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Trabalho: uma transformação duradoura apoiada no digital. Conheça as grandes tendências que se perspectivam
O Grupo Ageas Portugal e a Eurogroup Consulting Portugal apresentaram ontem à tarde os resultados do Observatório de Tendências Emergentes, decorrentes do actual contexto pandémico.
Por Sandra M. Pinto
Assegurado pelo Grupo Ageas Portugal e a Eurogroup Consulting Portugal, o estudo identifica no actual contexto de pandemia COVID-19, as tendências emergentes, com ênfase nas transformações positivas que podem ocorrer na sociedade. Tendo como ponto de partida a resposta à pergunta “Como é que a crise sanitária e económica que enfrentamos influenciará o consumo, hábitos de vida e de trabalho de cada um de nós?”, o Observatório de Tendências Emergentes auscultou as mudanças nos valores, comportamentos e consciência social e ambiental da sociedade e em cada indivíduo. Na apresentação participaram Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal, Laetitia Arrighi de Casanova, Partner e responsável de Business Strategy da Eurogroup Consulting Portugal, e como convidados especiais Rita Rodrigues, Head of Public Affairs & Media Relations, Deco Proteste e Hélder Figueiredo, director de Recursos Humanos Grupo Trivalor SGPS, SA.
Na visão dos colaboradores, os resultados do Observatório de Tendências Emergentes referem à partida duas grandes tendências:
- perceber as transformações que estão a acontecer;
- ser cada vez mais positivo e construtivo relativamente à situação que hoje o mundo vive.
São oito as grandes tendências globais, entre elas surge o Trabalho: uma transformação duradoura apoiada no digital.
Da realidade actual que hoje vivemos devido à pandemia causada pela Covi-19 surgiram inúmeras aspirações ao nível da tecnologia e da transformação. De entre elas, sobressaem um maior desenvolvimento tecnológico do país, a tecnologia como ferramenta de trabalho segura, célere e rastreável, e os novos modelos de gestão e de oferta de serviços, assim como as novas profissões.
Relativamente às preocupações, logo atrás da saúde (32%), surge o receio de redução do rendimento, com 21% dos inquiridos a referir esta como uma das suas maiores preocupações e incertezas.
Homefication é a nova grande tendência
Devido à pandemia causada pela Covid-19, muitas empresas viram-se obrigadas num curto espaço de tempo a colocar os colaboradores em teletrabalho. Assim, hoje esta é a modalidade de trabalho preferida, com 62% dos inquiridos a referir que no futuro gostariam de continuar a trabalhar a partir de casa. Isto revela que a percepção sobre o teletrabalho foi boa, o que leva a este desejo por parte dos colaboradores, os quais tiveram facilidade na criação de um novo escritório em casa.
O Observatório de Tendências Emergentes refere que, como prioridade menor, os inquiridos revelaram o ir ao escritório e ver os colegas, poucos sentiram essa falta (6%). O trabalho é neste momento a quarta prioridade globalmente, mas a segunda prioridade para as mulheres.
No que diz respeito à boa adaptação das empresas, 90% dos inquiridos considera que as empresas deram uma resposta positiva. Assim, os gestores foram bem avaliados pelas equipas, excepto pelos mais novos.
Analisando as diferenças geracionais nas dificuldades, o estudo refere que a ausência de contacto físico foi a principal dificuldade dos colaboradores mais seniores, enquanto que os mais novos apontam para o work life (un)balance e a queda de produtividade.
Analisando os resultados quando à aquisição de competências, os inquiridos revelaram que iniciar uma formação foi a maior decisão de aceleração que consideraram fazer .
Curiosamente, com o teletrabalho 10% dos inquiridos referiu que tiveram de cumprir mais horas de trabalho, mas que simultaneamente, sentiram uma maior serenidade.
Analisando os resultados, para Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal, a grande mudança hoje é o facto de todos estarmos a falar diariamente para um ecrã, «algo que, curiosamente, não foi referido por nenhum dos inquiridos». Na visão deste responsável, os antigos hábitos de trabalho não vão voltar. «Mas, perante esta nova realidade é preciso encontrar o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar, esta deve ser uma importante preocupação dos lideres». Ao mesmo tempo, a nova realidade de ter os colaboradores em casa a trabalhar, deve levar a que «os lideres olhem com atenção para esse facto, através, por exemplo, de benefícios que revelem uma maior atenção para com as suas necessidades actuais».
Na sua intervenção, Steven Braekeveldt chamou ainda a atenção para o imobiliário e o impacto da pandemia. «Também nesta área as mudanças vão acontecer e vão ser muitas, basta perceber que, com os colaboradores em casa e a irem menos vezes ao escritório, as empresas não vão precisar de tanto espaço». Por fim, o CEO do Grupo Ageas Portugal, referiu como uma grande tendência a democratização digital, «bastante acentuada pela pandemia», e como um dos maiores problemas para o futuro do trabalho, o burnout dos colaboradores, «este pode vir a atingir cada vez mais pessoas, pelo que os gestores de Recursos Humanos e os lideres devem estar bastante atentos, especialmente agora com a chegada em pleno do Inverno e de uma segunda vaga da pandemia, mais grave do que a primeira».
Na opinião de Hélder Figueiredo, director de Recursos Humanos Grupo Trivalor SGPS, SA, estamos perante uma altura em que não se podem perder as vantagens que surgiram no mercado de trabalho. «Um dos aspectos que mais evoluiu foi a rapidez com que agora se tomam decisões», refere, «e isso não se pode perder, estejamos ou não no escritório». Ao nível do teletrabalho, para Hélder Figueiredo o maior desafio assenta numa única palavra: confiança. «Os lideres e os gestores têm de, uma vez por todas, perceber que têm de confiar nas suas pessoas e dar valor aos resultados que estas apresentam, independentemente de estarem, ou não, no escritório». Na visão deste responsável, «é um engano pensar que controlamos as pessoas só por estas estarem à nossa frente». Mas este, diz Hélder Figueiredo , é um desafio que está «dentro das cabeças das pessoas e que elas próprias vão ter de ultrapassar».
Analisando a realidade actual, o director de Recursos Humanos Grupo Trivalor SGPS, SA refere que os colaboradores mais séniores têm uma maior facilidade em se comprometerem com a entrega de resultados. «Esta é uma evidência já constatada, pois rapidamente se percebeu que a entrega de resultados à empresa é uma das maiores preocupações dos destes colaboradores». Mas, para que o teletrabalho resulte e funcione de uma forma efectiva, é necessário que o gestor que o líder confie nos seus colaboradores. «Se o líder confiar nas suas pessoas, o teletrabalho resulta; se não confiar não vai de todo funcionar», alerta.
No que diz respeito à aceleração da formação e da aquisição de competências, Hélder Figueiredo refere que estamos numa fase de aprendizagem rápida. «As empresas souberam adaptar-se a esta nova realidade, com os respectivas áreas a divulgarem mais rapidamente o conteúdo junto dos colaboradores», sublinha, mas chama a atenção para o facto de «não poder existir cansaço digital por parte dos colaboradores que têm de estar sempre online seja em conferências, webinars ou formações». Na opinião deste responsável «importa agora cada vez mais gerir e encontrar um equilíbrio para que as pessoas não fiquem demasiado cansadas do digital».