2021: O ano de consolidação das transformações aceleradas pela pandemia

No pós-pandemia, será preciso que as organizações dêem seguimento às necessidades enfatizadas nos últimos meses, de agilidade, inovação e colaboração organizacionais, bem como ao desenvolvimento, capacitação e envolvimento/satisfação das suas pessoas.

 

Por Gonçalo Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting – Head of Consulting

 

Chegados a 2021 com a situação pandémica ainda por controlar, apesar dos avanços da ciência e do processo de vacinação em massa, importa reflectir nas tendências que o contexto pandémico acelerou, mas cujo nível de aplicação tem sido distinto entre países e empresas, demonstrando a sua relevância e criticidade para fazer face também aos desafios específicos da pandemia.

Assim, as novas formas de organização e utilização do trabalho, bem como o desenvolvimento de uma maior agilidade e capacidade de adaptação das organizações, alavancada nas novas tecnologias, maior colaboração, diversidade de perfis e de competências técnicas e comportamentais adequadas, serão o foco das agendas dos líderes. Da mesma forma, a melhoria da experiência de colaborador em ambiente misto, virtual e presencial, deverá ser central para garantir a retenção, envolvimento e performance das equipas e, consequentemente, do negócio num ambiente tão instável e incerto.

Os impactos da pandemia reforçaram a necessidade de repensar os modelos de negócio e operativo para fazer face às novas exigências e condicionantes, mas também às ausências provocadas por baixa e/ou layoff. Neste sentido, o redesenho organizacional e o chamado reskilling torna-se ainda mais premente face aos desafios actuais, preparando as organizações para outras situações futuras. Tendo como certo que a velocidade das mudanças é cada vez maior, torna-se imperativo criar-se uma maior agilidade na adaptação e uma mais efectiva e eficaz gestão da mudança.

A criatividade e a inovação continuam a ser apostas cruciais, tanto nos modelos e nos processos de negócio, como nas formas e métodos de trabalho, visando esta agilidade interna e colaboração plena para fazer face às exigências e constantes mutações do ambiente e do mercado. Realça-se aqui o papel essencial das lideranças, como drivers de todo este processo de transformação e adaptação que, inevitavelmente, requer uma melhor capacitação das mesmas em competências técnicas e comportamentais específicas.

Paralelamente, deverá ser dada ainda mais atenção ao activo mais valioso que as empresas possuem, as suas pessoas, até porque a própria relação entre a organização e o colaborador tem vindo a assumir abrangências mais alargadas – por exemplo ao nível do bem-estar, da segurança, da motivação e do envolvimento, através de abordagens mais segmentadas e customizadas, focadas no indivíduo e nas suas necessidades –, em detrimento das mais generalistas (one size does not fit all).

Neste processo, é essencial que se considerem soluções cada vez mais mistas, entre virtual e presencial, alavancando os benefícios destes dois ambientes e assegurando uma experiência consistente para o colaborador, independentemente do ambiente utilizado, que se releve diferenciadora em todas as etapas do ciclo de vida das organizações, desde a atracção, selecção, recrutamento e onboarding, às formas de trabalho flexíveis e colaborativas, desenvolvimento contínuo e à oferta de oportunidades/ desafios de carreira.

Acredito que as organizações dêem seguimento às tendências mencionadas, tanto no âmbito da agilidade, inovação e colaboração organizacionais, como no desenvolvimento, capacitação e envolvimento/satisfação das pessoas. Temas como a reengenharia e a digitalização de processos, modelos de negócio e novas formas de trabalhar, formação e desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais, ou ajustes aos mecanismos de Gestão de Pessoas (por exemplo, no desempenho, na retenção, no desenvolvimento de carreiras, na comunicação e na proximidade/ colaboração) já são foco da atenção das lideranças, sendo solicitado suporte para a sua revisão e implementação.

É neste contexto que a 6.ª edição do Índice da Excelência será lançada já no segundo trimestre deste ano, consolidando o seu propósito de ferramenta de gestão consistente e acessível a qualquer organização, independentemente da sua dimensão ou sector, permitindo uma auscultação aos colaboradores, assim como uma comparação com o mercado nas suas várias dimensões de análise. Esta nova edição contemplará ajustes exigíveis face às mutações contextuais e de mercado, assim como aos novos desafios e preocupações. Em breve, será anunciado o lançamento desta nova edição, que perdurará até ao final do mês de Novembro de 2021, sendo acessível via endereço www.indicedaexcelencia.com.

 

Este artigo foi publicado na edição de Março (nº.123) da Human Resources, nas bancas.

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