Actividade turística em Portugal pode cair até 63% em 2020

A actividade turística em Portugal este ano poderá registar uma queda homóloga de até 63% devido ao impacto da COVID-19, estima a Comissão Europeia, avançando que até Setembro as dormidas turísticas baixaram 56% face a 2019.

 

Em causa estão as previsões económicas de outono da Comissão Europeia, que dedicam um capítulo ao sector do turismo, um dos mais «importantes para a economia europeia», mas também dos mais afectados pelo surto do novo coronavírus devido às medidas restritivas adoptadas.

Fazendo uma estimativa relativamente à actividade turística este ano, que tem por base dados sobre noites passadas nos alojamentos turísticos (nomeadamente Airbnb) da União Europeia (UE) e informação estatística relativa ao ano anterior, o executivo comunitário aponta quedas de entre 63% e 52% para a actividade turística portuguesa em 2020 em comparação com 2019.

Tais projecções têm, desde logo, em conta o facto de as dormidas em Portugal terem caído 56% entre Janeiro e final de Setembro passado para um total de 27 milhões de noites passadas no país, segundo referido no documento.

Só o verão (o terceiro trimestre de 2020) foi responsável por 16 milhões de dormidas em Portugal, uma queda de 47% face ao período homólogo de 2019.

Nestes dados de Bruxelas, Portugal é o nono país da União Europeia com maior quebra na actividade turística devido à COVID-19, a seguir à Grécia, Malta, Eslovénia, Irlanda, Chipre, Espanha, Croácia e Luxemburgo.

Atrás de Portugal ficam Estados-membros como Itália, onde o turismo doméstico evitou perdas maiores.

Numa entrevista concedida à agência Lusa e a mais dois meios de comunicação social europeus em Bruxelas, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, apontou que «o turismo é importante para muitos países europeus».

«Mas a importância não é a mesma para Portugal e França ou para a Croácia e Itália, [já que] há alguns Estados-membros nos quais o papel do turismo e do turismo interno, ligado a voos internacionais, é mais importante e Portugal é um deles, seguramente», acrescentou o responsável nesta entrevista, dada após apresentar as previsões económicas de outono da Comissão Europeia.

Assim, «em algumas áreas de Itália ou de França, o impacto foi menos acentuado do que em países onde o papel do turismo internacional é dominante», por ter sido compensado por turismo interno, comparou Paolo Gentiloni.

Portugal é, então, um dos países europeus mais dependentes do sector do turismo, que tem vindo a pesar cada vez mais na economia nacional, representando quase 15% do PIB e 9% do emprego.

Nas previsões económicas, Bruxelas contextualiza que, «apesar do regresso à normalidade durante o verão, quando as restrições aos setores de maior contacto como serviços de viagens e postos fronteiriços foram aliviadas, os dados disponíveis sugerem que o setor do turismo registou apenas uma recuperação limitada», tendência europeia registada em Portugal.

«Com o ressurgimento das infecções da COVID-19 nas últimas semanas, novas restrições à vida quotidiana estão a ser adoptadas em vários países, o que mais uma vez irá dificultar fortemente as actividades relacionadas com o turismo», projecta o executivo comunitário.

Acresce que «algumas das medidas de contenção do vírus serão necessárias ao longo do horizonte previsto», isto é, até 2022, sendo para a Comissão Europeia «provável que os danos para a indústria do turismo se prolonguem».

Nas previsões, a Comissão Europeia reviu em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da COVID-19, estimando agora que só recupere 4,2% após uma contração de 7,8% este ano.

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