiridos (49%) sente-se mais afastado da empresa e (46%) sente que não há alterações.

Independentemente da dimensão da empresa, a maioria dos participantes (68%) refere não existir um mecanismo de controlo do tempo de teletrabalho por parte da chefia. No entanto, quando existe algum mecanismo, esse parece ser mais frequente em empresas de média dimensão, ou seja, em empresas com 50 a 249 colaboradores (28%) e empresas com 250 a 500 colaboradores (27%).

Relativamente às principais vantagens sentidas pela população em regime de teletrabalho, a maioria identificou o ganho de tempo (79%), a gestão de horários (57%) e uma maior flexibilidade (44%).

Quanto às desvantagens do teletrabalho, o estudo destaca a sensação de afastamento dos colegas (76%), “mistura” entre a vida profissional e familiar (64%), bem como o sentimento de não ter apoio quando é necessário (39%).

No que toca às principais dificuldades sentidas pelos participantes no estudo da Universidade Europeia, salienta-se a “mistura” entre a vida profissional e familiar (56%), a existência de um espaço físico apropriado para o trabalho (49%), bem como a dificuldade de acessos a tecnologia (35%).

O estudo constata ainda que as mulheres, comparativamente com os homens, reportaram um nível de stress (média = 3,10 e 2,90, respectivamente) e cansaço mais elevados (média = 3,17 e 2,83, respectivamente).

Comparativamente com as pessoas solteiras e sem filhos, as pessoas casadas e com filhos avaliaram de forma diferente a experiência de teletrabalho. Mais precisamente, os participantes com filhos, comparativamente com aqueles que não têm filhos, reportaram níveis mais elevados de conflito trabalho-família (Média = 2,97 e 2,70, respetivamente), stress (Média = 3,20 e 2,87, respetivamente) e cansaço (Média = 3,18 e 2,92, respetivamente). Os indivíduos solteiros foram os que reportaram sentir-se mais isolados em relação aos outros (Média = 3,8).

No âmbito da análise do nível de satisfação geral com a situação de teletrabalho, verificou-se que os participantes sem filhos estavam significativamente mais satisfeitos (média =3,71), com a situação de teletrabalho, comparativamente com os participantes que têm filhos (média = 3,45).

O estudo tem como o objectivo caracterizar quais os principais desafios que se colocam às empresas, à gestão de pessoas e às próprias pessoas, que na presente conjuntura de combate à propagação de COVID-19 estão a trabalhar remotamente.

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