
A maioria das empresas portuguesas não entra em bolsa porque não quer partilhar controlo
Cerca de 70% das empresas portuguesas que responderam a um inquérito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) elencaram a partilha de controlo accionista como razão para não entrar em bolsa, segundo um relatório hoje divulgado.
«De longe, a razão mais importante mencionada é ‘os nossos acionistas não querem partilhar o controlo com outros’ (manter o controlo)», pode ler-se no no relatório da OCDE intitulado «Mobilizar o mercado de capitais português para o investimento e o crescimento», apresentado hoje.
Segundo o documento, das 165 empresas que responderam ao inquérito indicando que não estão a planear entrar em bolsa nos próximos três anos nem recolheram qualquer informação sobre o tema, cerca de 70% indicaram que querem «manter o controlo».
«Os custos relacionados com a entrada em bolsa, baixos níveis de liquidez e a complexidade da regulação também foram mencionados por mais de metade das empresas», pode ler-se no documento da organização liderada por Ángel Gurría.
A OCDE denota ainda que «metade das empresas mencionou que a razão por detrás da sua decisão de permanecer fora da bolsa está relacionada com o facto de haver falta de um ambiente bolsista favorável em Portugal».
«Enquanto 38% das empresas mencionaram falta de experiência no financiamento em mercados de capitais, apenas 22% mencionaram requisitos de transparência e divulgação», salienta a organização internacional.
Já quanto às empresas que não estão a planear emitir títulos de dívida no mercado nos próximos três anos, a razão mais apontada para não o fazerem, 68% apontaram o financiamento bancário como preferencial.
«Isto é seguido por baixa liquidez no mercado local, ausência de necessidade de financiamento externo e falta de um ambiente favorável», segundo o documento, que volta a destacar que «requisitos de divulgação e transparência, bem como estarem expostos ao escrutínio público, não aparecem como fatores importantes».